quarta-feira, 8 de agosto de 2012

HAGIOGRAFIAS

Leia o texto da Professora Doutora Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva, extraído do site
http://www.ifcs.ufrj.br/~frazao/hagiografia.htm
Depois de ler, poste a sua Hagiografia pesquisada.

O termo hagiografia possui raízes gregas (hagios = santo; grafia= escrita) e é utilizado, desde o século XVII, momento em que se iniciou o estudo sitemático e crítico sobre os santos, sua história e culto, para designar tanto este novo ramo do conhecimento como o conjunto de textos que tratam de santos com objetivos religiosos (Delehaye, 1973, p.24).

São considerados textos de natureza hagiográfica os martirológios, necrológios, legendários, revelações (visões, sonhos, aparições, escritos inspirados, etc.); paixões, vidas, calendários, tratados de milagres, processos de canonização, relatos de trasladação e elevações (Linage Conde, 1997, p. 283-4), já que possuem como temática central a biografia, os feitos ou qualquer elemento relacionado ao culto de um indivíduo considerado santo, seja um mártir, uma virgem, um abade, um monge, um pregador, um rei, um bispo ou até um pecador arrependido.

A literatura hagiográfica cristã iniciou-se ainda na Igreja Primitiva quando, a partir de documentos oficiais romanos ou do relato de testemunhas oculares, eram registrados os suplícios dos mártires. Porém, a hagiografia desenvolveu-se e consolidou-se na Idade Média, com a expansão do cristianismo e a difusão do culto aos santos. Ainda hoje este gênero continua profícuo, tal como é possível verificar pelos diversos títulos que continuam a ser publicados, principalmente pelas editoras religiosas.

Durante o Medievo foram produzidas uma grande quantidade de hagiografias. Tais obras possuíam caráter privado e foram redigidas principalmente pelos eclesiásticos. Num primeiro momento foi utilizado o latim, língua dos cultos e da igreja, para a sua redação, já que o seu público era formado prioritariamente por clérigos regulares e seculares. A partir dos séculos XI, XII e XIII, face às inúmeras transformações que se processaram na Europa Ocidental, as hagiografias foram sendo escritas, ou traduzidas, nas diversas línguas vernáculas, passando a alcançar, portanto, um público mais amplo.

O objetivo destas obras era múltiplo: propagar os feitos de um determinado santo, atraindo, assim, ofertas e doações para os Templos e Mosteiros que os tinham como patronos; produzir textos para o uso litúrgico, tanto nas missas como nos ofícios monásticos; para leitura privada ou como textos de escola; instruir e edificar os cristãos na fé; divulgar os ensinamentos oficiais da Igreja, etc. (Dubois, J., Lemaitre, J-L., 1993, p. 74). Desta forma, tais textos eram importantes veículos para a propagação de concepções teológicas, modelos de comportamento, padrões morais e valores.

As hagiografias medievais não apresentam unidade quanto à forma, organização ou processo de composição. Estas não só privilegiam aspectos diferenciados da vida dos santos, enfatizando ora a morte, ora a vida, ora os milagres, etc, como também foram sofrendo adaptações em função de novos critérios estéticos e diferentes exigências literárias. Além disso, muitas obras foram sendo reescritas e adaptadas, sem contar com as compilações e as já mencionadas traduções.

Os textos hagiográficos não só apresentam diferenças formais, como também incorporam concepções diferenciadas de santidade. Vauchez, um dos mais importantes estudiosos europeus sobre a religião e religiosidade medievais, demonstrou como no decorrer da Idade Média foram se transformando os ideais de espiritualidade e, por extensão, as concepções de santidade e a própria hagiografia.

Baños Vallejo, seguindo a perspectiva literária e o método histórico-descritivo-comparativo, concluiu que existiu um gênero hagiográfico na Idade Média e que este se distinguia não pela forma dos textos, mas por seu conteúdo. Para este autor, seriam traços comuns dos textos hagiográficos medievais a apresentação de três elementos fundamentais: as ações realizadas em vida pelo santo e que retratam o seu desejo pela santidade, a morte vista como processo de aperfeiçoamento e, finalmente, os milagres post-mortem, como sinal do êxito e comprovação da santidade desejada pelo santo.

Faz-se importante também ressaltar que os textos hagiográficos não eram considerados textos canônicos ou teológicos, mas obras com caráter festivo, que objetivavam comemorar a vitória do santo contra o mal, o diabo e a morte. É por isto que as hagiografias eram lidas nas festas, nos refeitórios monásticos, nas escolas e em locais públicos, como praças.

Muitos autores consideram a hagiografia como um tipo específico de texto literário, próximo à ficção, e não um texto de história. Como assinala Carbonell, "... o próprio facto de tal literatura ser designada pelo termo, tornado pejorativo entre os historiadores, de hagiografia, pode fazer crer que já não se trata de história". Porém, como assinala Leclerq, os homens da Idade Média, ao escreverem sobre santos, acreditavam estar fazendo História.




PLANO DE ENSINO LITERATURA PORTUGUESA I (2012/2ºsemestre)

PLANO DE ENSINO LITERATURA PORTUGUESA I (Unimontes)

Literatura Portuguesa I-Das origens ao Barroco (Unimontes/Vespertino)
CARGA HORÁRIA - 72 h/a (2º semestre de 2012)
PROFESSOR(A): Profa. Dra. Maria Generosa Ferreira Souto
CIDADE: Montes Claros - MG
_____________________________________________________________________
EMENTA: Estudo das manifestações poéticas na literatura portuguesa. Relacionamentos com fatos culturais, artísticos e sociais. Das líricas trovadorescas ao Barroco Português.

OBJETIVOS GERAIS

a) Estudar diacronicamente a Literatura Portuguesa do Medievo ao Barroco, articulando as obras desses períodos com o contexto sócio-cultural do qual fazem parte.
b) Desenvolver o senso crítico em relação ao processo artístico empreendido pelos agentes fundadores da tradição literária portuguesa que permanece presente ainda nos dias de hoje.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Levar os alunos a conhecer e analisar criticamente obras significativas do Trovadorismo, do Humanismo, do Classicismo; do Barroco português;
b) Estabelecer relações entre as obras literárias dos períodos mencionados e o contexto sócio-cultural em que estão inseridas.
c) Identificar relações intertextuais entre as obras produzidas em Portugal e em outros países, bem como sua relação com outras formas de arte: cinema, pintura, escultura, música.
d) Entender como nós, homens e mulheres contemporâneos, podemos construir paralelos entre o presente e o passado através dos textos literários.
e) Compreender, por meio de perspectivas estéticas, históricas e culturais, a importância dos movimentos estéticos da Idade Média ao século XVIII para a consolidação e amadurecimento da literatura portuguesa.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Unidade 1 - Questões Introdutórias
· Imagens, estereótipos e memórias. O que lembramos a respeito dos períodos históricos analisados?
Unidade 2 – A Cultura Literária Medieval
· O Trovadorismo e a gênese da literatura em língua portuguesa;
· Novelas de cavalaria: em busca do Santo Graal
· Cantigas de amor, escárnio e maldizer.
Unidade 3 – Epopéia e Grandes Navegações
· Introdução ao Humanismo. O pensamento medieval em contraposição ao pensamento humanista. Fernão Lopes e Garcia Resende.
· Teatro de Gil Vicente: Auto da Barca do Inferno.
· Introdução ao Classicismo. A poesia lírica de Camões
· Os Lusíadas e a elaboração estética do Estado Português

Unidade 4 – Da hipérbole ao bucolismo
· Barroco português: etimologia, características e representantes

METODOLOGIA/ ATIVIDADES DIDÁTICAS
- A metodologia busca fornecer ao espaço de sala de aula um caráter dinâmico e dialógico. Para tanto, o curso contará com aulas expositivas, fundamentadas em textos críticos, estéticos, teóricos sobre os estilos de época abordados no curso.
- Leitura, análise e discussão de textos literários em aula. Debates e seminários acerca dos temas concernentes aos estilos artísticos trabalhados no curso.
- Trabalhos em grupo;
- Seminários.

ESTRUTURA(S) DE APOIO/RECURSOS DIDÁTICOS
-Quadro e giz; retroprojetor; datashow; livros; textos xerografados; artigos científicos; ensaios.

AVALIAÇÃO
Aspectos a serem avaliados
Instrumentos de avaliação
-Domínio do conteúdo;
-Assiduidade;
-Pontualidade;
-Habilidades e competências para ler bem e escrever bem textos da literatura portuguesa em diálogo com outros discursos e outros sistemas semióticos.
Provas, trabalhos em grupo, trabalhos individuais, participação nas atividades do curso.
02 Provas escritas=25,0
04 trabalhos = 12,0 cada

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bibliografia básica

AMORA, Antônio Soares et. al. Presença da literatura portuguesa. São Paulo: Difusão do livro, 1961.
BERARDINELLI, Cleonice. Estudos Camonianos. Rio de Janeiro: MEC, 1973.
CAMÕES, Luís. Os Lusíadas. 3 ed. Lisboa: Biblioteca Ulisséia de Autores Portugueses, 1994.
__________. Sonetos. São Paulo: Martins Claret, 2001.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1995.
SARAIVA, Antônio José e LOPES, Óscar. História da literatura portuguesa. Porto: Editora Porto, 1976.
VASSALO, Lígia. “O Teatro Medieval”. In: Teatro Sempre. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro (72), Jan.-Mar.,1983.
VICENTE, Gil. Autos e farsas. Lisboa: Quimera, 1989.
VIEIRA, Pe. Antônio. Sermões. 14. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1997.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BARBOZA FILHO, Rubem. Tradição e Artifício: iberismo e barroco na formação americana. Rio de Janeiro: IUPRRJ/ Belo Horizonte: UFMG, 2000.
BOCCACCIO, Giovanni. Decamerão. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
CADEMARTORI, Lígia. Períodos literários. 8ª ed. São Paulo: Ática, 1997.
DELUMEAU, Jean. Civilização do renascimento(a). Lisboa: Estampa, 1984.
_____. Europa na idade média(a). São Paulo: M Fontes, 1988.
ECO, Umberto. Arte e beleza na estética medieval. 2. ed. São Paulo: Globo, 1989.
HISTÓRIA E ANTOLOGIA DA LITERATURA PORTUGUESA NO SÉCULO XVI. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
KEATES, Laurence. O Teatro de Gil Vicente na Corte. Lisboa: Editorial Teorema, 1962.
SARAIVA, Antônio José. Gil Vicente e o fim do Teatro Medieval. 4 ed. Lisboa: Gradiva,1992.
SARAIVA, Antônio José e LOPES, Óscar. História da literatura portuguesa. Porto: Porto, 1976.
VASSALO, Lígia. “O Teatro Medieval”. In: Teatro Sempre. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro (72), Jan.-Mar.,1983.
MOISES, Massaud. Presença da literatura portuguesa. 3. ed. São Paulo: Difel-Difusao Européia Do Livro, 1974.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. 26. ed. São Paulo: Cultrix, 1998.
SARAIVA. Antônio José. Para a história do romance português: das origens ao século XX. Lisboa: Dom Quixote, 1987.
POUND, E. ABC da literatura. São Paulo: Cultrix, 1984.
SARAIVA, Antônio José & LOPES, Oscar. História da literatura portuguesa. Porto: Porto, 1976.
SILVEIRA, Francisco Manuel & outros. A literatura portuguesa em perspectiva. São Paulo: Atlas, 2000.
SPINA, S.; AMORA, A. S. & MOISÉS, M. Presença da literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix,1995.
SPINA, Segismundo. Cultura literária medieval: Uma introdução(a). 2. ed. São Paulo: Ateliê, 1997.
VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno, farsa de Inês pereira, auto da índia. 4. ed. São Paulo: Ática, 1998