quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cantigas de Maldizer do Trovadorismo e da Contemporaneidade - TRABALHO FEITO POR : AMANDA OLIVEIRA ,CRISTIANA CANGUSSU, RAYANE ARANTES 4º PERIODO LETR

Para trabalharmos as cantigas de maldizer do trovadorismo e da contemporaneidade, escolhemos a cantiga de Pero Viviaez:

Uã donzela coitado

d' amor por si me faz andar
e en sas feituras falar
quero eu, come namorado:
restr’ agudo come foron,
barva no queix' e no granhon,
e o ventre grand' e inchado.

Sobrancelhas mesturadas,
grandes e mui cabeludas,
sobre-los olhos merjudas;
e as tetas pendoradas
e mui grandes, per boa fé;
á un palm’ e meio no pé
e no cós três plegadas.

A testa ten enrugada
E os olhos encovados,
dentes pintos come dados...
e acabei, de passada.
Atal a fez Nostro Senhor:
mui sen doair' e sen sabor,
des i mui pobr’ e forçada.

A presente cantiga caracteriza-se como uma cantiga de maldizer , pois ela ironiza a beleza da mulher com ofensas diretas. Isso pode ser percebido nos seguintes versos:

“barva no queix' e no granhon,
e o ventre grand' e inchado.

Sobrancelhas mesturadas,
grandes e mui cabeludas,
sobre-los olhos merjudas;
e as tetas pendoradas
e mui grandes, per boa fé;
á un palm’ e meio no pé
e no cós três plegadas.

A testa ten enrugada
E os olhos encovados,
dentes pintos come dados...
e acabei, de passada.”

O eu – lírico aqui vai transfigurando o rosto e o corpo da mulher de forma difamatória. Ainda acrescenta no final da cantiga um dado de cunho social sobre essa mulher, ou seja, ela acaba sendo rejeitada por não haver nenhum encanto nela e também por ser uma mulher pobre. Como uma das características das cantigas de maldizer é representar o grotesco, dessa forma o eu- lírico nessa canção explicita de forma bruta o corpo feminino.

Dialogando com as músicas brasileiras atuais encontramos características semelhantes nos funks brasileiros. Citamos como exemplo a música “Dona Gigi” de Os Caçadores.
Dona Gigi
Os Caçadores
Composição: Waguinho
Ih dasqui ih
“eu sou a dona gigi”
Ih dasqui dasqui dasqui ih
"esse aqui é meu esposo"
Ih dasqui dasqui dasqui ih
"esse aí é seu esposo?!?"
Ih dasqui dasqui dasqui ih
"é sim..."
Se me vê agarrado com ela
Separa que é briga tá ligado!
Ela quer um carinho gostoso
Um bico dois soco e três cruzado!
Tá com pena leva ela pra casa
Porque nem de graça eu quero essa mulher!
Caçadores estão na pista pra dizer como ela é...
Se me vê agarrado com ela
Separa que é briga, tá ligado!
Ela quer um carinho gostoso
Um bico dois soco e três cruzado!
Tá com pena leva ela pra casa
Porque nem de graça eu quero essa mulher!
Caçadores estão na pista pra dizer como ela é...
Caolha, nariz de tomada, sem bunda, perneta,
Corpo de minhoca, banguela, orelhuda, tem unha incravada,
Com peito caido e um caroço nas costas...
Ih gente! capina, despenca,
Cai fora, vai embora ,
Se não vai dançar,
Chamei 2 guerreiros,
Bispo macedo, com padre quevedo pra te exorcisar...
Oi, vaza!
Tcha tchritcha tchritcha tchum, tchritcha tchritcha
Fede mais que um urubu,
Canhão! vou falar bem curto e grosso contigo, hein...
Já falei pra vaza!
Coisa igual nunca se viu...
Oh vai pra puxa... tu é feia...
Na canção vemos uma deformação, deturpação da imagem feminina quando o autor vai enumerando os seguintes adjetivos:

“Caolha, nariz de tomada, sem bunda, perneta,
Corpo de minhoca, banguela, orelhuda, tem unha incravada,
Com peito caído e um caroço nas costas...”
“Fede mais que um urubu.”

Na composição o autor utiliza dos seguintes recursos sonoros: as assonâncias, na repetição da vogal “o”.


“Separa que é briga tá ligado!
Ela quer um carinho gostoso
Um bico dois soco e três cruzado!”

Ainda percebemos a utilização da figura de estilo hipérbole que descreve de modo exagerado essa mulher que é tratada na música.

“Caolha, nariz de tomada, sem bunda, perneta,
Corpo de minhoca, banguela, orelhuda, tem unha incravada,
Com peito caido e um caroço nas costas...”

Encontramos os recursos de rimas cruzadas ou intercaladas:

“Separa que é briga tá ligado!
Ela quer um carinho gostoso
Um bico dois soco e três cruzado!
Quanto as estrofes, a música apresenta três estrofes elas se repetem no decorrer da canção.
Com relação a linguagem da música, é interessante vermos que o autor usa um linguagem totalmente informal dotada de gírias e expressões coloquiais que marcam o vocabulário dos funks, como também das classes sociais que compõem a sociedade brasileira.
Assim, vimos no decorrer dos estudos que algumas cantigas do trovadorismo cantam um amor cortês, divinalizam a dama e a descreve amorosamente. Outras cantigas são o avesso dessa idealização, difamam violentamente essa mulher. Na atualidade, percebemos que geralmente a mulher, nos funks, é vista como simples objeto de prazer e eles a expõem em uma situação sexual explicita; como também a descrevem de modo grotesco associando a figura feminina com termos como cachorra, popozuda, potranca, piranha, vadia, entre outros.

29 comentários:

  1. QUE MARAVILHA TER ESSE ESPAÇO PARA PUBLICARMOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS EM SALA DE AULA, DESSA FORMA O CONHECIMENTO CONSTRUÍDO NO MEIO ACADÊMICO PODERÁ TRANSCEDER AO ESPAÇO RESTRITO DA UNIVERSIDADE .

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Muito interessante essa oportunidade!

    Adorei os comentários e interpretações das meninas, tudo a ver com o que estamos estudando e com os trabalhos realizados em sala de aula.
    A música atual explicitada:"Dona Gigi" é muito engraçada e realmente acontece um exagero nos atributos concernidos à mulher.
    Interessantes esses trabalhos realizados, pois além de toda uma 'exploração' e aprofundamento na matéria, serviu para reafirmar o fato de que recursos utilizados anitigamente (Medievo) podem e são utilizados até hoje!
    Adorei!

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  4. Observando a análise que foi exposta pela equipe,é interessante percebermos que as cantigas de maldizer ironiza,tranfigura,expõe e satiriza o outro(a).É notável também que as cantigas de maldizer e de escárnio, embora tem esse papel de sátira, não se desvencilham das figuras de efeito sonoro,como:assonância,aliteração,metáforas,
    hipébole e também das rimas,dos ritmos,da sonoridade,da musicalidade,enfim,há um jogo muito interessante com as palavras,onde o autor consegue promover a interação entre a música e o ouvinte.
    É importante fazermos esses passeios pelo história,fazermos comparações e termos a oportunidade de interagirmos com o conteúdo de forma tão deliciosa.A ampliação dos nossos conhecimentos é de muita utilidade para nossa vida acadêmica,pessoal e para nós como humanos,pois vivemos em sociedade e é preciso conhecermos a nossa história,a história do nosso país,para assim compreendermos o nossa atualidade e planejarmos o nosso futuro.
    Em síntese,as nossas aulas estão sendo muito construtivas,o estudo que fizemos sobre as cantigas foi muito legal,foi um passeio construtivo e benéfico,pois contribuiu de forma significativa para a ampliação dos nossos conhecimentos.

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  5. A exposição do conteúdo do trabalho da equipe em questão no Blog, veio reforçar nossos conhecimentos acerca das Cantigas de Maldizer do Trovadorismo e da Contemporaneidade,uma vez que a equipe expôs com clareza uma síntese sobre o conteúdo proposto.

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  6. Assim como no tópico "CANTIGAS MODERNAS EM DIÁLOGO COM O MEDIEVO", do dia 30 de março de 2010, pude perceber que as cantigas medievais tiveram tamanha repercussão que ainda hoje existem poetas, compositores e cantores que se expressam por meio das Cantigas Lírico-amorosas. E o estudo em sala de aula através das análises feitas pelas colegas nos trouxe a oportunidade de aprofundar ainda mais sobre tal tema. A parceria entre blog interativo (já que o blog da Profª Generosa nos proporciona tal intercâmbio de ideias) e trabalhos realizados em sala de aula tem funcionado e com sucesso. Os principais benefícios refeletem-se na maneira como o conteúdo têm sido apreendido.

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  7. Muito interessante o trabalho das meninas!
    Assim como nas demais equipes, as características das cantigas retratadas ficaram bem claras nos exemplos dados.
    Vale ressaltar, ainda, o quanto achei interessante, em todos os trabalhos, o diálogo das cantigas medievais com cantigas contemporâneas. Clarificou ainda mais as nossas informações acerca do assunto.

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  8. O conteúdo exposto no blog pelas colegas é realmente um diálogo entre as cantigas medievais e as cantigas (músicas) modernas. Os aspectos levantados pela equipe foi bem explicitado e compreendido.

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  9. Dentro do Trovadorismo, teremos as cantigas lírico-amorosas e as cantigas satíricas. Neste último grupo temos as cantigas de maldizer e as cantigas de escárnio. A cantiga acima UÃ DONZELA COITADO enquadra-se nesta útima, uma vez que, o eu- lírico faz uma crítica às características físicas de uma " donzela" usando de termos pejorativos sem, contudo, dizer seu nome, temdo-se assim uma crítica indireta.

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  10. Percebe-se nessa cantiga satírica a presença de satíras diretas, na qual o eu-lírico ridiculariza, às vezes, até mencionando o nome da pessoa que vai ser difamada. Utiliza-se assim, palavras de baixo calão. Nota-se ainda, que a intenção do eu-lírico é a pior possível, não apresentando equívocos diante de suas palavras.
    Em resumo, agradeço a professora Generosa pela grande produtividade de suas aulas. Por enriquecer cada vez mais o nosso repertório cognitivo, possibilitando nos uma viagem pelo mundo virtual do conhecimento.

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  11. Sobre as cantigas de maldizer expostas acima, vale ressaltar que diferentemente das cantigas de amor e amigo não tem intenção alguma de valorizar o amor, nem a figura da mulher, muito pelo contrário, pois usam de uma linguagem coloquial e rude.A equipe em questão interpretou muito bem as cantigas por ela escolhida.O fato eh que todos os trabahos foram bastante esclarecedores, mas o mais interessante disso tudo foi perceber que apesar das cantigas de maldizer serem produzidas na Idade Média ainda hoje percebemos a repercussão das mesmas de forma significativa.

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  12. Generosa gostei muito dos trabalhos apresentados em sala de aula sobre as cantigas medievais em diálogo com as cantigas contemporâneas, aprofundou bastante os nossos estudos.O trabalho postado das colegas só vem esclarecer ainda mais os conhecimentos.

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  13. Extremamente interessante o trabalho realizado pelas nossas colegas, elas expuseram perfeitamente o conteudo abordado sobre as cantigas de maldizer do trovadorismo e da contemporaneidade. Isso nos possibilitou uma maior contextualização com o assunto que a professora nos explicou com tamanha habilidade e fez com que entendessemos cada vez mais o que tais cantigas abordam e suas caracteristicas.

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  14. A análise apresentada pelas colegas nos proporcionou uma melhor compreensão sobre as cantigas de maldizer e suas relações com as cantigas contemporâneas, abordando as características das de maldizer, ou seja, uma crítica direta, que pode ou não citar nomes, usando muitas vezes palavras de baixo calão.Assim, a equipe fez uma abordagem, mostrando uma relação com as cantigas modernas, deixando bem claro tudo o que foi exposto.

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  15. A equipe das meninas fez um exelente trabalho e é muito importante esse espaço no blog para que nós possamos expor esses trabalhos.
    As outras equipes que fizeram apresentações sobre as cantigas,que foram analisadas na sala de aula também foram maravilhosas, e o que mais foi surpreendente a meu ver, foi a diversidade de cantigas modernas que possuem relação com as cantigas do medievo.

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  16. A análise feita pelas colegas, só veio acrescentar ainda mais para a compreenção da matéria estudada. Através dos exemplos mostrados, pudemos perceber a semelhança que há entre as músicas da época do medievo e as atuais.Na cantiga UÃ DONZELA COITADO, por exemplo, percebe-se que, o eu- lírico faz uso de termos pejorativos, criticando indiretamente as caracteristicas de uma referida "donzela".

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  17. Gostei muito da cantiga “Uã donzela coitado” de Pero Viviaez, escolhida para ilustrar a cantiga de maldizer, pois pude perceber claramente na leitura da cantiga a maneira direta que o eu-lírico ironiza a beleza mulher, assim como a representação do grotesco, que é também outra característica das cantigas de maldizer.
    A música escolhida para fazer o diálogo com o medievo “Dona Gigi” de Os Caçadores, foi perfeita, pois além da presença de rimas, assonâncias e figuras de estilo como hipérbole, as característica da cantiga de maldizer podem também ser percebidas no Funk escolhido pela equipe.

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  18. Adorei o trabalho das colegas, elas explanaram muito bem sobre as cantigas medievais e contemporâneas para a turma. Vale ressaltar que este trabalho contribuiu muito para os nossos estudos acerca do tema, uma vez que, foi utilizado uma forma simples e de fácil compreensão para todos.

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  19. Percebemos a importancia de trabalhos realizados pelas colegas, já que com uma linguagem de fácil compreensão o conhecimento é construído com mais naturalidade.

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  20. As colegas apresentaram de maneira clara e objetiva o trabalho sobre as cantigas medievais e contemporâneas. Foi uma brilhante escolha para o "fechamento" dos trabalhos, a última equipe postá-lo no blog. Parabéns colegas!

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  21. Foi de suma importância para nós acadêmicos trabalhar com as características das Cantigas do medievo em diálogo com músicas contemporâneas que fazem uma “releitura” das cantigas. Expor o trabalho no blog fica mais visível o que vimos pelas diversas equipes em sala de aula. É interessante salientar que as cantigas estão presentes em vários estilos musicais. Em sala de aula foram expostas algumas músicas de: Caetano Veloso, Juca Chaves, Chico Buarque, Pixinguinha, Cantigas do Medievo sem deixar de lado o contexto em que estão inseridas. O relevante desse trabalho é que não ficamos presos ao período das cantigas, nem as próprias cantigas. A oportunidade de buscar músicas contemporâneas com características das cantigas tornou ainda mais fácil a aprendizagem contribuindo para amplificar nossos conhecimentos.

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  22. As cantigas analisadas são de maldizer, pois traz ironia à beleza da mulher de forma direta.
    O eu-lírico, na cantiga, faz uma difamação ao corpo da mulher, colocando-a como rejeitada por não ser bela e por ser de classesocial baixa. Essa cantiga medieval tem relação com os funks brasileiros que, também difamam as mulheres.
    O autor utiliza recursos de efeito sonoro.
    Assim sendo, ao contrário das cantigas de amor, as cantigas de maldizer desfiguram a pessoa satirizada através da forma como é feita a crítica.

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  23. vou tirar 10 valeu gostei muito da epoca do trovadorismo....

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  24. que isso o povo num sabe escreve direito nao?
    pelo amor d deus depois falam q a gente e q e burros!

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  25. O TROVADORISMO PODE SER A MELHOR PARTE EM VC DESCUBRIR O QUE ELES FAZIAM ANTIGUAMENTE ... EU FIZ UM TEATRO SOBRE AS CANTIGAS DE MAL DIZER ... EU SO SEI QUE TIREI 10 ... È BOM NÒS TERMOS UM ESPAÇO PARA PUBLICARMOS O QUE PENSAMOS A RESPEITO ...

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  26. noooossa..de mais me ajudou no trabalho da escola..

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  27. Qual musica da atualidade tem essas caracteristicas?

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  28. Esses dias tive esse estalo no meio de uma aula de literatura para meus alunos de 1.o ano do Ensino Médio (quinze anos).

    Sempre uso um compositor popular do Nordeste brasileiro como exemplo da permanência dos aspectos satíricos do Trovadorismo na cultura brasileira de hoje, é o Genival Lacerda, o rei do duplo sentido.

    Não gosto de funk, não é o tipo de canção que ouça em casa. Mas comecei a observar com menos preconceito sócio-cultural as letras, seu contexto de produção, e pasmem:

    - Beijinho no ombro das recalcadas! Existem muitas letras inteligentes, com vícios de linguagem que a gente tolera e ama em Luis Gonzaga, e que são exemplos da permanência da cantiga satírica trovadoresca não só na cultura (mesmo que de massa) de hoje, mas da sua prensença na índole do falante de português...

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  29. E muito bom por que me ajudou no trabalho da escola eu gostei muito

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