Alphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Ouro Preto, 24 de julho de 1870 — Mariana, 15 de julho de1921) foi um escritor brasileiro. A poesia de Alphonsus de Guimaraens marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão. Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina, que é considerada um anjo, ou um ser celestial. Alphonsus de Guimaraens é simultaneamente neorromântico e simbolista. Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamada de “o solitário de Mariana”, a sua "torre de marfim do Simbolismo". Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas, particularmente a redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas). Pedro Kilkerry (Santo Antônio de Jesus, BA, 1885 – Salvador, BA, 1917). Nascido em Salvador, no dia 10 de Março de 1885, Pedro Kilkery, não chegou a publicar nenhum livro durante sua vida, somente um em 1971 com seus 36 poemas e ajudou em alguns periódicos (jornais) como: Os Anais e Cruzada. As principais características da poesia sua são: uma sintaxe bastante elaborada, fantasias humorísticas, musicalidade, ou seja, ele representou outro lado do simbolismo, aquele mais radical, suas poesias eram difíceis e dependiam de concentração para serem entendidas. As obras de Kilkery foram colocadas como críticas da vanguarda.
Horas Ígneas (fragmento) Eu sorvo o haxixe do estilo… E evolve em cheiro, bestial, Ao solo quente, como o cio De um chacal. Distensas, rebrilham sobre Um verdor, flamâncias de asa… Circula um vapor de cobre. Os montes – de cinza e brasa. (…).
Pedro Kilkerry, um dos principais animador do Simbolismo Nortista nasceu em Santo Antônio de Jesus, Bahia em 1855 e faleceu em Salvador, Bahia em 1917. A sua obra foi conhecida, a partir de publicações nas revistas “Nova Cruzada” e “Os Anais” reunidos pelo pensador católico Jackson de Figueiredo. As obras de Kilkerry, vale-se de uma sintaxe audaciosa, de fantasias humorísticos e de uma musicalidade áspera e dissonante, Killkerry representou o aspecto radical do Simbolismo. Escreveu poesias difíceis, cheia de simbolismos, porém livre de sentimentalismo. E essas características na poesia de Kilkerry que explicam o esquecimento dele como autor e suas obras. Foi ignorado por um público critico que não tem percepção e avaliação de decifrar o que continha nas palavras escritas de seus poemas. Alphonsos de Guimaraens escritor brasileiro nascido em Ouro Preto, estado de Minas Gerais, representante do Simbolismo, cuja obra foi marcada pela presença da lembrança da noiva Constança, que faleceu ás vésperas do casamento, suas obras são: Setenário das Dores de Nossa Senhora (1889), Câmara Ardente (1889), Pastoral dos Crentes do amor e da Morte (1923). A sua obra foi marcada pelo triângulo: Misticismo ( Estado espiritual da união com o divino e o sobrenatural), Amor e Morte. Foi considerado o mais místico poeta de nossa literatura. As suas poesias retomam sempre a morte de sua noiva, escreveu poemas de humor fino e requintado, cujos versos continha melancolia, músicas, anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas. João da Cruz e Souza nasceu no dia 24/11/1861 em Desterro atual Florianópolis, faleceu em Minas Gerais em 19/03/1898. Foi um dos maiores poetas do Simbolismo, chamado por muitos de “Cisne Negro” uma figura importante do Simbolismo. Os temas predominantes na obra de Cruz e Souza é a morte e a vida. As suas obras são: Broquéis (1893); Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905). Prosa poética: Tropos e fanfarras (1885) em conjunto com Virgílio Várzea, Missal (1893) e Evocações (1898). Outra característica, também presente em sua obra é a cor branca que aparece como símbolo de pureza, e muitas vezes a manifestação do seu complexo racial.
Afonso Henriques da Costa Guimarães era filho de um português e uma brasileira. Estudou direito em São Paulo, onde concluiu o curso em 1895. Voltou para Minas Gerais para exercer a função de juiz durante toda a vida, primeiro em Conceição do Serro, depois em Mariana, onde viveu até a morte, com sua esposa e quatorze filhos.
Era grande admirador de Cruz e Souza, tendo inclusive, viajado para o Rio de Janeiro, apenas para conhecê-lo. Fez parte do grupo simbolista de São Paulo e sua poesia é marcada pela espiritualidade, sendo considerado um poeta místico, porque sua obra apresenta uma atmosfera de religiosidade, sonho e mistério. Influenciado por Verlaine, também apresenta melancolia e ternura. A morte da amada é tema recorrente. Seus versos têm sonoridade e ritmo modernos.
"Kyriale" tem uma atmosfera densa e pesada, remete sempre à morte, ao dia de finados, desde as palavras escolhidas pelo poeta até o tom solene. Este é um traço do Romantismo Gótico, recuperado pelos simbolistas decadentes. Nas obras posteriores é a amada ausente quem aparece com freqüência. Portanto, seus temas preferidos eram amor e morte. Guimarães também foi tradutor de Haine e de poetas chineses, a partir do francês.
Parte da sua obra, pouco lida, foi publicada postumamente. "Septenário das Dores de Nossa Senhora", "Câmara Ardente" e "Dona Mística" (1899), "Kyriale" (1902), "Pauvre Lyre" (1921), "Pastoral dos Crentes do Amor e da Morte" (1923), "Poesias" (1938).
PEDRO KILKERRY
Pedro Militão Kilkerry é o mais radical, o mais moderno dos poetas simbolistas brasileiros.
Filho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso.
Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos.
A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense.
Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista".
Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, mantendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis".
Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia.
SIMBOLISMO BRASILEIRO: INFLUÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS O Simbolismo, no Brasil, representa uma das épocas mais importantes de nossa história literária e cultural. Este movimento penetrou em nosso país, por intermédio de Medeiros e Albuquerque, que, desde 1891, recebia livros dos decadentistas franceses. Em 1893, Cruz e Sousa publica Missal e Broquéis, obras que definem a história do Simbolismo brasileiro. Entre as últimas décadas do século XIX e princípios do século XX, os simbolistas conviveram num período em que o Brasil procurava conquistar sua maturidade mental e sua autonomia. Mesmo depois da independência de 1822, a Metrópole ainda continuava a exercer a sua ação colonialista. O comércio, as transações bancárias, a imprensa estavam sob o influxo da Metrópole. A primeira tentativa de autonomia deu-se com a Regência (1830-1841), mas só foi com a Proclamação da República que o Brasil separou-se definitivamente de Portugal. Esse fato levou os homens de letras do século XIX a explorar o tema do nacionalismo. A busca de "símbolos que traduzam a nossa vida social", afirma Araripe Júnior. O início do movimento simbolista brasileiro é marcado por conflitos no sul do país (1893-1895): A Revolução Federalista, a Revolta da Armada.Características da poesia simbolista.Vejamos mais detalhadamente algumas características do Simbolismo: O poeta simbolista volta-se para o mundo interior; guia-se pela subjetividade (característica da corrente romântica). O egocentrismo é um princípio fundamental do Romantismo. Enquanto os românticos pesquisavam o interior das pessoas, suas lutas, incertezas, num campo puramente sentimental, o simbolista penetra fundo no mundo invisível e impalpável do ser humano;A poesia simbolista expressa o que há de mais profundo no poeta; por isso, ele se vale de adjetivos que despertem emoções vagas, sugestivas. A descrição é essencialmente subjetiva; é uma espécie de pretexto para identificar o poeta com o íntimo das coisas.Os versos são musicais, sonoros e expressivos. A poesia é separada da vida social, confunde-se com a música, explora o inconsciente através de símbolos e sugestões e dá preferência ao mundo invisível.A linguagem é invocadora, plena de elementos sensoriais: som, luz, cor, formas; há o emprego de palavras raras; o vocabulário é litúrgico, obscuro, vago.As palavras vêm ligadas ao tema da morte.Emprego freqüente de metáforas, analogias sensoriais, sinestesias, aliterações repetição de palavras e de versos ? tudo isso confere à poesia musicalidade e poder de sugestão.
A primeira manifestação simbolista brasileira deu-se no Rio de Janeiro. Um grupo de jovens, insatisfeitos com a objetividade e com o materialismo apregoados pelo Realismo-Naturalismo-Parnasianismo, começou a divulgar as idéias estético-literárias vindas da França. Ficaram conhecidos como decadentistas. O grupo decadentista era formado principalmente por Oscar Rosas, Cruz e Sousa e Emiliano Perneta. O primeiro manifesto do Simbolismo brasileiro foi publicado no jornal Folha Popular, do Rio de Janeiro. O Simbolismo é a negação do Realismo-Naturalismo-Parnasianismo. O movimento nega o materialismo e o racionalismo, pregando as manifestações metafísicas e espiritualistas.A influência do Simbolismo brasileiro não se limita à data de 1902 (início do Pré-Modernismo). Muitos modernistas da primeira fase adotaram postura neo-simbolista, entre eles Cecília Meireles. O Simbolismo brasileiro seguiu três linhas bem distintas:Poesia humanístico-social ? Linha adotada por Cruz e Sousa e continuada por Augusto dos Anjos. Preocupava-se com os problemas transcendentais do ser humano.Poesia místico-religiosa ? Linha adotada por Alphonsus de Guimarães. Preocupava-se com os temas religiosos, afastando-se da linha esotérica adotada na Europa.Poesia intimista-crepuscular ? Linha adotada por pré-modernistas ou modernistas como Olegário Mariano, Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira. Preocupava-se com temas cotidianos, sentimentos melancólicos e gosto pela penumbra. Os simbolistas buscavam integrar a poesia na vida cósmica, usando uma linguagem indireta e figurada. Cabe ainda ressaltar que a diferença entre o Simbolismo e o Parnasianismo não está primeiramente na forma, já que ambos empregam certos formalismos (uso do soneto, da métrica tradicional, das rimas ricas e raras e de vocabulário rico), mas no conteúdo e na visão de mundo do artista. Apesar de seguir alguns efeitos estéticos do Parnaso, esse movimento desrespeitou a gramática tradicional com o intuito de não limitar a arte ao objeto, trabalhando conteúdos místicos e sentimentais, usando para tanto a sinestesia (mistura de sensações: tato, visão, olfato...). Essa corrente literária deu atenção exclusiva à matéria submersa do "eu", explorando-a por meio de uma linguagem pessimista e musical, na qual a carga emotiva das palavras é ressaltada; a poesia aproxima-se da música usando aliterações. Os simbolistas praticam uma arte antiburguesa, profundamente influenciada pelo idealismo, a busca constante do inconsciente, o pessimismo. Muitas vezes os poetas simbolistas são panteístas, encontraram refúgio no esoterismo, no ilusionismo, no satanismo, Cruz e Sousa dedica-se a temática do Cristianismo.Movimento de relações com o Modernismo influencia a maioria dos poetas da 1ª fase do Modernismo. Aqui surgem as primeiras rupturas com os padrões rígidos de composição e restabelecimento da relação entre poesia e existência, separadas pelos parnasianos. O movimento simbolista na literatura brasileira teve força até o movimento modernista do começo da década de 1920.
A POÉTICA E O ESTILO DE CRUZ E SOUSA E ALPHONSUS DE GUIMARÃES O poeta João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro(atual Florianópolis)no dia 24 de novembro de 1861 ,filho de negros alforriados, desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou o nome de família. Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais. Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações), pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca. É certo que encontram-se inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez, à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos.No aspecto de influências do simbolismo, nota-se uma amálgama que conflui águas do satanismo de Baudelaire ao espiritualismo ligados tanto a tendências estéticas vigentes como a fases na vida do autor.Quando Cruz e Souza diz "brancura", é preciso recorrer aos mais altos significados desta palavra, muito além da cor em si. Seus versos tinham musicalidade e sutileza para a atmosfera religiosa que inspiravam como mostra a passagem a seguir: "Tu que és a lua da Mansão de rosa da Graça e do supremo Encantamento, o círio astral do augusto Pensamento velando eternamente a Fé chorosa;" (Cruz e Sousa) Também havia a busca da purificação com o espírito atingindo regiões etéreas e integração com o espaço infinito (cosmos) como nos versos a seguir: "A voz do céu pode vibrar sonora Ou do inferno a sinistra sinfonia, Que num fundo de astral melancolia Minh'alma com a tu'alma goza e chora;"(Cruz e Souza) Afonso Henrique da Costa Guimarães, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 24 de julho de 1870 e morreu, em Mariana, a 15 de julho de 1921. Ouro Preto foi o cenário dos primeiros anos da vida do Poeta que desde sua infância dava sinais de extrema sensibilidade e acentuada introversão. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que ele explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo. Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina que é considerada um anjo, ou um ser celestial, por isso, Alphonsus de Guimaraens é neo romântico e simbolista ao mesmo tempo, já que essas duas escolas possuem características semelhantes. Oscila, assim, entre os indícios materiais da morte e a expectativa do sobrenatural, como se toda a sua poesia se fizesse em variações de um mesmo réquiem. Mas a evolução da linguagem é permanente e a tendência a um barroco discreto -- de Ouro Preto, Mariana se flexibiliza, se inova com acentos verlainianos, mallarmaicos, de que brotam imagens muitas vezes ousadas, não longe da invenção surrealista. Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo". Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas.Como o dístico observado na estrofe do poema Árias e Canções: "A suave castelã das horas mortas Assoma à torre do castelo, As portas,"
Outra temática observada em suas poesias é a morte como forma de evasão e de fuga do plano terreno, o amor é abordado de forma platônica e idealizante, pois não ha lugar para o sensualismo e erotismo. A figura feminina aparece de forma divinizada, distante, fria e morta. Como na estrofe a seguir: "Hirta e branca... Repousa a sua aurea cabeça Numa almofada de cetim bordada em lirios. Ei- la morta afinal como quem adormeça Aqui para sofrer Além novos martirios." (Alphonsus Guimaraens) CONCLUSÃO A temática da morte é uma constante na obra dos poetas estudados, para Alphonsusa morte é como forma de evasão e de fuga do plano terreno e para Cruz a morte é a libertação da alma do corpo em busca do celestial, como observado nos poemas analisados. Nesses poemas ocorre uma prisão no plano abstrato e espiritual, os símbolos revelam a condição humana, a libertação da alma só é possível através do sonho e da morte. Em relação a temática ambos utilizam as formas do parnasianismo, já que eles empregam certos formalismos (uso do soneto, da métrica tradicional, das rimas ricas e raras e de vocabulário rico. Apesar de seguir alguns efeitos estéticos do Parnaso, esse movimento desrespeitou a gramática tradicional com o intuito de não limitar a arte ao objeto, trabalhando conteúdos místicos e sentimentais, usando para tanto a sinestesia (mistura de sensações: tato, visão, olfato...). Portanto, o simbolismo buscou o sentimento de variação e de rapidez compreender que o mundo não é estático e de que a vida é uma luta constante em busca de mudanças, e representa a revisão dos conceitos e das promessas propagadas pelo materialismo cientifico.
Conforme o artigo de Danilo de Lôbo, João da Cruz e Sousa (24/11/61 — 19/03/1898) é atualmente mais conhecido por suas obras em verso, a saber: Broquéis (1893), Faróis (1900) e Unimos Sonetos (1905), as duas últimas publicadas postumamente. A sua prosa poética, contida em Missal (1893) e Evocações (1898), foi até agora bem menos estudada. Grosso modo, Cruz e Sousa é considerado um poeta simbolista, afirmação que se fundamenta na parte mais divulgada de sua obra. Nas últimas décadas, entretanto, as pesquisas literárias revelaram que, antes de aderir ao simbolismo, ele foi romântico e parnasiano, e que durante os primeiros anos de sua vida literária a sua poesia foi tachada de "realista" ou "ideonovista", não raro por seus detratores. Da mesma forma, aspectos de sua vida pessoal foram sendo paulatinamente revelados, e um outro Cruz e Sousa, bem diferente do poeta descompromissado, isolado em sua torre de marfim, foi sendo revelado ao leitor. Sabe-se hoje ter sido ele um abolicionista ferrenho, que muito batalhou em prol da libertação dos escravos no Brasil. Muita coisa na obra de Cruz e Sousa tem sido explicada pelo fato de ter sido ele negro, filho de ex-escravos, e de ter vivido a maior parte de sua vida durante o período da escravidão. Obviamente não se pode separar o homem de sua obra, nem vice-versa. Cruz e Sousa, entretanto, além de ser um negro p o, tinha algo em sua personalidade — "uma pontazinha de insolência", segundo Vítor (Magalhães Jr., 1975:161) — que irritava a sociedade branca. Embora tendo todos os atributos intelectuais necessários para vencer na vida, como se diz popularmente, nem mesmo em Desterro, sua cidade natal, conseguiu ele arranjar um empregos que lhe permitisse viver decentemente, o mesmo acontecendo no Rio de Janeiro, para onde se transferiu definitivamente em dezembro de 1889. Vale salientar a importância da leitura do artigo, uma vez que podemos entender as estrofes do poema “O Assinalado” de Cruz e Sousa. O Assinalado Tu és o louco da imortal loucura, O louco da loucura mais suprema. A Terra é sempre a tua negra algema, Prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura, Mas essa mesma Desventura extrema Faz que tu'alma suplicando gema E rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado Que povoas o mundo despovoado, De belezas etrenas, pouco a pouco...
Na Natureza prodigiosa e rica Toda a audácia dos nervos justifica Os teus espasmos imortais de louco!
A partir da leitura do belíssimo poema, podemos perceber que o poeta demonstra saber que, na sua vida, ele teria o papel de um personagem trágico, mas que, mesmo assim, ele conseguiria presentear o mundo com belezas, pois ele era um dos assinalados que teve a sorte de ser premiado com “o dom da poesia”.
Referência: Lôbo, Danilo. CRUZ E SOUSA: O ASSINALADO. Revista Travessia, UFSC, n. 26. Florianópolis, 1993.
Conforme o artigo “O simbolismo em Pedro Kilkerry” de José Omar Rodrigues Medeiros e Danglei de Castro Pereira, Pedro Militão Kilkerry nasceu em Salvador/BA, em 10 de março de 1885, mas batizado em 05/01/1886, na Paróquia de Nossa Senhora da Penha. Filho de João Francisco Kilkerry e Salustiana do Sacramento Lima. Teve dois irmãos: João Francisco Kilkerry, o mais velho, e Maria da Purificação Kilkerry (Menininha). Descendia, pelo lado paterno, de irlandeses e a mãe era uma mestiça baiana. Corrigiu a grafia do sobrenome paterno para “Kilkerry”, correção adotada por toda a família. Pedro Kilkerry, não chegou a publicar nenhum livro durante sua vida. O poeta perambula pelas ruas de salvador vivendo na boemia e na pobreza, porém colaborou em alguns periódicos com Os Anais e Cruzada. Redescoberto pela vanguarda concretista via publicação do estudo crítico Revisão de Pedro Kilkerry em 1964 adquire alguma notoriedade. Passados quase sessenta anos da publicação do estudo dos irmãos Campos sua obra continua desconhecida pelo grande publico e, em muito, ignorada pela crítica especializada. Evoé Primavera! — versos, vinhos... Nós, primaveras em flor. E ai! corações, cavaquinhos Com quatro cordas de Amor!
Requebrem árvores — ufa! — Como as mulheres, ligeiro! Como um pandeiro que rufa O Sol, no monte, é um pandeiro!
E o campo de ouro transborda... Ó Primavera, um vintém! Onde é que se compra a corda Da desventura, também?
Agora, um rio, água esparsa... Nas águas claras de um rio, Lavem-se penas à garça Do riso, branco e sadio!
E o dedo estale, na prima... Que primaveras, e em flor! Ai! corações, uma rima Por quatro versos de Amor!
In: CAMPOS, Augusto de. ReVisâo de Kilkerry. São Paulo: Fundação Estadual de Cultura, 1970
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) foi um poeta brasileiro. Um dos principais representantes do Movimento Simbolista no Brasil. Sua poesia é quase toda caracterizada pelo tema da morte da mulher amada, a morte de sua noiva aos dezessete anos. Todos os outro temas que explorou, como religião, natureza e arte, estão sempre relacionados com a morte. Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 24 de julho de 1870. Filho do comerciante português Albino da Costa Guimarães e de Francisca de Paula Guimarães Alvim. Fez os cursos básicos em Minas Gerais e aos 17 anos se apaixona pela prima Constança, filha do escritor Bernardo Guimarães seu tio-avô. Com a morte prematura da prima, em 1888, o poeta se entrega a vida boêmia. Essa época já colaborava no Almanaque Administrativo, Mercantil, Industrial, Científico e Literário do município de Ouro Preto. Viaja para São Paulo com o amigo José Severino de Resende. Inicia o curso de Direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em 1891. Volta para Ouro Preto, em 1893, onde termina o curo de Direito na recém criada Academia Livre de Direito de Minas Gereis. Volta para São Paulo onde estuda Ciências Sociais, terminando o curso em 1895. Vai ao Rio de Janeiro, onde conhece Cruz e Souza, poeta que já admirava e de quem tornou-se amigo. Volta para Minas e é nomeado promotor de Conceição do Serro, hoje Conceição do Mato Dentro, ocupando em seguida o cargo de juiz substituto. Em 1897, casa-se com Zenaide de Oliveira, com quem teve 14 filhos. Sua poesia expressa uma atitude melancólica sobre o tema morte. O sentimento resignado, o sofrimento e a desesperança estão presentes em seus versos. O seu espiritualismo é voltado para a religiosidade e o misticismo. Seus três primeiros livros foram publicados no Rio de Janeiro, em 1899, são: Dona Mística, Câmara Ardente e o Setenário das Dores de Nossa Senhora. Kiriali que foi escrito antes, só foi publicado em 1902, na cidade do Porto, em Portugal. Em 1905 é nomeado juiz municipal da cidade de Mariana. Afonso Henrique da Costa Guimarães (seu nome civil) morreu na cidade de Mariana, Minas Gerais, no dia 15 de julho de 1921. A Catedral Entre brumas, ao longe, surge a aurora, O hialino orvalho aos poucos se evapora, Agoniza o arrebol. A catedral ebúrnea do meu sonho Aparece na paz do céu risonho Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos: "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O astro glorioso segue a eterna estrada. Uma áurea seta lhe cintila em cada Refulgente raio de luz. A catedral ebúrnea do meu sonho, Onde os meus olhos tão cansados ponho, Recebe a benção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres responsos: "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Por entre lírios e lilases desce A tarde esquiva: amargurada prece Poe-se a luz a rezar. A catedral ebúrnea do meu sonho Aparece na paz do céu tristonho Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos: "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O céu e todo trevas: o vento uiva. Do relâmpago a cabeleira ruiva Vem acoitar o rosto meu. A catedral ebúrnea do meu sonho Afunda-se no caos do céu medonho Como um astro que já morreu.
E o sino chora em lúgubres responsos: "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Podemos perceber que logo no começo do poema há a presença da musicalidade a partir das rimas e no decorrer do poema, podemos perceber a presença da sinestesia e do subjetivismo, que é a valorização do “eu”. Há também a presença do misticismo e espiritualismo, pois no final do segundo verso “E o sino canta em lúgubres responsos:” podemos perceber que o sino é estado da alma do poeta.
Cruz e Souza Como foi discutido na sala de aula o Simbolismo chegou ao Brasil em 1893, com a publicação das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de autoria de Cruz e Sousa, e se estende até 1922, quando se realizou a Semana da Arte Moderna. João da Cruz e Sousa é considerado o maior autor simbolista, foi apelidado de Dante Negro e Cisne Negro, pois era filho dos negros alforriados Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, sendo que mesmo sendo a metade da população brasileira não-branca, poucos foram os escritores negros, mulatos ou indígenas. O poeta Cruz e Sousa não conseguiu escapar das acusações de indiferença pela causa abolicionista. A acusação, porém, não procede, pois, apesar de a poesia social não fazer parte do projeto poético do Simbolismo nem de seu projeto particular, o autor, em alguns poemas, retratou metaforicamente a condição do escravo.
Principais características: - No plano temático: a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca; - No plano formal: as sinestesias, as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações), pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca.[1] É certo que encontram-se inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez, à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos. Percebe-se em suas obras influências do simbolismo europeu, como satanismo de Baudelaire ao espiritualismo. Além de Cruz e Sousa, destacam-se no Simbolismo Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry.
Alphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Ouro Preto, 24 de julho de 1870 — Mariana, 15 de julho de 1921) foi um escritor brasileiro. Sua poesia é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inadequação ao mundo. Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina, que é considerada um anjo, ou um ser celestial. Alphonsus de Guimaraens é simultaneamente neo-romântico e simbolista. Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo". Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas, particularmente a redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas). Principais obras: - Setenário das dores de Nossa Senhora (1899) - Dona Mística (1899) - Kyriale (1902) - Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923), entre outros.
Pedro Kilkerry
Pedro Kilkerry foi um poeta simbolista brasileiro, descendente de inglêses por parte do pai, o engenheiro John Kilkerry, superintendente da Bahia Gás Company Limited, e da mestiça alforriada baiana Salustiana do Sacramento Lima.Portador de tuberculose pulmonar, faleceu durante uma traqueotomia, sem ter publicado nenhum livro, apesar de ter contribuído para alguns periódicos como Nova Cruzada e Os Anais. Seus poemas foram recolhidos em 1970 por Augusto de Campos, que o considera um dos precursores de nossa modernidade. Também é chamado de “o Gregório de Matos” daquele período da vida baiana. As principais características da poesia de Kilkery são: uma sintaxe bastante elaborada, fantasias humorísticas, musicalidade, ou seja, ele representou outro lado do simbolismo, aquele mais radical, suas poesias eram difíceis e dependiam de concentração para serem entendidas. As obras de Kilkery foram colocadas como críticas da vanguarda.
Nasceu em 27 de julho de 1870 na cidade de Ouro Preto e faleceu em 15 de julho de 1921 na cidade de Mariana. A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Desde seus tempos de estudante colaborava nos jornais “Diário Mercantil”, “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo” e “A Gazeta”. Em 1895 tornou-se promotor de Justiça em Conceição do Serro (MG) e, a partir de 1906, Juiz em Mariana (MG), de onde pouco sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, (1892/1894), foi publicado em 1899, ano em que também saiu o “Setenário das Dores de Nossa Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou “Kiriale”, sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens. Sua “Obra Completa” foi publicada em 1960. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.
(fonte: Itaú Cultural)
Ismália
Alphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar...
E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar...
Cruz e Sousa João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor. Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro. Em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna.
Trecho do poema “Cristais”, no qual é claro o uso da sinestesia, recurso estilístico que associa dois sentidos ou mais (audição, visão, olfato, etc.):
Mais claro e fino do que as finas pratas o som da tua voz deliciava… Na dolência velada das sonatas como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas em lânguida espiral que iluminava, brancas sonoridades de cascatas… Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas de cantos volutuosos como rondas de silfos leves, sensuais, lascivos…
Como que anseios invisíveis, mudos, da brancura das sedas e veludos, das virgindades, dos pudores vivos.
Referência: www.brasilescola.com/cruz-souza Wikipédia biografia Cruz e Souza
No Brasil, três grandes poetas destacaram-se com o movimento simbolista: Cruz e Souza (1861- 1898) nascido em Desterro, atual Florianópolis, era filho de escravos alforriados. Ele era considerado um dos maiores poetas do Simbolismo. Sofria preconceito racial. Era chamado de “Dante Negro” ou “Cisne Negro” (figura muito importante do Simbolismo). Os temas mais recorrentes em sua obra são a morte e a vida. Outras constantes em suas obras é a cor branca aparecendo como símbolo de pureza ou manifestação do seu complexo racial. Sua obra apresenta evolução na medida que abandona o subjetivismo e a angustia, sua produção inicial fala da dor e do sofrimento do homem negro. Obras de Cruz e Souza: Poesias = Broquéis (1893), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905). Prosas Poéticas = Tropos e Fanfarras (1885), Missal (1893) e Evocações (1898). Nascido em 1870, em Ouro Preto, Alphonsus de Guimarães foi um grande escritor brasileiro em que sua poesia é marcadamente mítica e melancólica, envolvida com a realidade católica, sendo sensível quando explora a morte, o amor impossível e a solidão. Ao mesmo tempo que ele é um simbolista, também é considerado um neo romântico, o poeta retrata a espiritualidade em ralação a figura feminina, considerando-a como um anjo. Além de, quase toda poesia ser voltada para o tema de morte da mulher amada, pois a morte de sua noiva, véspera ao casamento, foi um tema retomado em suas poesias. Apesar da dor com a morte de sua amada, Alphonsus casou e teve quinze filhos, morando na cidade de Mariana. Suas obras são: “Setenário das Doras de Nossa Senhora e Câmara Ardente” (1899); “Dona Mística” (1899); Kiriale (1902); Mendigos (1920); Pauvre Lyre (1921); “Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte” (1923); “Poesias” (1938); “Poesias” (1955); “Poesias” (1958); “Cantos de amor, salmos e preces” (1972); “Os Melhores Poemas de Alphonsus de Guimaraens” ( 1985); “Alphonsus de Guimaraens - Poesia Completa” (2001). Nascido na Bahia, Pedro Kilkerry (1855 – 1917) não chegou a publicar nenhum livro durante sua vida. Suas poesias apresentavam humor em suas fantasias e musicalidade, mesmo assim, sua poesia é considerada difícil. Kilkerry representou o radicalismo no Simbolismo, quanto ao aspecto construtivo. Suas obras são repletas de símbolos, porém com menos sentimentalismo, de contundente concentração imagística. Sua obra ficou conhecida a partir da publicação nas revistas “Nova Cruzada”, e os “Os anais” que foram reunidas pelo católico Jackson de Figueiredo.
As obras simbolistas vão além da subjetividade romântica.É notório o percurso crítico adotado pelos seus autores. Nota-se também, na poesia simbolista, a expressão de estados do inconsciente em que as imagens se associam em planos nem sempre lógicos. Destacamos aqui, três poetas simbolistas.
Alphonsus Guimarães, poeta mineiro que, em sua poesia destaca o caráter místico-religioso.
É em um contexto de visão critica dos padrões vigentes da época, na adoção de termos marginais e em uma viagem a um universo estranho de sugestões e significados ocultos que encontramos a poesia de Pedro kilkerry. Autor que se destaca com sua poesia altamente cromática e sensitiva, dotada de aliterações, assonâncias e sinestesias, características marcantes do simbolismo
Cruz de Souza Considerado o mais importante simbolista brasileiro , Cruz de Souza , focaliza o drama da condição humana a partir de sua vivência individual e a medida que sua obra vai se tornando mais madura, Cruz e Souza abandona o plano matéria, partindo para uma poesia metafísica, ligada às coisas do espirito. Trechos do poema Violões que choram. Ah! Plangentes violões dormentes, mornos, Soluços ao luar, choros ao vento... Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento (...) Quando os sons dos violões vão soluçando. Quando os sons dos violões nas cordas gemem. E vão dilacerando e deliciando, Rasgando as almas que nas sombras tremem.
João da Cruz e Souza nasceu em Desterro (hoje Florianópolis), filho de escravos libertos pelo marechal Guilherme de Souza, que adotou o menino negro e ofereceu-lhe a chance de estudar com os melhores professores de Santa Catarina. Foi seu mestre, inclusive, o sábio alemão Fritz Müller, correspondente de Darwin. Apesar da morte de seu protetor, conseguiu terminar o nível intermediário e, com pouco mais de dezesseis anos, tornou-se professor particular e militante da imprensa local. Aos vinte anos, seguiu com uma companhia teatral por todo o Brasil, na condição de "ponto". Durante estas viagens entregou-se à conferências abolicionistas. Em 1883, foi nomeado promotor público em Laguna, no sul da província, mas uma rebelião racista na pequena cidade, impediu-o de assumir o cargo, embora esta história seja contestada por algumas fontes. Voltou a viajar e a cada regresso sentia a ampliação do preconceito de cor. Mudou-se então, definitivamente para o Rio de Janeiro. Lá se casaria com uma moça negra (Gavita) e conseguiria modesto emprego de arquivista na Central do Brasil, já no ano de 1893. Às inúmeras dificuldades financeiras somavam-se o desprezo dos intelectuais da época, que viam nele apenas um "negro pernóstico", o período de loucura mansa vivido pela esposa, durante seis meses, e a tuberculose que atacou toda a sua família: ele, a mulher e os quatro filhos. Numa carta ao amigo e protetor, Nestor Vítor, deixou registrado seu infortúnio: "Há quinze dias tenho uma febre doida... Mas o pior, meu velho, é que estou numa indigência horrível, sem vintém para remédios, para leite, para nada! Minha mulher diz que sou um fantasma que anda pela casa!" Este mesmo amigo providenciou uma viagem do poeta à região serrana de Minas Gerais, em busca de paliativo para a doença. Mal chegando lá, Cruz e Sousa piorou e faleceu na mais absoluta solidão. Três anos após - já tendo enterrado dois filhos - Gavina também desapareceria por causa da tuberculose. O terceiro filho morreria em seguida. O último, vitimado pela mesma moléstia, desapareceria em 1915. A família estava extinta numa terrível tragédia humana. OBRAS PRINCIPAIS Broquéis (1893) - Missal (1893) - Evocações (1899) - Faróis (1900) Últimos sonetos (1905) A obra de Cruz e Sousa é a mais brasileira de um movimento que foi, entre nós, essencialmente europeu. Nela opera-se uma tentativa de síntese entre formas de expressão prestigiadas na Europa e o drama espiritual de um homem atormentado social e filosoficamente. O resultado passa, às vezes, por poemas obscuros e verborrágicos mas, na maioria dos casos, a densidade lírica e dramática do "Cisne Negro" atinge um nível só comparável ao dos grandes simbolistas franceses. O primeiro aspecto que percebemos em sua poética é a linguagem renovadora.
Nasceu em Ouro Preto, filho de um comerciante português e de uma sobrinha do escritor romântico, Bernardo Guimarães. Fez seus estudos preliminares na cidade natal e depois cursou Direito em São Paulo. Nutre intensa paixão platônica pela filha do autor de A escrava Isaura, Constança, que morreria de tuberculose antes dos dezoito anos e, para quem escreveria muitos de seus versos. Retornou para Minas Gerais, exercendo a função de juiz em Conceição do Serro e, mais tarde, em Mariana. Casou-se com uma jovem de dezessete anos, Zenaide, com quem teve quatorze filhos e com quem encaramujou-se na vida privada, ao ponto de morrer praticamente na obscuridade, às vésperas da Semana de Arte Moderna. OBRAS PRINCIPAIS Setenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona mística (1889), Câmara ardente (1899), Kyriale (1902) Mineiro, passado quase toda a sua vida nas cidades barrocas e decadentes da região aurífera, Alphonsus de Guimarães sofreu as influências ambientais dessas cidades, povoadas apenas, no dizer de Roger Bastide, "de sons e sinos, de velhas deslizando pelos becos silenciosos, de vultos que se escondem à sombra das muralhas. Cidades de brumas, conhecendo as mesmas existências cinzentas e os mesmos fantasmas noturnos: donzelas solitárias, vestidas de luar." Sua poesia gira em torno de pouco assuntos: A morte da amada É um tema dominante em sua poesia: a morte da noiva amada, a doce Constança, desaparecida na flor da mocidade. De certa forma, não conseguirá mais esquecê-la e, assim, os seus poemas de amor sempre se vincularão à idéias fúnebres. Amor e morte é uma velha fórmula romântica, mas Alphonsus a tratará de maneira diferente, fugindo do patético e alcançando um tom elegíaco*, onde predominam a melancolia e a musicalidade. Nem o casamento, nem o passar do tempo ajudarão o poeta a atenuar esta tristeza. Em vários momentos, a dor parece mais uma convenção poética do que propriamente um sentimento real.
No entanto, um soneto como Hão de chorar por ela os cinamomos guarda forte carga de emoção:
Hão de chorar por ela os cinamomos Murchando as flores ao tombar do dia Dos laranjais hão de cair os pomos Lembrando-se daquela que os colhia. As estrelas dirão: - "Ai, nada somos, Pois ela se morreu silente* e fria..." E pondo os olhos nela como pomos, Hão de chorar a irmã que lhes sorria. A lua que lhe foi mãe carinhosa Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la Entre lírios e pétalas de rosa. Os meus sonhos de amor serão defuntos... E os arcanjos dirão no azul ao vê-la, Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
Silente: silencioso, secreto.
A lembrança do sofrimento nunca o abandona, como se percebe em Ismália, espécie de balada, onde a loucura, a solidão e a morte se interpenetram:
Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar
Pedro Kilkerry teve seus poemas editados em livro pela primeira vez, em 1970
Pedro Militão Kilkerry é o mais radical, o mais moderno dos poetas simbolistas brasileiros. Filho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso. Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos. A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense. Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista". Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, mantendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis". Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia.
Alphonsus de Guimaraens A obra desse autor é caracterizada pelo triângulo: Misticismo, Amor e Morte. Ao lado dessas características, destacam ainda a linguagem de sugestão, o uso de aliterações e uma tendência à autocompaixão. TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Português de olho no trabalho: volume único. São Paulo: Scipione, 2004 "Hão de chorar por ela os cinamomos" Hão de chorar por ela os cinamomos, Murchando as flores ao tombar do dia. Dos laranjais hão de cair os pomos, Lembrando-se daquela que os colhia.
As estrelas dirão - "Ai! nada somos, Pois ela se morreu silente e fria... " E pondo os olhos nela como pomos, Hão de chorar a irmã que lhes sorria.
A lua, que lhe foi mãe carinhosa, Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la Entre lírios e pétalas de rosa.
Os meus sonhos de amor serão defuntos... E os arcanjos dirão no azul ao vê-la, Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
Pedro Kilkerry Segundo Augusto Campos, Kilkerry traz para o simbolismo como uma concepção moderníssima da poesia como síntese, como condensação: poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo de uma extraordinária funcionalidade verbal. CAMPOS, Augusto. [in re-visão de Kilkerry. São Paulo: Fundo Estadual de Cultura, s.d., p.11]
Vinho, 1909
Alma presa da Grécia, em prisão de turquesa! Vibre a Vida a cantar nessas taças à Vida, Como, dentro do Sangue, a Alma da Natureza — Num seio nu, num ventre nu, — ferve incendida!
Vinho de Cós! e quente! a escorrer sobre a mesa Como um rio de fogo, onde vela perdida, Braço branco, embalada à flor da correnteza, Floresce ao sol, floresce à luz, floresce à Vida!
Oh! benvinda; benvinda essa vela que chega! Nau de rastro que traz a ilusão de uma grega Descerrando à Volúpia a clâmida aquecida...
Vinho de Cós! vinho de Cós! e os nossos olhos De Virgílios a errar entre vagas e escolhos, Argonautas de Amor sobre os mares da Vida!
In: CAMPOS, Augusto de. ReVisão de Kilkerry. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 198
Alphonsus de Guimaraens é um dos poetas brasileiros mais místicos. Além dessa característica, encontramos em seus poemas a nostalgia de um tempo e de um espaço esfumaçados na memória, impondo-se para sobreviver no presente. Em sua obra encontramos outros temas como a solidão, o isolamento, a loucura, a desilusão; tais temas estão na lírica de Alphonsus de Guimaraens, sedimentados pela elegância da métrica, pela rima e pela musicalidade tecida nos poemas.
Afonso Henrique da Costa Guimaraens nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870. Estudou Direito na Faculdade de Direito de São Paulo e na Escola Livre de Direito de Minas Gerais. Assumiu, em 1895, o cargo de Promotor de Justiça da Comarca de Conceição do Serro, atual Conceição do Mato Dentro, e, posteriormente, o de Juiz Substituto. Casou-se com Zenaide, filha do capitão João Alves de Oliveira, escrivão da Coletoria Estadual, com quem teve 15 filhos. Em 1906, nomeado Juiz Municipal, mudou-se para Mariana, onde permaneceu até a morte, em 1921.
Considerado um dos grandes representantes do Simbolismo no Brasil, Alphonsus de Guimaraens iniciou sua incursão no jornalismo em São Paulo, em companhia dos colegas padre Severiano de Rezende e Adolfo Araújo, fundador de “A Gazeta”. Os versos de Alphonsus eram publicados em jornais da época e muitos deles constam em publicações posteriores, reunidos em livro.
Alphonsus de Guimarães publicou crônicas e poesias em jornais e revistas, entre os quais se destacam: “Diário Mercantil” (São Paulo), “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo”, “A Gazeta” (São Paulo), “O Germinal” (Mariana), “O Conceição do Serro” (Jornal Político), “Revista Fonfon” (Rio de janeiro), “Jornal do Comércio” (Juiz de Fora), “O Alfinete” (Mariana).
Constam na bibliografia de Alphonsus de Guimaraens, “Setenário das Doras de Nossa Senhora e Câmara Ardente” (1899); “Dona Mística” (1899); Kiriale (1902); Mendigos (1920); Pauvre Lyre (1921); “Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte” (1923); “Poesias” (1938); “Poesias” (1955); “Poesias” (1958); “Cantos de amor, salmos e preces” (1972); “Os Melhores Poemas de Alphonsus de Guimaraens” ( 1985); “Alphonsus de Guimaraens - Poesia Completa” (2001).
Pedro Militão Kilkerry é o mais radical, o mais moderno dos poetas simbolistas brasileiros.
Filho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso.
Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos.
A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense.
Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista".
Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, mantendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis".
Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia.
Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em 24 de julho de 1870, em Ouro Preto, Minas Gerais. É considerado o autor místico do Simbolismo, pela evidência de um triângulo em sua obra: misticismo, amor e morte. A vida do autor norteia sua obra através dos marcos da morte da noiva e da devoção à Maria, envoltos em um clima de misticismo exacerbado, no qual a morte é vista como o meio de aproximação do amor (Constança) e de Maria (figura religiosa).
Seu primeiro livro fio publicado em 1899 em forma de poemas, chamado “Dona Mística”. Neste mesmo ano publicou Setenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente. Em 1902, escreve e publica Kyriale sob o pseudônimo consagrado de Alphonsus Guimarãens. Alphonsus de Guimaraens morreu em Mariana MG em 15 de julho de 1921. Pedro Kilkerry Nasceu em Santo Antônio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro As principais características da poesia de Kilkery são: uma sintaxe bastante elaborada, fantasias humorísticas, musicalidade, ou seja, ele representou outro lado do simbolismo, aquele mais radical, suas poesias eram difíceis e dependiam de concentração para serem entendidas. As obras de Kilkery foram colocadas como críticas da vanguarda. João da Cruz e Sousa, considerado o mestre do simbolismo brasileiro, nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis - SC, no dia 24 de novembro de 1861 Vítima de perseguições raciais, foi duramente discriminado, inclusive quando foi proibido de assumir o cargo de promotor público em Laguna - SC. Em 1890 transferiu-se para o Rio de Janeiro, ocasião em que entrou em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Faleceu em 19 de março de 1898, aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão. Sua obra só foi reconhecida anos depois de sua partida.
Por que, á luz de um sol de primavera Urna floresta morta? Um passarinho Cruzou, fugindo-a, o seio que lhe dera Abrigo e pouso e que lhe guarda o ninho.
Nem vale, agora, a mesma vida, que era Como a doçura quente de um carinho, E onde flores abriram, vai a fera — Vidrado o olhar — lá vai pelo caminho.
Ah! quanto dói o vê-la, aqui, Setembro, Inda banhada pela mesma vida! Floresta morta a mesma cousa lembro;
Sob outro céu assim, que pouco importa, Abrigo á fera, mas, da ave fugida, Há no meu peito urna floresta morta.
Antífona Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas! Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmante puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos, Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes... Dormências de volúpicos venenos Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos, Inefáveis, edênicos, aéreos, Fecundai o Mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios.
Do Sonho as mais azuis diafaneidades Que fuljam, que na Estrofe se levantem E as emoções, todas as castidades Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Que o pólen de ouro dos mais finos astros Fecunde e inflame a rima clara e ardente... Que brilhe a correção dos alabastros Sonoramente, luminosamente.
Forças originais, essência, graça De carnes de mulher, delicadezas... Todo esse eflúvio que por ondas passa Do Éter nas róseas e áureas correntezas...
Cristais diluídos de clarões alacres, Desejos, vibrações, ânsias, alentos Fulvas vitórias, triunfamentos acres, Os mais estranhos estremecimentos...
Flores negras do tédio e flores vagas De amores vãos, tantálicos, doentios... Fundas vermelhidões de velhas chagas Em sangue, abertas, escorrendo em rios...
Tudo! vivo e nervoso e quente e forte, Nos turbilhões quiméricos do Sonho, Passe, cantando, ante o perfil medonho E o tropel cabalístico da Morte...
No presente poema podemos perceber o vasto uso de palavras que nos remetem ao sublime, ao puro ao celeste, transmitindo uma ideia transcendente de sobreposição ao nível terreno.
A musicalidade que também estava presente na vida do poeta e o mesmo tentava aproximar a poesia da música, dando ênfase nos fonemas, trabalhando com as sinestesias. Outra característica presente nesse poema como em outros poemas, é uma predisposição para a formação de imagens através das palavras. O poeta brinca com as palavras, nos fazendo imaginá-las em nossa mente a partir da significação no contexto em que estão inseridas. Como quando o poeta inicia o poema, enfatizando as formas alvas, brancas, as formas do amor. Remetem-nos claramente ao termo Simbolismo, relacionado ao signo icônico, semiótico, símbolo e pensamento por imagem.
BIOGRAFIA (1861 - 1898)
João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham. Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar. Sofre uma série de perseguições raciais, culminando com a proibição de assumir o cargo de promotor público em Laguna, por ser negro. Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de Missal e Broquéis (1893), só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central. Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos. O poeta contrai tuberculose e vai para a cidade mineira de Sítio se tratar. Morre aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão.
BIOGRAFIA (1861 - 1898) João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham. Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar. Sofre uma série de perseguições raciais, culminando com a proibição de assumir o cargo de promotor público em Laguna, por ser negro. Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de Missal e Broqueis (1893), só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central. Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos. O poeta contrai tuberculose e vai para a cidade mineira de Sítio se tratar. Morre aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão.
FLOR DO MAR
És da origem do mar, vens do secreto, do estranho mar espumaroso e frio que põe rede de sonhos ao navio e o deixa balouçar, na vaga, inquieto Possuis do mar o deslumbrante afeto, as dormências nervosas e o sombrio e torvo aspecto aterrador, bravio das ondas no atro e proceloso aspecto. Num fundo ideal de púrpuras e rosas surges das águas mucilaginosas como a lua entre a névoa dos espaços... Trazes na carne o eflorescer das vinhas, auroras, virgens músicas marinhas, acres aromas de algas e sargaços...
PEDRO KILKERRY
Filho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso.
Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos.
A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense.
Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista.”
Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, mantendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis".
Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia.
Biografia de Alphonsus de Guimaraens Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu a 24 de julho de 1870 na cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. Após cursar as primeiras letras, matriculou-se, em 1887, no curso de engenharia. No entanto, em 1888, morre sua noiva, Constança, filha de Bernardo Guimarães, autor de "A escrava Isaura". A morte da moça abalou moralmente e e fisicamente o poeta. Doente, vem, em 1891, para São Paulo, onde matricula-se no curso de Direito da Faculdade do Largo São Francisco. Em São Paulo, colaborou na imprensa e entrou em contato com os jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e Souza. Após concluir o curso volta para Minas Gerais e, no ano de 1897, casa-se com Zenaide de Oliveira. Em 1906 é nomeado juiz em Mariana, onde falece em 15 de julho de 1921. Devido ao período que viveu em Mariana, ficou conhecido como "O Solitário de Mariana", apesar de ter vivido lá com a mulher e , acredite se quiser, seus 14 filhos. O apelido foi dado a ele devido ao estado de isolamento completo em que viveu. Sua vida, nessa época, passou a ser dedicada basicamente às atividades de juiz e à elaboração de sua obra poética. Apesar de ter se casado posteriormente, o amor por Constança marcou profundamente sua poesia. Além disso, o misticismo e a morte são outras características que marcaram profundamente sua poesia. O misticismo surge em decorrência do amor pela noiva e de sua profunda devoção pela Virgem Maria. A morte é vista como a única maneira de aproximar-se de sua Amada é também da Virgem Maria. Por isso, o amor é totalmente espiritual. Além dessas influências, Alphonsus de Guimaraens foi influênciado também pelos escritores Verlaine e Mallarmé, a quem chegou a traduzir. A obra de Alphonsus de Guimaraens é composta por: Poesia • Setenário das Dores de Nossa Senhora (1899) • Câmara Ardente (1899) • Dona Mística (1899) • Kyriale (1902) • PauvreLyre (1921) • Pastoral aos crentes do Amor e da Morte (1923) • Prosa • Mendigos (1920) http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/alphonsus/afonso-guimaraes.php
Alphonsus de Guimaraens Alphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Ouro Preto, 24 de julho de 1870 — Mariana, 15 de julho de 1921) foi um escritor brasileiro. Filho de Albino da Costa Guimarães, comerciante português, e de Francisca de Paula Guimarães Alvim, sobrinho do poeta Bernardo de Guimarães. A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo. Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina, que é considerada um anjo, ou um ser celestial. Alphonsus de Guimaraens é simultaneamente neo-romântico e simbolista. Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo". Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas, particularmente a redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas). Principais Obras de Alphonsus de Guimaraens: Setenário das Dores de Nossa Senhora, Câmara Ardente, Dona Mística, Kyriale, Mendigos, Ismália". Póstumas Pastoral aos crentes Escada de Jacó Pulvis Salmos Poesias Jesus Alphonsus
COUTINHO, Afrânio; SOUSA, J. Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. São Paulo: Global. Obtida em "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Alphonsus_de_Guimaraens&oldid=343987 Consultado às 22h27min em 04 de abril de 2013.
Pedro Militão Kilkerry é o mais radical, o mais moderno dos poetas simbolistas brasileiros. Filho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso. Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos. A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense. Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista". Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, antendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis". Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia. http://educacao.uol.com.br/biografias/pedro-kilkerry.jhtm
Biografia de Cruz e Sousa João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor. Apesar disso, Cruz e Sousa teve que enfrentar o preconceito racial que era muito mais evidente na época do que é hoje em dia. No entanto, isso não foi pretexto para desmotivá-lo, uma vez que é conhecido como o mais importante escritor do Simbolismo. Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro. Depois de algum tempo no Rio Grande do Sul e após enfrentar represália para não sair de sua terra natal por motivo de preconceito, o autor fixa residência no Rio de Janeiro, onde trabalhou em empregos que não condiziam com sua capacidade e formação. É então, em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna. Casou-se com Gavita Gonçalves, com quem teve quatro filhos, os quais morreram precocemente por tuberculose, o que deixou-a enlouquecida 1896. Foi o escritor quem cuidou da esposa, em casa mesmo. Essa é a temática de muitos poemas de Cruz e Sousa. A linguagem de Cruz e Sousa, herdada do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos vocábulos.
Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em 19 de março de 1898, vítima do agravamento no quadro de tuberculose. http://www.brasilescola.com/literatura/cruz-sousa.htm
Nesse poema podemos perceber as características desse autor,no qual faz uso dos planos usando a metónima e a metáfora.nesse poema há a repetição das vogais "a" e "o" causando assim uma sonoridade.
Pedro Kilkerry um dos maiores poetas brasileiro, nasceu no dia 10 de março de 1885,trouxe para o simbolismo um sentido novo, para a poesia também inferindo audácia e funcionalidade verbal, possui invunerabilidade ao pieguismo e ao sentimentalismo do poeta.
In revisão Kilkerry,São Paulo:fundo estadual de cultura.s.d./p.11]
João da Cruz,é considerado grande poeta e simbolista, filho de ex-escravo, herdou o sobre nome souza do ex dono, como era de costume os escravos receberem o sobrenome dos donos. muitas coisas da vida do poeta possui ligações com o tempo da escravidão, no qual vive, segundo o texto de Danilo Lobo(UnB). Suas obras tem um impulso de divindade e possui semelhanças com BAUDELAIRE.
As obras que mais se encontra traços do autor são Broqueis, Últimos Sonetos, Missa do Galoe Evocações, segundo o texto de Danilo Lobo, a mudança é claramente notável no modo de pensar do poeta no que concerne à sua vida. (p 54)
Alphonsus Guimarães, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarâes, nasceu em Ouro Preto, filho de Albino da Costa Guimarães comerciante português, e de Francisca de Paula Guimarães Alvim, sobrinho do poeta Bernado Guimarães. Estudou engenharia, direito, colaborou com a imprensa em São Paulo e frequentou a Vila Kyrial, de José de Freitas vale, onde se reuniam os jovens simbolistas.
CONTINUANDO Foi um escritor brasileiro,amigo de Cruz e Souza, juiz, promotor, casou com Zenáide teve 15 filhos. Em 1899 estreou na literatura com Septenário das dores de Nossa Senhora, Câmara ardente e Dona Mística ambos de inspiração simbolista. Ele também foi conhecido como "O solitário de Mariana."
CONTINUANDO Suas obras são marcadas e envolvidas com a religiosidade católica. Seus sonetos a apresentam uma estrutura clássica, são profundamente religioso e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo.
CONTINUAÇÃO de Pedro Kilkerry Nasceu em Santo Antônio de Jesus na Bahia, não chegou a publicar livros em sua vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas até ser recolhida na antologia do movimento simbolista.[...]Kilkerry, pode ser colocado entre aqueles simbolistas que anteciparam muitas das novas técnicas postas em prática pelos movimentos de vanguarda...
CONTINUANDO do início do século. No contexto brasileiro,o surto renovador do modernismo enclodiu com algum retardo já na década de 20.Segundo Augusto de Campos. Extraído de: Dalila Machado. os Tempos Fáusticos na lírica do Lugar Salvador:EDUFBA,2010,267P.ISBN978-85232-0704-5
Referência da pesquisa de Alphonsus Guimarães: COUTINHO Afrânio;SOUZA, J.Galante de Enciclopédia de Literatura brasileira. São Paulo:Global.Acessado no dai 12/04/13.
Pedro Militão Kilkerry foi um poeta simbolista brasileiro. Era descendente de ingleses por parte do pai, o engenheiro John Kilkerry, superintendente da Bahia Gás Company Limited, e da mestiça alforriada baiana Salustiana do Sacramento Lima. Nasceu em Santo Antonio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952), de Andrade Muricy. Considerado por Augusto de Campos como um dos precursores de nossa modernidade.
FLORESTA MORTA Por que, á luz de um sol de primavera Urna floresta morta? Um passarinho Cruzou, fugindo-a, o seio que lhe dera Abrigo e pouso e que lhe guarda o ninho. Nem vale, agora, a mesma vida, que era Como a doçura quente de um carinho, E onde flores abriram, vai a fera — Vidrado o olhar — lá vai pelo caminho. Ah! quanto dói o vê-la, aqui, Setembro, Inda banhada pela mesma vida! Floresta morta a mesma cousa lembro; Sob outro céu assim, que pouco importa, Abrigo á fera, mas, da ave fugida, Há no meu peito urna floresta morta.
Por volta de 1893 iniciou-se no Brasil o movimento Simbolista,e com a publicação das obras Missal e Broquéis, ambas de autoria de Cruz e Sousa, que é considerado o maior autor simbolista. Além de Cruz e Sousa, destacam-se Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry.
Cruz e Sousa
Principais obras: - Missal (prosa) - Broquéis (poesia) - Tropos e fantasias - Faróis - Últimos sonetos
Principais características: - No plano temático: a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca; - No plano formal: as sinestesias, as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos.
Alphonsus de Guimaraens
Principais obras: - Setenário das dores de Nossa Senhora (1899) - Dona Mística (1899) - Kyriale (1902) - Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923), entre outros.
Sua poesia desenvolve-se em torno de um misticismo marcado pela morte, que surge como uma inevitabilidade, e é praticamente transformada em objeto de adoração. Formalmente, o autor revela influências árcades e renascentistas, sem cair no formalismo parnasiano. O poeta chegou a explorar a redondilha maior, de longa tradição popular, medieval e romântica, sua obra é rica em recursos como aliterações e sinestesias.
Pálida, bela, escultural, clorótica Sobre o divã suavíssimo deitada, Ela lembrava -- a pálpebra cerrada -- Uma ilusão esplendida de ótica. A peregrina carnação das formas, -- o sensual e límpido contorno, Tinham esse quê de avérnico e de morno, Davam a Zola as mais corretas normas!... Ela dormia como a Vênus casta E a negra coma aveludada e basta Lhe resvalava sobre o doce flanco... Enquanto o luar -- pela janela aberta -- -- como uma vaga exclamação -- incerta Entrava a flux -- cascateado -- branco!!...
Cruz e Sousa
Veja um trecho do famoso poema “Ismália”...
Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar...
E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar...
Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis – Santa Catarina – em 1861 e morreu em Minas Gerais em 1898. Foi filho de escravos alforriados e criado pelos patrões de seus pais. É considerado um dos maiores escritores do Simbolismo brasileiro, sendo que seus textos falam sobre morte, Deus, mistério da vida e personagens marginalizados. Pedro Militão Kilkerry, nascido em 1885, em Salvador da Baía, e falecido na mesma cidade, em 1917, morreu sem ter visto ser publicada em vida nenhuma das suas obras, embora posteriormente tenha sido considerado um dos grandes nomes do simbolismo brasileiro. Afonso Henrique da Costa Guimaraens nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870. Os versos de Alphonsus eram publicados em jornais da época e muitos deles constam em publicações posteriores, reunidos em livro.
SETE DAMAS
Sete Damas por mim passaram. E todas sete me beijaram.
E quer eu queira quer não queira. Elas vêm cada sexta-feira.
Sei que plantaram sete ciprestes. Nas remotas solidões agrestes.
Deixaram-me como um mendigo… Se elas vão acabar comigo!
Todas, rezando os Ste Salmos. No chão cavaram sete palmos.
João da Cruz e Sousa, considerado o mestre do simbolismo brasileiro, nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis - SC, no dia 24 de novembro de 1861. Desde pequenino foi protegido pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa, que o acolheram como o filho que não conseguiram ter. O referido marechal havia alforriado os pais do escritor, negros escravos. Educado na melhor escola secundária da região, teve que abandonar os estudos e ir trabalhar, face ao falecimento de seus protetores. Vítima de perseguições raciais, foi duramente discriminado, inclusive quando foi proibido de assumir o cargo de promotor público em Laguna - SC. Em 1890 transferiu-se para o Rio de Janeiro, ocasião em que entrou em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Vivia de suas colaborações em jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de "Missal" e "Broquéis" (1893), só conseguiu se empregar na Estrada de Ferro Central do Brasil, no cargo de praticante de arquivista. Casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, em 09 de novembro de 1893. O poeta contraiu tuberculose e mudou-se para a cidade de Sítio - MG, a procura de bom clima para se tratar. Faleceu em 19 de março de 1898, aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão. Sua obra só foi reconhecida anos depois de sua partida. Gavita, que ficou viúva, grávida, e com três filhos para criar. Após o a morte do escritor perdeu dois filhos, vitimados também pela tuberculose. Com problemas mentais, passou vários períodos em hospitais psiquiátricos, vindo a falecer. O terceiro filho, com a mesma doença, faleceu logo em seguida. O único filho que sobreviveu, que tinha o nome do pai, também faleceu vitima dessa doença aos dezessete anos de idade.
Escárnio perfumado
Cruz e Sousa
Quando no enleio De receber umas notícias tuas, Vou-me ao correio, Que é lá no fim da mais cruel das ruas,
Vendo tão fartas, D'uma fartura que ninguém colige, As mãos dos outros, de jornais e cartas E as minhas, nuas - isso dói, me aflige...
E em tom de mofa, Julgo que tudo me escarnece, apoda, Ri, me apostrofa,
Pois fico só e cabisbaixo, inerme, A noite andar-me na cabeça, em roda, Mais humilhado que um mendigo, um verme...
Nasceu em Santo Antonio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952), de Andrade Muricy. Considerado por Augusto de Campos como um dos precursores de nossa modernidade, é reconhecido na Re-visão de Kilkerry (1970).
“Na verdade, mais do que o exotismo de uma personalidade invulgar, Kilkerry traz para o Simbolismo brasileiro um sentido de pesquisa que lhe era, até então, estranho, e uma concepção nova, moderníssima, da poesia como síntese, como condensação; poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo, de uma extraordinária funcionalidade verbal, numa época em que o ornamental predominava e os adjetivos vinham de cambulhada, num borbotão sonoro-sentimental que ameaçava deteriorar os melhores poemas.”
AUGUSTO DE CAMPOS [in Re-visão de Kilkerry. São Paulo: Fundo Estadual de Cultura, s.d., p. 11]
Poeta simbolista, nascido em Minas Gerais no ano de 1870, Alphonsus de Guimaraens dedicou-se a uma escrita que privilegiava temas como o amor, a morte e a religiosidade.
Trata-se de um dos poetas brasileiros mais místicos. Além dessa característica, encontramos em seus poemas a nostalgia de um tempo e de um espaço esfumaçados na memória, impondo-se para sobreviver no presente.
Mas há outros temas na obra de Alphonsus de Guimaraens: a solidão, por exemplo, agravada pela percepção da dualidade entre corpo e alma; o isolamento experimentado pelo homem ao entrar nas imensas catedrais (imagem do homem em contato com Deus); a loucura, como efeito da angústia para romper a distância entre o celestial e o terreno; e a desilusão, como se o belo e o perfeito tivessem sido subtraídos da condição humana.
Todos esses temas estão na lírica de Alphonsus, sedimentados pela elegância da métrica, pela rima e pela musicalidade tecida nos poemas.
Cruz e Souza, Pedro Kilkerry, Alphonsus de Guimaraens são os precussores do movimento simbolista no Brasil. Sendo Cruz e Souza o grande nome do movimento simbolista, pois o movimento se dá a partir do lançamento de duas de suas obras, Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), o autor vence o preconceito do qual fora vítima e torna-se um autor consagrado.
João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.
Apesar disso, Cruz e Sousa teve que enfrentar o preconceito racial que era muito mais evidente na época do que é hoje em dia. No entanto, isso não foi pretexto para desmotivá-lo, uma vez que é conhecido como o mais importante escritor do Simbolismo.
Em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna.
Casou-se com Gavita Gonçalves, com quem teve quatro filhos, os quais morreram precocemente por tuberculose, o que deixou-a enlouquecida 1896. Foi o escritor quem cuidou da esposa, em casa mesmo. Essa é a temática de muitos poemas de Cruz e Sousa.
A linguagem de Cruz e Sousa, herdada do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos vocábulos.
Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em 19 de março de 1898, vítima do agravamento no quadro de tuberculose.
Veja um trecho do poema “Cristais”, no qual é claro o uso da sinestesia, recurso estilístico que associa dois sentidos ou mais (audição, visão, olfato, etc.):
Mais claro e fino do que as finas pratas o som da tua voz deliciava… Na dolência velada das sonatas como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas em lânguida espiral que iluminava, brancas sonoridades de cascatas… Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas de cantos volutuosos como rondas de silfos leves, sensuais, lascivos…
Como que anseios invisíveis, mudos, da brancura das sedas e veludos, das virgindades, dos pudores vivos.
Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em 24 de julho de 1870, em Ouro Preto, Minas Gerais. Cursa a Escola de Minas de Ouro Preto quando perde sua noiva Constança, em 28 de dezembro de 1888, filha do romancista Bernardo Guimarães, o escritor de Escrava Isaura.
Alphonsus Guimaraens é considerado o autor místico do Simbolismo, pela evidência de um triângulo em sua obra: misticismo, amor e morte.
Seu primeiro livro publicado em 1899 é em forma de poemas, chamado Dona Mística. Neste mesmo ano, também foi a publicação de Setenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente. Um tempo depois, em 1902, escreve e publica Kyriale sob o pseudônimo consagrado de Alphonsus Guimaraens.
A vida do autor norteia sua obra através dos marcos da morte da noiva e da devoção à Maria, envoltos em um clima de misticismo exacerbado, no qual a morte é vista como o meio de aproximação do amor (Constança) e de Maria (figura religiosa).
O autor morreu em 15 de julho do ano de 1921, conhecido como “O solitário de Mariana”, por ter vivido isolado dos acontecimentos.
Veja um trecho do famoso poema “Ismália”, personagem de fim trágico:
Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar...
E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar...
PEDRO KILKERRY nasceu em Santo Antonio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952), de Andrade Muricy. Considerado por Augusto de Campos como um dos precursores de nossa modernidade, é reconhecido na Re-visão de Kilkerry (1970). “O metro é livre, vivamo-lo” KILKERRY Segundo Augusto de Campos
“Na verdade, mais do que o exotismo de uma personalidade invulgar, Kilkerry traz para o Simbolismo brasileiro um sentido de pesquisa que lhe era, até então, estranho, e uma concepção nova, moderníssima, da poesia como síntese, como condensação; poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo, de uma extraordinária funcionalidade verbal, numa época em que o ornamental predominava e os adjetivos vinham de cambulhada, num borbotão sonoro-sentimental que ameaçava deteriorar os melhores poemas.” AUGUSTO DE CAMPOS [in Re-visão de Kilkerry. São Paulo: Fundo Estadual de Cultura, s.d., p. 11]
Foi filho de escravos alforriados e criado pelos patrões de seus pais. Por ser negro, sofreu com o preconceito racial. Começou sua carreira jornalística e literária em Desterro, colaborando para jornais e escrevendo textos abolicionistas. Nessa época publicou “Tropos e Fantasias” em parceria com Vírgílio Várzea. Apesar de tanto sofrimento, Cruz e Sousa é considerado o maior e melhor escritor simbolista brasileiro, suas obras “Missal” e “Broquéis” marcam o início deste período literário no Brasil, em 1893. Os simbolistas procuravam obter em suas obras variados efeitos sonoros e rítmicos, além do gosto pela linguagem rebuscada. Cruz e Sousa, é claro, não fugiu destas características, além delas, seus textos falam sobre morte, Deus, mistérios da vida e personagens marginalizados. Sua linguagem é muito rica e seus poemas mais longos possuem grande musicalidade. Obras: Vida Obscura, Triunfo Supremo, Sorriso Interior e Monja Negra. Obras Póstumas: Evocações, Faróis, Últimos Sonetos e O Livro Derradeiro.
PEDRO KILKERRY Poeta brasileiro, Pedro Militão Kilkerry, nascido em 1885, em Salvador da Baía, e falecido na mesma cidade, em 1917,morreu sem ter visto ser publicada em vida nenhuma das suas obras, embora posteriormente tenha sido considerado um dos grandes nomes do simbolismo brasileiro. Em 1913, fez o bacharelato em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Bahia. Nesta época, colaborava nas revistas Nova Cruzada, Os Anais, Via Láctea e A Voz do Povo e em jornais como A Tarde, A Gazeta do Povo e Jornal Moderno. Entretanto, tornou-se advogado e escriturário. Em 1917, depois de levar uma vida boemia, morreu na miséria vítima de tuberculose. Apesar da sua obra poética ter integrado o volume Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro, uma recolha de Andrade Muricy, só em 1970, por iniciativa do poeta Augusto de Campos, o seu trabalho foi recuperado e publicado na obra Revisão de Kilkerry. Este livro era composto por 36 poemas recolhidos nas revistas e jornais onde colaborou e garantiu-lhe o reconhecimento público que nunca conheceu em vida.
ALPHONSUS DE GUIMARAENS Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em 24 de julho de 1870, em Ouro Preto, Minas Gerais. Cursa a Escola de Minas de Ouro Preto quando perde sua noiva Constança, em 28 de dezembro de 1888, filha do romancista Bernardo Guimarães, o escritor de Escrava Isaura. Pouco tempo depois, transfere-se para São Paulo, onde cursa a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, na qual se forma em 1894. Logo após formar, o autor exerce sua profissão no cargo de promotor em Minas Gerais. Durante esse período já havia colaborado para os jornais Diário Mercantil, Comércio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S. Paulo e A Gazeta.
Casa-se com Zenaide de Oliveira em 1897 e em 1906 passa a ser juiz da cidade de Mariana, ainda em Minas, lugar de onde não saiu mais e criou 14 filhos!
Alphonsus Guimaraens é considerado o autor místico do Simbolismo, pela evidência de um triângulo em sua obra: misticismo, amor e morte.
Seu primeiro livro publicado em 1899 é em forma de poemas, chamado Dona Mística. Neste mesmo ano, também foi a publicação de Setenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente. Um tempo depois, em 1902, escreve e publica Kyriale sob o pseudônimo consagrado de Alphonsus Guimaraens.
A vida do autor norteia sua obra através dos marcos da morte da noiva e da devoção à Maria, envoltos em um clima de misticismo exacerbado, no qual a morte é vista como o meio de aproximação do amor (Constança) e de Maria (figura religiosa).
O autor morreu em 15 de julho do ano de 1921, conhecido como “O solitário de Mariana”, por ter vivido isolado dos acontecimentos.
O simbolismo brasileiro foi influenciado ideologicamente por Charles Baudelaire. No Brasil os principais pilares são: Cruz e Souza, Alphonsus Guimaraens e Pedro Kilkerry, que trazem na sua poética elementos originados do estilo francês, como: musicalidade, sinestesia, cores e simbologias.
João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.Em 1883 foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea.. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em fevereiro de 1893, publica Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura. Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações), pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca. É certo que se encontram inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez, à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos. Abaixo, temos um poema do autor em que ele lança mão da sinestesia: Mais claro e fino do que as finas pratas o som da tua voz deliciava… Na dolência velada das sonatas como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas em lânguida espiral que iluminava, brancas sonoridades de cascatas… Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas de cantos volutuosos como rondas de silfos leves, sensuais, lascivos…
Como que anseios invisíveis, mudos, da brancura das sedas e veludos, das virgindades, dos pudores vivos.
Obras: Poesia: Broquéis (1893); Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905). Prosa poética: Tropos e fanfarras (1885) em conjunto com Virgílio Várzea, Missal (1893) e Evocações (1898).
Pedro Kilkerry :Nascido em Salvador, no dia 10 de Março de 1885, Pedro Kilkery, não chegou a publicar nenhum livro durante sua vida, somente um em 1971 com seus 36 poemas e ajudou em alguns periódicos (jornais) como: Os Anais e Cruzada. As principais características da poesia de Kilkery são: uma sintaxe bastante elaborada, fantasias humorísticas, musicalidade, ou seja, ele representou outro lado do simbolismo, aquele mais radical. As obras de Kilkery foram colocadas como críticas da vanguarda.
Alphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães,foi um escritor brasileiro. Considerado um dos grandes representantes do Simbolismo no Brasil. iniciou sua incursão no jornalismo em São Paulo, em companhia dos colegas padre Severiano de Rezende e Adolfo Araújo, fundador de “A Gazeta”. Seus versos eram publicados em jornais da época e muitos deles constam em publicações posteriores, reunidos em livro. Sua poesia é marcadamente mística e envolvida com a religião católica.Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo.Sua poesia expressa uma atitude melancólica sobre o tema morte. O sentimento resignado, o sofrimento e a desesperança estão presentes em seus versos. O seu espiritualismo é voltado para a religiosidade e o misticismo. Afonso Henrique da Costa Guimarães (seu nome civil) morreu na cidade de Mariana, Minas Gerais, no dia 15 de julho de 1921. Obras : Setenário das Dores de Nossa Senhora, poesia 1899 Dona Mística, poesia, 1899 Câmara Ardente, poesia, 1899 Kiriale, poesia, 1902 Mendigos, prosa, 1920 Pauvre Lyre, poesia, 1921 Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, poesia, 1923 Poesias (Nova Primavera, Escada de Jacó, Pulvis, poesia, 1938
Nascido em Novembro de 1861, filho de escravos alforriados e criado pelos patrões de seus pais, Cruz e Souza,por ser negro, sofreu com o preconceito racial. Começou sua carreira jornalística e literária em Desterro, colaborando para jornais e escrevendo textos abolicionistas. Nessa época publicou “Tropos e Fantasias” em parceria com Vírgílio Várzea. Apesar de tanto sofrimento, Cruz e Sousa é considerado o maior e melhor escritor simbolista brasileiro, suas obras “Missal” e “Broquéis” marcam o início deste período literário no Brasil, em 1893. Os simbolistas procuravam obter em suas obras variados efeitos sonoros e rítmicos, além do gosto pela linguagem rebuscada. Cruz e Sousa, é claro, não fugiu destas características, além delas, seus textos falam sobre morte, Deus, mistérios da vida e personagens marginalizados.Sua linguagem é muito rica e seus poemas mais longos possuem grande musicalidade. No que Tange às suas principais obras destacam-se: - Missal (prosa) - Broquéis (poesia) - Tropos e fantasias - Faróis - Últimos sonetos Principais características: - No plano temático: a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca; - No plano formal: as sinestesias, as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos.
No que diz respeito a PEDRO KILKERRY, este nasceu em Santo Antonio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952), de Andrade Muricy. Considerado por Augusto de Campos como um dos precursores de nossa modernidade, é reconhecido na Re-visão de Kilkerry (1970).“O metro é livre, vivamo-lo” KILKERRY Segundo Augusto de Campos“Na verdade, mais do que o exotismo de uma personalidade invulgar, Kilkerry traz para o Simbolismo brasileiro um sentido de pesquisa que lhe era, até então, estranho, e uma concepção nova, moderníssima, da poesia como síntese, como condensação; poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo, de uma extraordinária funcionalidade verbal, numa época em que o ornamental predominava e os adjetivos vinham de cambulhada, num borbotão sonoro-sentimental que ameaçava deteriorar os melhores poemas.” AUGUSTO DE CAMPOS [in Re-visão de Kilkerry. São Paulo: Fundo Estadual de Cultura, s.d., p. 11]
Referência da pesquisa de Alphonsus Guimarães: COUTINHO Afrânio;SOUZA, J.Galante de Enciclopédia de Literatura brasileira. São Paulo:Global.Acessado no dai 12/04/13.
Alphonsus de Guimaraens no que se refere às suas principais obras, destacam-se: - Setenário das dores de Nossa Senhora (1899) - Dona Mística (1899) - Kyriale (1902) - Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923), entre outros. Sua poesia desenvolve-se em torno de um misticismo marcado pela morte, que surge como uma inevitabilidade, e é praticamente transformada em objeto de adoração. Formalmente, o autor revela influências árcades e renascentistas, sem cair no formalismo parnasiano. O poeta chegou a explorar a redondilha maior, de longa tradição popular, medieval e romântica, sua obra é rica em recursos como aliterações e sinestesias. Alphonsus Guimaraens é considerado o autor místico do Simbolismo, pela evidência de um triângulo em sua obra: misticismo, amor e morte.Seu primeiro livro publicado em 1899 é em forma de poemas, chamado Dona Mística. Neste mesmo ano, também foi a publicação de Setenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente. Um tempo depois, em 1902, escreve e publica Kyriale sob o pseudônimo consagrado de Alphonsus Guimaraens.A vida do autor norteia sua obra através dos marcos da morte da noiva e da devoção à Maria, envoltos em um clima de misticismo exacerbado, no qual a morte é vista como o meio de aproximação do amor (Constança) e de Maria (figura religiosa).O autor morreu em 15 de julho do ano de 1921, conhecido como “O solitário de Mariana”, por ter vivido isolado dos acontecimentos.
Referência da pesquisa de Alphonsus Guimarães: COUTINHO Afrânio;SOUZA, J.Galante de Enciclopédia de Literatura brasileira. São Paulo:Global.Acessado no dai 12/04/13.
Alphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Ouro Preto, 24 de julho de 1870 — Mariana, 15 de julho de1921) foi um escritor brasileiro. A poesia de Alphonsus de Guimaraens marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão.
ResponderExcluirContudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina, que é considerada um anjo, ou um ser celestial. Alphonsus de Guimaraens é simultaneamente neorromântico e simbolista.
Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamada de “o solitário de Mariana”, a sua "torre de marfim do Simbolismo".
Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas, particularmente a redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas).
Pedro Kilkerry (Santo Antônio de Jesus, BA, 1885 – Salvador, BA, 1917).
Nascido em Salvador, no dia 10 de Março de 1885, Pedro Kilkery, não chegou a publicar nenhum livro durante sua vida, somente um em 1971 com seus 36 poemas e ajudou em alguns periódicos (jornais) como: Os Anais e Cruzada. As principais características da poesia sua são: uma sintaxe bastante elaborada, fantasias humorísticas, musicalidade, ou seja, ele representou outro lado do simbolismo, aquele mais radical, suas poesias eram difíceis e dependiam de concentração para serem entendidas. As obras de Kilkery foram colocadas como críticas da vanguarda.
Horas Ígneas (fragmento)
Eu sorvo o haxixe do estilo…
E evolve em cheiro, bestial,
Ao solo quente, como o cio
De um chacal.
Distensas, rebrilham sobre
Um verdor, flamâncias de asa…
Circula um vapor de cobre.
Os montes – de cinza e brasa.
(…).
Pedro Kilkerry, um dos principais animador do Simbolismo Nortista nasceu em Santo Antônio de Jesus, Bahia em 1855 e faleceu em Salvador, Bahia em 1917.
ResponderExcluirA sua obra foi conhecida, a partir de publicações nas revistas “Nova Cruzada” e “Os Anais” reunidos pelo pensador católico Jackson de Figueiredo.
As obras de Kilkerry, vale-se de uma sintaxe audaciosa, de fantasias humorísticos e de uma musicalidade áspera e dissonante, Killkerry representou o aspecto radical do Simbolismo. Escreveu poesias difíceis, cheia de simbolismos, porém livre de sentimentalismo.
E essas características na poesia de Kilkerry que explicam o esquecimento dele como autor e suas obras. Foi ignorado por um público critico que não tem percepção e avaliação de decifrar o que continha nas palavras escritas de seus poemas.
Alphonsos de Guimaraens escritor brasileiro nascido em Ouro Preto, estado de Minas Gerais, representante do Simbolismo, cuja obra foi marcada pela presença da lembrança da noiva Constança, que faleceu ás vésperas do casamento, suas obras são: Setenário das Dores de Nossa Senhora (1889), Câmara Ardente (1889), Pastoral dos Crentes do amor e da Morte (1923).
A sua obra foi marcada pelo triângulo: Misticismo ( Estado espiritual da união com o divino e o sobrenatural), Amor e Morte. Foi considerado o mais místico poeta de nossa literatura.
As suas poesias retomam sempre a morte de sua noiva, escreveu poemas de humor fino e requintado, cujos versos continha melancolia, músicas, anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.
João da Cruz e Souza nasceu no dia 24/11/1861 em Desterro atual Florianópolis, faleceu em Minas Gerais em 19/03/1898. Foi um dos maiores poetas do Simbolismo, chamado por muitos de “Cisne Negro” uma figura importante do Simbolismo. Os temas predominantes na obra de Cruz e Souza é a morte e a vida. As suas obras são: Broquéis (1893); Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905).
Prosa poética: Tropos e fanfarras (1885) em conjunto com Virgílio Várzea, Missal (1893) e Evocações (1898).
Outra característica, também presente em sua obra é a cor branca que aparece como símbolo de pureza, e muitas vezes a manifestação do seu complexo racial.
ALPHONSUS DE GUIMARÃES
Afonso Henriques da Costa Guimarães era filho de um português e uma brasileira. Estudou direito em São Paulo, onde concluiu o curso em 1895. Voltou para Minas Gerais para exercer a função de juiz durante toda a vida, primeiro em Conceição do Serro, depois em Mariana, onde viveu até a morte, com sua esposa e quatorze filhos.
Era grande admirador de Cruz e Souza, tendo inclusive, viajado para o Rio de Janeiro, apenas para conhecê-lo. Fez parte do grupo simbolista de São Paulo e sua poesia é marcada pela espiritualidade, sendo considerado um poeta místico, porque sua obra apresenta uma atmosfera de religiosidade, sonho e mistério. Influenciado por Verlaine, também apresenta melancolia e ternura. A morte da amada é tema recorrente. Seus versos têm sonoridade e ritmo modernos.
"Kyriale" tem uma atmosfera densa e pesada, remete sempre à morte, ao dia de finados, desde as palavras escolhidas pelo poeta até o tom solene. Este é um traço do Romantismo Gótico, recuperado pelos simbolistas decadentes. Nas obras posteriores é a amada ausente quem aparece com freqüência. Portanto, seus temas preferidos eram amor e morte. Guimarães também foi tradutor de Haine e de poetas chineses, a partir do francês.
Parte da sua obra, pouco lida, foi publicada postumamente. "Septenário das Dores de Nossa Senhora", "Câmara Ardente" e "Dona Mística" (1899), "Kyriale" (1902), "Pauvre Lyre" (1921), "Pastoral dos Crentes do Amor e da Morte" (1923), "Poesias" (1938).
PEDRO KILKERRY
Pedro Militão Kilkerry é o mais radical, o mais moderno dos poetas simbolistas brasileiros.
Filho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso.
Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos.
A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense.
Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista".
Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, mantendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis".
Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia.
REFERÊNCIA
http://educacao.uol.com.br/biografias/alphonsus-de guimaraens.jhtm
SIMBOLISMO BRASILEIRO: INFLUÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS
ExcluirO Simbolismo, no Brasil, representa uma das épocas mais importantes de nossa história literária e cultural. Este movimento penetrou em nosso país, por intermédio de Medeiros e Albuquerque, que, desde 1891, recebia livros dos decadentistas franceses. Em 1893, Cruz e Sousa publica Missal e Broquéis, obras que definem a história do Simbolismo brasileiro.
Entre as últimas décadas do século XIX e princípios do século XX, os simbolistas conviveram num período em que o Brasil procurava conquistar sua maturidade mental e sua autonomia. Mesmo depois da independência de 1822, a Metrópole ainda continuava a exercer a sua ação colonialista. O comércio, as transações bancárias, a imprensa estavam sob o influxo da Metrópole. A primeira tentativa de autonomia deu-se com a Regência (1830-1841), mas só foi com a Proclamação da República que o Brasil separou-se definitivamente de Portugal. Esse fato levou os homens de letras do século XIX a explorar o tema do nacionalismo. A busca de "símbolos que traduzam a nossa vida social", afirma Araripe Júnior.
O início do movimento simbolista brasileiro é marcado por conflitos no sul do país (1893-1895): A Revolução Federalista, a Revolta da Armada.Características da poesia simbolista.Vejamos mais detalhadamente algumas características do Simbolismo: O poeta simbolista volta-se para o mundo interior; guia-se pela subjetividade (característica da corrente romântica). O egocentrismo é um princípio fundamental do Romantismo. Enquanto os românticos pesquisavam o interior das pessoas, suas lutas, incertezas, num campo puramente sentimental, o simbolista penetra fundo no mundo invisível e impalpável do ser humano;A poesia simbolista expressa o que há de mais profundo no poeta; por isso, ele se vale de adjetivos que despertem emoções vagas, sugestivas. A descrição é essencialmente subjetiva; é uma espécie de pretexto para identificar o poeta com o íntimo das coisas.Os versos são musicais, sonoros e expressivos. A poesia é separada da vida social, confunde-se com a música, explora o inconsciente através de símbolos e sugestões e dá preferência ao mundo invisível.A linguagem é invocadora, plena de elementos sensoriais: som, luz, cor, formas; há o emprego de palavras raras; o vocabulário é litúrgico, obscuro, vago.As palavras vêm ligadas ao tema da morte.Emprego freqüente de metáforas, analogias sensoriais, sinestesias, aliterações repetição de palavras e de versos ? tudo isso confere à poesia musicalidade e poder de sugestão.
A primeira manifestação simbolista brasileira deu-se no Rio de Janeiro. Um grupo de jovens, insatisfeitos com a objetividade e com o materialismo apregoados pelo Realismo-Naturalismo-Parnasianismo, começou a divulgar as idéias estético-literárias vindas da França. Ficaram conhecidos como decadentistas. O grupo decadentista era formado principalmente por Oscar Rosas, Cruz e Sousa e Emiliano Perneta.
ExcluirO primeiro manifesto do Simbolismo brasileiro foi publicado no jornal Folha Popular, do Rio de Janeiro. O Simbolismo é a negação do Realismo-Naturalismo-Parnasianismo. O movimento nega o materialismo e o racionalismo, pregando as manifestações metafísicas e espiritualistas.A influência do Simbolismo brasileiro não se limita à data de 1902 (início do Pré-Modernismo). Muitos modernistas da primeira fase adotaram postura neo-simbolista, entre eles Cecília Meireles.
O Simbolismo brasileiro seguiu três linhas bem distintas:Poesia humanístico-social ? Linha adotada por Cruz e Sousa e continuada por Augusto dos Anjos. Preocupava-se com os problemas transcendentais do ser humano.Poesia místico-religiosa ? Linha adotada por Alphonsus de Guimarães. Preocupava-se com os temas religiosos, afastando-se da linha esotérica adotada na Europa.Poesia intimista-crepuscular ? Linha adotada por pré-modernistas ou modernistas como Olegário Mariano, Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira. Preocupava-se com temas cotidianos, sentimentos melancólicos e gosto pela penumbra.
Os simbolistas buscavam integrar a poesia na vida cósmica, usando uma linguagem indireta e figurada. Cabe ainda ressaltar que a diferença entre o Simbolismo e o Parnasianismo não está primeiramente na forma, já que ambos empregam certos formalismos (uso do soneto, da métrica tradicional, das rimas ricas e raras e de vocabulário rico), mas no conteúdo e na visão de mundo do artista. Apesar de seguir alguns efeitos estéticos do Parnaso, esse movimento desrespeitou a gramática tradicional com o intuito de não limitar a arte ao objeto, trabalhando conteúdos místicos e sentimentais, usando para tanto a sinestesia (mistura de sensações: tato, visão, olfato...). Essa corrente literária deu atenção exclusiva à matéria submersa do "eu", explorando-a por meio de uma linguagem pessimista e musical, na qual a carga emotiva das palavras é ressaltada; a poesia aproxima-se da música usando aliterações.
Os simbolistas praticam uma arte antiburguesa, profundamente influenciada pelo idealismo, a busca constante do inconsciente, o pessimismo. Muitas vezes os poetas simbolistas são panteístas, encontraram refúgio no esoterismo, no ilusionismo, no satanismo, Cruz e Sousa dedica-se a temática do Cristianismo.Movimento de relações com o Modernismo influencia a maioria dos poetas da 1ª fase do Modernismo. Aqui surgem as primeiras rupturas com os padrões rígidos de composição e restabelecimento da relação entre poesia e existência, separadas pelos parnasianos. O movimento simbolista na literatura brasileira teve força até o movimento modernista do começo da década de 1920.
A POÉTICA E O ESTILO DE CRUZ E SOUSA E ALPHONSUS DE GUIMARÃES
ExcluirO poeta João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro(atual Florianópolis)no dia 24 de novembro de 1861 ,filho de negros alforriados, desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou o nome de família. Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais. Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações), pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca. É certo que encontram-se inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez, à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos.No aspecto de influências do simbolismo, nota-se uma amálgama que conflui águas do satanismo de Baudelaire ao espiritualismo ligados tanto a tendências estéticas vigentes como a fases na vida do autor.Quando Cruz e Souza diz "brancura", é preciso recorrer aos mais altos significados desta palavra, muito além da cor em si.
Seus versos tinham musicalidade e sutileza para a atmosfera religiosa que inspiravam como mostra a passagem a seguir:
"Tu que és a lua da Mansão de rosa
da Graça e do supremo Encantamento,
o círio astral do augusto Pensamento
velando eternamente a Fé chorosa;"
(Cruz e Sousa)
Também havia a busca da purificação com o espírito atingindo regiões etéreas e integração com o espaço infinito (cosmos) como nos versos a seguir:
"A voz do céu pode vibrar sonora
Ou do inferno a sinistra sinfonia,
Que num fundo de astral melancolia
Minh'alma com a tu'alma goza e chora;"(Cruz e Souza)
Afonso Henrique da Costa Guimarães, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 24 de julho de 1870 e morreu, em Mariana, a 15 de julho de 1921.
Ouro Preto foi o cenário dos primeiros anos da vida do Poeta que desde sua infância dava sinais de extrema sensibilidade e acentuada introversão. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que ele explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo.
Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina que é considerada um anjo, ou um ser celestial, por isso, Alphonsus de Guimaraens é neo romântico e simbolista ao mesmo tempo, já que essas duas escolas possuem características semelhantes. Oscila, assim, entre os indícios materiais da morte e a expectativa do sobrenatural, como se toda a sua poesia se fizesse em variações de um mesmo réquiem. Mas a evolução da linguagem é permanente e a tendência a um barroco discreto -- de Ouro Preto, Mariana se flexibiliza, se inova com acentos verlainianos, mallarmaicos, de que brotam imagens muitas vezes ousadas, não longe da invenção surrealista.
Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo".
Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas.Como o dístico observado na estrofe do poema Árias e Canções:
"A suave castelã das horas mortas
Assoma à torre do castelo, As portas,"
Outra temática observada em suas poesias é a morte como forma de evasão e de fuga do plano terreno, o amor é abordado de forma platônica e idealizante, pois não ha lugar para o sensualismo e erotismo. A figura feminina aparece de forma divinizada, distante, fria e morta. Como na estrofe a seguir:
Excluir"Hirta e branca... Repousa a sua aurea cabeça
Numa almofada de cetim bordada em lirios.
Ei- la morta afinal como quem adormeça
Aqui para sofrer Além novos martirios."
(Alphonsus Guimaraens)
CONCLUSÃO
A temática da morte é uma constante na obra dos poetas estudados, para Alphonsusa morte é como forma de evasão e de fuga do plano terreno e para Cruz a morte é a libertação da alma do corpo em busca do celestial, como observado nos poemas analisados. Nesses poemas ocorre uma prisão no plano abstrato e espiritual, os símbolos revelam a condição humana, a libertação da alma só é possível através do sonho e da morte. Em relação a temática ambos utilizam as formas do parnasianismo, já que eles empregam certos formalismos (uso do soneto, da métrica tradicional, das rimas ricas e raras e de vocabulário rico. Apesar de seguir alguns efeitos estéticos do Parnaso, esse movimento desrespeitou a gramática tradicional com o intuito de não limitar a arte ao objeto, trabalhando conteúdos místicos e sentimentais, usando para tanto a sinestesia (mistura de sensações: tato, visão, olfato...). Portanto, o simbolismo buscou o sentimento de variação e de rapidez compreender que o mundo não é estático e de que a vida é uma luta constante em busca de mudanças, e representa a revisão dos conceitos e das promessas propagadas pelo materialismo cientifico.
Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-poesia-simbolista-de-cruz-e-sousa-e-alphosus-de-guimaraes/20897/#ixzz2QSm21fJZ
Cruz e Sousa
ResponderExcluirConforme o artigo de Danilo de Lôbo, João da Cruz e Sousa (24/11/61 — 19/03/1898) é atualmente mais conhecido por suas obras em verso, a saber: Broquéis (1893), Faróis (1900) e Unimos Sonetos (1905), as duas últimas publicadas postumamente. A sua prosa poética, contida em Missal (1893) e Evocações (1898), foi até agora bem menos estudada. Grosso modo, Cruz e Sousa é considerado um poeta simbolista, afirmação que se fundamenta na parte mais divulgada de sua obra. Nas últimas décadas, entretanto, as pesquisas literárias revelaram que, antes de aderir ao simbolismo, ele foi romântico e parnasiano, e que durante os primeiros anos de sua vida literária a sua poesia foi tachada de "realista" ou "ideonovista", não raro por seus detratores. Da mesma forma, aspectos de sua vida pessoal foram sendo paulatinamente revelados, e um outro Cruz e Sousa, bem diferente do poeta descompromissado, isolado em sua torre de marfim, foi sendo revelado ao leitor. Sabe-se hoje ter sido ele um abolicionista ferrenho, que muito batalhou em prol da libertação dos escravos no Brasil. Muita coisa na obra de Cruz e Sousa tem sido explicada pelo fato de ter sido ele negro, filho de ex-escravos, e de ter vivido a maior parte de sua vida durante o período da escravidão. Obviamente não se pode separar o homem de sua obra, nem vice-versa. Cruz e Sousa, entretanto, além de ser um negro p o, tinha algo em sua personalidade — "uma pontazinha de insolência", segundo Vítor (Magalhães Jr., 1975:161) — que irritava a sociedade branca. Embora tendo todos os atributos intelectuais necessários para vencer na vida, como se diz popularmente, nem mesmo em Desterro, sua cidade natal, conseguiu ele arranjar um empregos que lhe permitisse viver decentemente, o mesmo acontecendo no Rio de Janeiro, para onde se transferiu definitivamente em dezembro de 1889.
Vale salientar a importância da leitura do artigo, uma vez que podemos entender as estrofes do poema “O Assinalado” de Cruz e Sousa.
O Assinalado
Tu és o louco da imortal loucura,
O louco da loucura mais suprema.
A Terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tu'alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas etrenas, pouco a pouco...
Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!
A partir da leitura do belíssimo poema, podemos perceber que o poeta demonstra saber que, na sua vida, ele teria o papel de um personagem trágico, mas que, mesmo assim, ele conseguiria presentear o mundo com belezas, pois ele era um dos assinalados que teve a sorte de ser premiado com “o dom da poesia”.
Referência:
Lôbo, Danilo. CRUZ E SOUSA: O ASSINALADO. Revista Travessia, UFSC, n. 26. Florianópolis, 1993.
Pedro Kilkerry
ResponderExcluirConforme o artigo “O simbolismo em Pedro Kilkerry” de José Omar Rodrigues Medeiros e Danglei de Castro Pereira, Pedro Militão Kilkerry nasceu em Salvador/BA, em 10 de março de 1885, mas batizado em 05/01/1886, na Paróquia de Nossa Senhora da Penha. Filho de João Francisco Kilkerry e Salustiana do Sacramento Lima. Teve dois irmãos: João Francisco Kilkerry, o mais velho, e Maria da Purificação Kilkerry (Menininha). Descendia, pelo lado paterno, de irlandeses e a mãe era uma mestiça baiana. Corrigiu a grafia do sobrenome paterno para “Kilkerry”, correção adotada por toda a família.
Pedro Kilkerry, não chegou a publicar nenhum livro durante sua vida. O poeta perambula pelas ruas de salvador vivendo na boemia e na pobreza, porém colaborou em alguns periódicos com Os Anais e Cruzada. Redescoberto pela vanguarda concretista via publicação do estudo crítico Revisão de Pedro Kilkerry em 1964 adquire alguma notoriedade. Passados quase sessenta anos da publicação do estudo dos irmãos Campos sua obra continua desconhecida pelo grande publico e, em muito, ignorada pela crítica especializada.
Evoé
Primavera! — versos, vinhos...
Nós, primaveras em flor.
E ai! corações, cavaquinhos
Com quatro cordas de Amor!
Requebrem árvores — ufa! —
Como as mulheres, ligeiro!
Como um pandeiro que rufa
O Sol, no monte, é um pandeiro!
E o campo de ouro transborda...
Ó Primavera, um vintém!
Onde é que se compra a corda
Da desventura, também?
Agora, um rio, água esparsa...
Nas águas claras de um rio,
Lavem-se penas à garça
Do riso, branco e sadio!
E o dedo estale, na prima...
Que primaveras, e em flor!
Ai! corações, uma rima
Por quatro versos de Amor!
In: CAMPOS, Augusto de. ReVisâo de Kilkerry. São Paulo: Fundação Estadual de Cultura, 1970
Alphonsus de Guimaraens
ResponderExcluirAlphonsus de Guimaraens (1870-1921) foi um poeta brasileiro. Um dos principais representantes do Movimento Simbolista no Brasil. Sua poesia é quase toda caracterizada pelo tema da morte da mulher amada, a morte de sua noiva aos dezessete anos. Todos os outro temas que explorou, como religião, natureza e arte, estão sempre relacionados com a morte.
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 24 de julho de 1870. Filho do comerciante português Albino da Costa Guimarães e de Francisca de Paula Guimarães Alvim. Fez os cursos básicos em Minas Gerais e aos 17 anos se apaixona pela prima Constança, filha do escritor Bernardo Guimarães seu tio-avô. Com a morte prematura da prima, em 1888, o poeta se entrega a vida boêmia.
Essa época já colaborava no Almanaque Administrativo, Mercantil, Industrial, Científico e Literário do município de Ouro Preto. Viaja para São Paulo com o amigo José Severino de Resende. Inicia o curso de Direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em 1891. Volta para Ouro Preto, em 1893, onde termina o curo de Direito na recém criada Academia Livre de Direito de Minas Gereis.
Volta para São Paulo onde estuda Ciências Sociais, terminando o curso em 1895. Vai ao Rio de Janeiro, onde conhece Cruz e Souza, poeta que já admirava e de quem tornou-se amigo. Volta para Minas e é nomeado promotor de Conceição do Serro, hoje Conceição do Mato Dentro, ocupando em seguida o cargo de juiz substituto. Em 1897, casa-se com Zenaide de Oliveira, com quem teve 14 filhos.
Sua poesia expressa uma atitude melancólica sobre o tema morte. O sentimento resignado, o sofrimento e a desesperança estão presentes em seus versos. O seu espiritualismo é voltado para a religiosidade e o misticismo.
Seus três primeiros livros foram publicados no Rio de Janeiro, em 1899, são: Dona Mística, Câmara Ardente e o Setenário das Dores de Nossa Senhora. Kiriali que foi escrito antes, só foi publicado em 1902, na cidade do Porto, em Portugal. Em 1905 é nomeado juiz municipal da cidade de Mariana.
Afonso Henrique da Costa Guimarães (seu nome civil) morreu na cidade de Mariana, Minas Gerais, no dia 15 de julho de 1921.
A Catedral
Entre brumas, ao longe, surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Poe-se a luz a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O céu e todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.
E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Podemos perceber que logo no começo do poema há a presença da musicalidade a partir das rimas e no decorrer do poema, podemos perceber a presença da sinestesia e do subjetivismo, que é a valorização do “eu”. Há também a presença do misticismo e espiritualismo, pois no final do segundo verso “E o sino canta em lúgubres responsos:” podemos perceber que o sino é estado da alma do poeta.
REFERÊNCIA:
Disponível em:
http://www.e-biografias.net/alphonsus_guimaraens/
Cruz e Souza
ResponderExcluirComo foi discutido na sala de aula o Simbolismo chegou ao Brasil em 1893, com a publicação das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de autoria de Cruz e Sousa, e se estende até 1922, quando se realizou a Semana da Arte Moderna.
João da Cruz e Sousa é considerado o maior autor simbolista, foi apelidado de Dante Negro e Cisne Negro, pois era filho dos negros alforriados Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, sendo que mesmo sendo a metade da população brasileira não-branca, poucos foram os escritores negros, mulatos ou indígenas. O poeta Cruz e Sousa não conseguiu escapar das acusações de indiferença pela causa abolicionista. A acusação, porém, não procede, pois, apesar de a poesia social não fazer parte do projeto poético do Simbolismo nem de seu projeto particular, o autor, em alguns poemas, retratou metaforicamente a condição do escravo.
Principais características:
- No plano temático: a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca;
- No plano formal: as sinestesias, as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos
Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações), pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca.[1] É certo que encontram-se inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez, à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos. Percebe-se em suas obras influências do simbolismo europeu, como satanismo de Baudelaire ao espiritualismo.
Além de Cruz e Sousa, destacam-se no Simbolismo Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry.
Alphonsus Guimaraens
ResponderExcluirAlphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Ouro Preto, 24 de julho de 1870 — Mariana, 15 de julho de 1921) foi um escritor brasileiro. Sua poesia é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inadequação ao mundo.
Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina, que é considerada um anjo, ou um ser celestial. Alphonsus de Guimaraens é simultaneamente neo-romântico e simbolista.
Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo".
Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas, particularmente a redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas).
Principais obras:
- Setenário das dores de Nossa Senhora (1899)
- Dona Mística (1899)
- Kyriale (1902)
- Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923), entre outros.
Pedro Kilkerry
Pedro Kilkerry foi um poeta simbolista brasileiro, descendente de inglêses por parte do pai, o engenheiro John Kilkerry, superintendente da Bahia Gás Company Limited, e da mestiça alforriada baiana Salustiana do Sacramento Lima.Portador de tuberculose pulmonar, faleceu durante uma traqueotomia, sem ter publicado nenhum livro, apesar de ter contribuído para alguns periódicos como Nova Cruzada e Os Anais. Seus poemas foram recolhidos em 1970 por Augusto de Campos, que o considera um dos precursores de nossa modernidade. Também é chamado de “o Gregório de Matos” daquele período da vida baiana.
As principais características da poesia de Kilkery são: uma sintaxe bastante elaborada, fantasias humorísticas, musicalidade, ou seja, ele representou outro lado do simbolismo, aquele mais radical, suas poesias eram difíceis e dependiam de concentração para serem entendidas. As obras de Kilkery foram colocadas como críticas da vanguarda.
Referências
http://www.brasilescola.com/literatura/o-simbolismo-no-brasil.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_e_Sousa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alphonsus_de_Guimaraens
http://www.colegioweb.com.br/literatura/pedro-kilkerry.html
Alphonsus de Guimaraens
ResponderExcluirNasceu em 27 de julho de 1870 na cidade de Ouro Preto e faleceu em 15 de julho de 1921 na cidade de Mariana.
A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Desde seus tempos de estudante colaborava nos jornais “Diário Mercantil”, “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo” e “A Gazeta”. Em 1895 tornou-se promotor de Justiça em Conceição do Serro (MG) e, a partir de 1906, Juiz em Mariana (MG), de onde pouco sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, (1892/1894), foi publicado em 1899, ano em que também saiu o “Setenário das Dores de Nossa Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou “Kiriale”, sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens. Sua “Obra Completa” foi publicada em 1960. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.
(fonte: Itaú Cultural)
Ismália
Alphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Cruz e Sousa
ResponderExcluirJoão da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor. Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro. Em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna.
Trecho do poema “Cristais”, no qual é claro o uso da sinestesia, recurso estilístico que associa dois sentidos ou mais (audição, visão, olfato, etc.):
Mais claro e fino do que as finas pratas
o som da tua voz deliciava…
Na dolência velada das sonatas
como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
em lânguida espiral que iluminava,
brancas sonoridades de cascatas…
Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas
de cantos volutuosos como rondas
de silfos leves, sensuais, lascivos…
Como que anseios invisíveis, mudos,
da brancura das sedas e veludos,
das virgindades, dos pudores vivos.
Referência:
www.brasilescola.com/cruz-souza
Wikipédia biografia Cruz e Souza
No Brasil, três grandes poetas destacaram-se com o movimento simbolista:
ResponderExcluirCruz e Souza (1861- 1898) nascido em Desterro, atual Florianópolis, era filho de escravos alforriados. Ele era considerado um dos maiores poetas do Simbolismo. Sofria preconceito racial. Era chamado de “Dante Negro” ou “Cisne Negro” (figura muito importante do Simbolismo). Os temas mais recorrentes em sua obra são a morte e a vida. Outras constantes em suas obras é a cor branca aparecendo como símbolo de pureza ou manifestação do seu complexo racial. Sua obra apresenta evolução na medida que abandona o subjetivismo e a angustia, sua produção inicial fala da dor e do sofrimento do homem negro.
Obras de Cruz e Souza: Poesias = Broquéis (1893), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905). Prosas Poéticas = Tropos e Fanfarras (1885), Missal (1893) e Evocações (1898).
Nascido em 1870, em Ouro Preto, Alphonsus de Guimarães foi um grande escritor brasileiro em que sua poesia é marcadamente mítica e melancólica, envolvida com a realidade católica, sendo sensível quando explora a morte, o amor impossível e a solidão. Ao mesmo tempo que ele é um simbolista, também é considerado um neo romântico, o poeta retrata a espiritualidade em ralação a figura feminina, considerando-a como um anjo. Além de, quase toda poesia ser voltada para o tema de morte da mulher amada, pois a morte de sua noiva, véspera ao casamento, foi um tema retomado em suas poesias. Apesar da dor com a morte de sua amada, Alphonsus casou e teve quinze filhos, morando na cidade de Mariana.
Suas obras são: “Setenário das Doras de Nossa Senhora e Câmara Ardente” (1899); “Dona Mística” (1899); Kiriale (1902); Mendigos (1920); Pauvre Lyre (1921); “Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte” (1923); “Poesias” (1938); “Poesias” (1955); “Poesias” (1958); “Cantos de amor, salmos e preces” (1972); “Os Melhores Poemas de Alphonsus de Guimaraens” ( 1985); “Alphonsus de Guimaraens - Poesia Completa” (2001).
Nascido na Bahia, Pedro Kilkerry (1855 – 1917) não chegou a publicar nenhum livro durante sua vida. Suas poesias apresentavam humor em suas fantasias e musicalidade, mesmo assim, sua poesia é considerada difícil. Kilkerry representou o radicalismo no Simbolismo, quanto ao aspecto construtivo. Suas obras são repletas de símbolos, porém com menos sentimentalismo, de contundente concentração imagística.
Sua obra ficou conhecida a partir da publicação nas revistas “Nova Cruzada”, e os “Os anais” que foram reunidas pelo católico Jackson de Figueiredo.
REFERÊNCIAS:
http://www.colegioweb.com.br/literatura/pedro-kilkerry.html
http://educacao.uol.com.br/biografias/pedro-kilkerry.jhtm
http://www.brasilescola.com/biografia/alphonsus-guimaraes.htm
http://www.cultura.mg.gov.br/component/content/article/213-museus/623-alphonsus-de-guimaraens
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_e_Sousa
http://www.brasilescola.com/literatura/cruz-sousa.htm
As obras simbolistas vão além da subjetividade romântica.É notório o percurso crítico adotado pelos seus autores. Nota-se também, na poesia simbolista, a expressão de estados do inconsciente em que as imagens se associam em planos nem sempre lógicos.
ResponderExcluirDestacamos aqui, três poetas simbolistas.
Alphonsus Guimarães, poeta mineiro que, em sua poesia destaca o caráter místico-religioso.
É em um contexto de visão critica dos padrões vigentes da época, na adoção de termos marginais e em uma viagem a um universo estranho de sugestões e significados ocultos que encontramos a poesia de Pedro kilkerry. Autor que se destaca com sua poesia altamente cromática e sensitiva, dotada de aliterações, assonâncias e sinestesias, características marcantes do simbolismo
Cruz de Souza
Considerado o mais importante simbolista brasileiro , Cruz de Souza , focaliza o drama da condição humana a partir de sua vivência individual e a medida que sua obra vai se tornando mais madura, Cruz e Souza abandona o plano matéria, partindo para uma poesia metafísica, ligada às coisas do espirito.
Trechos do poema Violões que choram.
Ah! Plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento
(...)
Quando os sons dos violões vão soluçando.
Quando os sons dos violões nas cordas gemem.
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
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ResponderExcluirCRUZ E SOUSA (1861 - 1898)
ResponderExcluirVida
João da Cruz e Souza nasceu em Desterro (hoje Florianópolis), filho de escravos libertos pelo marechal Guilherme de Souza, que adotou o menino negro e ofereceu-lhe a chance de estudar com os melhores professores de Santa Catarina. Foi seu mestre, inclusive, o sábio alemão Fritz Müller, correspondente de Darwin. Apesar da morte de seu protetor, conseguiu terminar o nível intermediário e, com pouco mais de dezesseis anos, tornou-se professor particular e militante da imprensa local. Aos vinte anos, seguiu com uma companhia teatral por todo o Brasil, na condição de "ponto". Durante estas viagens entregou-se à conferências abolicionistas. Em 1883, foi nomeado promotor público em Laguna, no sul da província, mas uma rebelião racista na pequena cidade, impediu-o de assumir o cargo, embora esta história seja contestada por algumas fontes.
Voltou a viajar e a cada regresso sentia a ampliação do preconceito de cor. Mudou-se então, definitivamente para o Rio de Janeiro. Lá se casaria com uma moça negra (Gavita) e conseguiria modesto emprego de arquivista na Central do Brasil, já no ano de 1893. Às inúmeras dificuldades financeiras somavam-se o desprezo dos intelectuais da época, que viam nele apenas um "negro pernóstico", o período de loucura mansa vivido pela esposa, durante seis meses, e a tuberculose que atacou toda a sua família: ele, a mulher e os quatro filhos. Numa carta ao amigo e protetor, Nestor Vítor, deixou registrado seu infortúnio:
"Há quinze dias tenho uma febre doida... Mas o pior, meu velho, é que estou numa indigência horrível, sem vintém para remédios, para leite, para nada! Minha mulher diz que sou um fantasma que anda pela casa!"
Este mesmo amigo providenciou uma viagem do poeta à região serrana de Minas Gerais, em busca de paliativo para a doença. Mal chegando lá, Cruz e Sousa piorou e faleceu na mais absoluta solidão. Três anos após - já tendo enterrado dois filhos - Gavina também desapareceria por causa da tuberculose. O terceiro filho morreria em seguida. O último, vitimado pela mesma moléstia, desapareceria em 1915. A família estava extinta numa terrível tragédia humana.
OBRAS PRINCIPAIS
Broquéis (1893) - Missal (1893) - Evocações (1899) - Faróis (1900) Últimos sonetos (1905)
A obra de Cruz e Sousa é a mais brasileira de um movimento que foi, entre nós, essencialmente europeu. Nela opera-se uma tentativa de síntese entre formas de expressão prestigiadas na Europa e o drama espiritual de um homem atormentado social e filosoficamente. O resultado passa, às vezes, por poemas obscuros e verborrágicos mas, na maioria dos casos, a densidade lírica e dramática do "Cisne Negro" atinge um nível só comparável ao dos grandes simbolistas franceses. O primeiro aspecto que percebemos em sua poética é a linguagem renovadora.
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br
ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870-1921)
ResponderExcluirVIDA
Nasceu em Ouro Preto, filho de um comerciante português e de uma sobrinha do escritor romântico, Bernardo Guimarães. Fez seus estudos preliminares na cidade natal e depois cursou Direito em São Paulo. Nutre intensa paixão platônica pela filha do autor de A escrava Isaura, Constança, que morreria de tuberculose antes dos dezoito anos e, para quem escreveria muitos de seus versos. Retornou para Minas Gerais, exercendo a função de juiz em Conceição do Serro e, mais tarde, em Mariana. Casou-se com uma jovem de dezessete anos, Zenaide, com quem teve quatorze filhos e com quem encaramujou-se na vida privada, ao ponto de morrer praticamente na obscuridade, às vésperas da Semana de Arte Moderna.
OBRAS PRINCIPAIS
Setenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona mística (1889), Câmara ardente (1899), Kyriale (1902)
Mineiro, passado quase toda a sua vida nas cidades barrocas e decadentes da região aurífera, Alphonsus de Guimarães sofreu as influências ambientais dessas cidades, povoadas apenas, no dizer de Roger Bastide, "de sons e sinos, de velhas deslizando pelos becos silenciosos, de vultos que se escondem à sombra das muralhas. Cidades de brumas, conhecendo as mesmas existências cinzentas e os mesmos fantasmas noturnos: donzelas solitárias, vestidas de luar." Sua poesia gira em torno de pouco assuntos:
A morte da amada
É um tema dominante em sua poesia: a morte da noiva amada, a doce Constança, desaparecida na flor da mocidade. De certa forma, não conseguirá mais esquecê-la e, assim, os seus poemas de amor sempre se vincularão à idéias fúnebres. Amor e morte é uma velha fórmula romântica, mas Alphonsus a tratará de maneira diferente, fugindo do patético e alcançando um tom elegíaco*, onde predominam a melancolia e a musicalidade.
Nem o casamento, nem o passar do tempo ajudarão o poeta a atenuar esta tristeza. Em vários momentos, a dor parece mais uma convenção poética do que propriamente um sentimento real.
No entanto, um soneto como Hão de chorar por ela os cinamomos guarda forte carga de emoção:
Hão de chorar por ela os cinamomos
Murchando as flores ao tombar do dia
Dos laranjais hão de cair os pomos
Lembrando-se daquela que os colhia.
As estrelas dirão: - "Ai, nada somos,
Pois ela se morreu silente* e fria..."
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.
A lua que lhe foi mãe carinhosa
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.
Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
Silente: silencioso, secreto.
A lembrança do sofrimento nunca o abandona, como se percebe em Ismália, espécie de balada, onde a loucura, a solidão e a morte se interpenetram:
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar
Fonte:http://www.portalsaofrancisco.com.br
PEDRO KILKERRY (1885-1917)
ResponderExcluirPedro Kilkerry teve seus poemas editados em livro pela primeira vez, em 1970
Pedro Militão Kilkerry é o mais radical, o mais moderno dos poetas simbolistas brasileiros. Filho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso.
Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos.
A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense. Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista".
Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, mantendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis".
Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia.
Fonte: http://educacao.uol.com.br
Poema “Abrigo Celeste” de Cruz e Sousa
ResponderExcluirEstrela triste a refletir na lama,
Raio de luz a cintilar na poeira,
Tens a graça sutil e feiticeira,
A doçura das curvas e da chama.
Do teu olhar um fluido se derrama
De tão suave, cândida maneira
Que és a sagrada pomba alvissareira
Que para o Amor toda a minh'alma chama.
Meu ser anseia por teu doce apoio,
Nos outros seres só encontra joio
Mas só no teu todo o divino trigo.
Sou como um cego sem bordão de arrimo
Que do teu ser, tateando, me aproximo
Como de um céu de carinhoso abrigo.
Fonte://www.alunosonline.com.br/portugues/cruz-souza.htmlnte:
Alphonsus de Guimaraens
ResponderExcluirA obra desse autor é caracterizada pelo triângulo: Misticismo, Amor e Morte. Ao lado dessas características, destacam ainda a linguagem de sugestão, o uso de aliterações e uma tendência à autocompaixão. TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Português de olho no trabalho: volume único. São Paulo: Scipione, 2004
"Hão de chorar por ela os cinamomos"
Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.
As estrelas dirão - "Ai! nada somos,
Pois ela se morreu silente e fria... "
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.
A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.
Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
Pedro Kilkerry
Segundo Augusto Campos, Kilkerry traz para o simbolismo como uma concepção moderníssima da poesia como síntese, como condensação: poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo de uma extraordinária funcionalidade verbal. CAMPOS, Augusto. [in re-visão de Kilkerry. São Paulo: Fundo Estadual de Cultura, s.d., p.11]
Vinho, 1909
Alma presa da Grécia, em prisão de turquesa!
Vibre a Vida a cantar nessas taças à Vida,
Como, dentro do Sangue, a Alma da Natureza
— Num seio nu, num ventre nu, — ferve incendida!
Vinho de Cós! e quente! a escorrer sobre a mesa
Como um rio de fogo, onde vela perdida,
Braço branco, embalada à flor da correnteza,
Floresce ao sol, floresce à luz, floresce à Vida!
Oh! benvinda; benvinda essa vela que chega!
Nau de rastro que traz a ilusão de uma grega
Descerrando à Volúpia a clâmida aquecida...
Vinho de Cós! vinho de Cós! e os nossos olhos
De Virgílios a errar entre vagas e escolhos,
Argonautas de Amor sobre os mares da Vida!
In: CAMPOS, Augusto de. ReVisão de Kilkerry. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 198
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ResponderExcluirAlphonsus de Guimaraens é um dos poetas brasileiros mais místicos. Além dessa característica, encontramos em seus poemas a nostalgia de um tempo e de um espaço esfumaçados na memória, impondo-se para sobreviver no presente. Em sua obra encontramos outros temas como a solidão, o isolamento, a loucura, a desilusão; tais temas estão na lírica de Alphonsus de Guimaraens, sedimentados pela elegância da métrica, pela rima e pela musicalidade tecida nos poemas.
ResponderExcluirAfonso Henrique da Costa Guimaraens nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870. Estudou Direito na Faculdade de Direito de São Paulo e na Escola Livre de Direito de Minas Gerais. Assumiu, em 1895, o cargo de Promotor de Justiça da Comarca de Conceição do Serro, atual Conceição do Mato Dentro, e, posteriormente, o de Juiz Substituto. Casou-se com Zenaide, filha do capitão João Alves de Oliveira, escrivão da Coletoria Estadual, com quem teve 15 filhos. Em 1906, nomeado Juiz Municipal, mudou-se para Mariana, onde permaneceu até a morte, em 1921.
ResponderExcluirConsiderado um dos grandes representantes do Simbolismo no Brasil, Alphonsus de Guimaraens iniciou sua incursão no jornalismo em São Paulo, em companhia dos colegas padre Severiano de Rezende e Adolfo Araújo, fundador de “A Gazeta”. Os versos de Alphonsus eram publicados em jornais da época e muitos deles constam em publicações posteriores, reunidos em livro.
Alphonsus de Guimarães publicou crônicas e poesias em jornais e revistas, entre os quais se destacam: “Diário Mercantil” (São Paulo), “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo”, “A Gazeta” (São Paulo), “O Germinal” (Mariana), “O Conceição do Serro” (Jornal Político), “Revista Fonfon” (Rio de janeiro), “Jornal do Comércio” (Juiz de Fora), “O Alfinete” (Mariana).
Constam na bibliografia de Alphonsus de Guimaraens, “Setenário das Doras de Nossa Senhora e Câmara Ardente” (1899); “Dona Mística” (1899); Kiriale (1902); Mendigos (1920); Pauvre Lyre (1921); “Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte” (1923); “Poesias” (1938); “Poesias” (1955); “Poesias” (1958); “Cantos de amor, salmos e preces” (1972); “Os Melhores Poemas de Alphonsus de Guimaraens” ( 1985); “Alphonsus de Guimaraens - Poesia Completa” (2001).
Pedro Militão Kilkerry é o mais radical, o mais moderno dos poetas simbolistas brasileiros.
ResponderExcluirFilho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso.
Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos.
A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense.
Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista".
Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, mantendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis".
Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia.
Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em 24 de julho de 1870, em Ouro Preto, Minas Gerais.
ResponderExcluirÉ considerado o autor místico do Simbolismo, pela evidência de um triângulo em sua obra: misticismo, amor e morte.
A vida do autor norteia sua obra através dos marcos da morte da noiva e da devoção à Maria, envoltos em um clima de misticismo exacerbado, no qual a morte é vista como o meio de aproximação do amor (Constança) e de Maria (figura religiosa).
Seu primeiro livro fio publicado em 1899 em forma de poemas, chamado “Dona Mística”. Neste mesmo ano publicou Setenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente. Em 1902, escreve e publica Kyriale sob o pseudônimo consagrado de Alphonsus Guimarãens. Alphonsus de Guimaraens morreu em Mariana MG em 15 de julho de 1921.
Pedro Kilkerry Nasceu em Santo Antônio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro As principais características da poesia de Kilkery são: uma sintaxe bastante elaborada, fantasias humorísticas, musicalidade, ou seja, ele representou outro lado do simbolismo, aquele mais radical, suas poesias eram difíceis e dependiam de concentração para serem entendidas. As obras de Kilkery foram colocadas como críticas da vanguarda.
João da Cruz e Sousa, considerado o mestre do simbolismo brasileiro, nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis - SC, no dia 24 de novembro de 1861 Vítima de perseguições raciais, foi duramente discriminado, inclusive quando foi proibido de assumir o cargo de promotor público em Laguna - SC. Em 1890 transferiu-se para o Rio de Janeiro, ocasião em que entrou em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Faleceu em 19 de março de 1898, aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão. Sua obra só foi reconhecida anos depois de sua partida.
FLORESTA MORTA
ResponderExcluirPor que, á luz de um sol de primavera
Urna floresta morta? Um passarinho
Cruzou, fugindo-a, o seio que lhe dera
Abrigo e pouso e que lhe guarda o ninho.
Nem vale, agora, a mesma vida, que era
Como a doçura quente de um carinho,
E onde flores abriram, vai a fera
— Vidrado o olhar — lá vai pelo caminho.
Ah! quanto dói o vê-la, aqui, Setembro,
Inda banhada pela mesma vida!
Floresta morta a mesma cousa lembro;
Sob outro céu assim, que pouco importa,
Abrigo á fera, mas, da ave fugida,
Há no meu peito urna floresta morta.
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/bahia/pedro_kilkerry.html
Antífona
ResponderExcluirÓ Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmante puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.
Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...
Todo esse eflúvio que por ondas passa
Do Éter nas róseas e áureas correntezas...
Cristais diluídos de clarões alacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...
Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...
Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte...
No presente poema podemos perceber o vasto uso de palavras que nos remetem ao sublime, ao puro ao celeste, transmitindo uma ideia transcendente de sobreposição ao nível terreno.
A musicalidade que também estava presente na vida do poeta e o mesmo tentava aproximar a poesia da música, dando ênfase nos fonemas, trabalhando com as sinestesias. Outra característica presente nesse poema como em outros poemas, é uma predisposição para a formação de imagens através das palavras. O poeta brinca com as palavras, nos fazendo imaginá-las em nossa mente a partir da significação no contexto em que estão inseridas. Como quando o poeta inicia o poema, enfatizando as formas alvas, brancas, as formas do amor. Remetem-nos claramente ao termo Simbolismo, relacionado ao signo icônico, semiótico, símbolo e pensamento por imagem.
BIOGRAFIA (1861 - 1898)
João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham. Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar.
Sofre uma série de perseguições raciais, culminando com a proibição de assumir o cargo de promotor público em Laguna, por ser negro. Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de Missal e Broquéis (1893), só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central.
Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos. O poeta contrai tuberculose e vai para a cidade mineira de Sítio se tratar. Morre aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão.
Cruz e Sousa
ResponderExcluirBIOGRAFIA (1861 - 1898)
João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham. Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar.
Sofre uma série de perseguições raciais, culminando com a proibição de assumir o cargo de promotor público em Laguna, por ser negro. Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de Missal e Broqueis (1893), só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central.
Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos. O poeta contrai tuberculose e vai para a cidade mineira de Sítio se tratar. Morre aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão.
FLOR DO MAR
És da origem do mar, vens do secreto,
do estranho mar espumaroso e frio
que põe rede de sonhos ao navio
e o deixa balouçar, na vaga, inquieto
Possuis do mar o deslumbrante afeto,
as dormências nervosas e o sombrio
e torvo aspecto aterrador, bravio
das ondas no atro e proceloso aspecto.
Num fundo ideal de púrpuras e rosas
surges das águas mucilaginosas
como a lua entre a névoa dos espaços...
Trazes na carne o eflorescer das vinhas,
auroras, virgens músicas marinhas,
acres aromas de algas e sargaços...
PEDRO KILKERRY
Filho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso.
Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos.
A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense.
Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista.”
Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, mantendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis".
Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia.
Biografia de Alphonsus de Guimaraens
ResponderExcluirAfonso Henriques da Costa Guimarães nasceu a 24 de julho de 1870 na cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. Após cursar as primeiras letras, matriculou-se, em 1887, no curso de engenharia. No entanto, em 1888, morre sua noiva, Constança, filha de Bernardo Guimarães, autor de "A escrava Isaura". A morte da moça abalou moralmente e e fisicamente o poeta.
Doente, vem, em 1891, para São Paulo, onde matricula-se no curso de Direito da Faculdade do Largo São Francisco. Em São Paulo, colaborou na imprensa e entrou em contato com os jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e Souza. Após concluir o curso volta para Minas Gerais e, no ano de 1897, casa-se com Zenaide de Oliveira. Em 1906 é nomeado juiz em Mariana, onde falece em 15 de julho de 1921.
Devido ao período que viveu em Mariana, ficou conhecido como "O Solitário de Mariana", apesar de ter vivido lá com a mulher e , acredite se quiser, seus 14 filhos. O apelido foi dado a ele devido ao estado de isolamento completo em que viveu. Sua vida, nessa época, passou a ser dedicada basicamente às atividades de juiz e à elaboração de sua obra poética.
Apesar de ter se casado posteriormente, o amor por Constança marcou profundamente sua poesia. Além disso, o misticismo e a morte são outras características que marcaram profundamente sua poesia. O misticismo surge em decorrência do amor pela noiva e de sua profunda devoção pela Virgem Maria. A morte é vista como a única maneira de aproximar-se de sua Amada é também da Virgem Maria. Por isso, o amor é totalmente espiritual.
Além dessas influências, Alphonsus de Guimaraens foi influênciado também pelos escritores Verlaine e Mallarmé, a quem chegou a traduzir.
A obra de Alphonsus de Guimaraens é composta por:
Poesia
• Setenário das Dores de Nossa Senhora (1899)
• Câmara Ardente (1899)
• Dona Mística (1899)
• Kyriale (1902)
• PauvreLyre (1921)
• Pastoral aos crentes do Amor e da Morte (1923)
• Prosa
• Mendigos (1920)
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/alphonsus/afonso-guimaraes.php
Alphonsus de Guimaraens
ResponderExcluirAlphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Ouro Preto, 24 de julho de 1870 — Mariana, 15 de julho de 1921) foi um escritor brasileiro. Filho de Albino da Costa Guimarães, comerciante português, e de Francisca de Paula Guimarães Alvim, sobrinho do poeta Bernardo de Guimarães.
A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo.
Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina, que é considerada um anjo, ou um ser celestial. Alphonsus de Guimaraens é simultaneamente neo-romântico e simbolista.
Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo".
Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas, particularmente a redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas).
Principais Obras de Alphonsus de Guimaraens: Setenário das Dores de Nossa Senhora, Câmara Ardente, Dona Mística, Kyriale, Mendigos, Ismália".
Póstumas Pastoral aos crentes Escada de Jacó Pulvis Salmos Poesias Jesus Alphonsus
COUTINHO, Afrânio; SOUSA, J. Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. São Paulo: Global. Obtida em "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Alphonsus_de_Guimaraens&oldid=343987 Consultado às 22h27min em 04 de abril de 2013.
Biografia de Pedro Kilkerry
ResponderExcluirPedro Militão Kilkerry é o mais radical, o mais moderno dos poetas simbolistas brasileiros.
Filho de um irlandês e de uma mestiça baiana, Pedro Kilkerry formou-se em Direito pela Faculdade da Bahia. Foi boêmio, pobre e tuberculoso.
Os poemas de Kilkerry foram impressos em jornais e revistas da época, especialmente nas publicações simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. O poeta não deixou obra editada. Sua poesia foi revelada por Jackson de Figueiredo no livro Humilhados e luminosos.
A primeira edição em livro de seus poemas deve-se ao poeta Augusto de Campos, que, em 1970, reuniu parte da obra de Kilkerry numa publicação do Fundo Estadual de Cultura de São Paulo. Anos depois, em 1985, a obra, ampliada, teria segunda edição pela Brasiliense.
Apesar dos poucos poemas que deixou, Kilkerry liderou o movimento simbolista baiano. Para ele, o "Inconsciente" era "um poeta simbolista".
Segundo Augusto de Campos, "seus poemas, de acentuado teor hermético, têm vislumbres de Surrealismo. [...] Realmente, se o Simbolismo brasileiro permaneceu formalmente vinculado à estrutura parnasiana, antendo a sintaxe tradicional e inovando quase que somente na temática, Kilkerry é aquele poeta que radicaliza a experiência simbolista, complicando e adensando a sintaxe, aplicando uma metafórica arrojada e despojando a linguagem de adjetivações fáceis".
Pedro Kilkerry deixou, além de poemas, artigos e crônicas. Faleceu durante uma operação de traqueotomia.
http://educacao.uol.com.br/biografias/pedro-kilkerry.jhtm
Biografia de Cruz e Sousa
ResponderExcluirJoão da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.
Apesar disso, Cruz e Sousa teve que enfrentar o preconceito racial que era muito mais evidente na época do que é hoje em dia. No entanto, isso não foi pretexto para desmotivá-lo, uma vez que é conhecido como o mais importante escritor do Simbolismo.
Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro.
Depois de algum tempo no Rio Grande do Sul e após enfrentar represália para não sair de sua terra natal por motivo de preconceito, o autor fixa residência no Rio de Janeiro, onde trabalhou em empregos que não condiziam com sua capacidade e formação.
É então, em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna.
Casou-se com Gavita Gonçalves, com quem teve quatro filhos, os quais morreram precocemente por tuberculose, o que deixou-a enlouquecida 1896. Foi o escritor quem cuidou da esposa, em casa mesmo. Essa é a temática de muitos poemas de Cruz e Sousa.
A linguagem de Cruz e Sousa, herdada do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos vocábulos.
Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em 19 de março de 1898, vítima do agravamento no quadro de tuberculose.
http://www.brasilescola.com/literatura/cruz-sousa.htm
ResponderExcluirCetáceo*
Fuma. É cobre o zênite. E, chagosos no flanco,
Fuga e pó, são corcéis de anca na atropelada.
E tesos no horizonte, a muda cavalgada.
Coalha bebendo o azul um largo vôo branco.
Quando e quando esbagoa ao longe uma enfiada
De barcos em betume indo as proas de arranco.
Perto uma janga embala um marujo no banco
Brunindo ao sol brunida a pele atijolada.
Tine em cobre o zênite e o vento arqueja e o oceano
Longo enfroca-se a vez e vez e arrufa,
Como se a asa que o roce ao côncavo de um pano.
E na verde ironia ondulosa de espelho
Úmida raiva iriando a pedraria. Bufa
O cetáceo a escorrer d’ água ou do sol vermelho.
http://www.lerliteratura.blogspot.com.br/2013/04/atividade-cruz-e-souza-pedro-kilkerry.html#comment-form
Nesse poema podemos perceber as características desse autor,no qual faz uso dos planos usando a metónima e a metáfora.nesse poema há a repetição das vogais "a" e "o" causando assim uma sonoridade.
Pedro Kilkerry um dos maiores poetas brasileiro, nasceu no dia 10 de março de 1885,trouxe para o simbolismo um sentido novo, para a poesia também inferindo audácia e funcionalidade verbal, possui invunerabilidade ao pieguismo e ao sentimentalismo do poeta.
ResponderExcluirIn revisão Kilkerry,São Paulo:fundo estadual de cultura.s.d./p.11]
João da Cruz,é considerado grande poeta e simbolista, filho de ex-escravo, herdou o sobre nome souza do ex dono, como era de costume os escravos receberem o sobrenome dos donos. muitas coisas da vida do poeta possui ligações com o tempo da escravidão, no qual vive,
ResponderExcluirsegundo o texto de Danilo Lobo(UnB). Suas obras tem um impulso de divindade e possui semelhanças com BAUDELAIRE.
As obras que mais se encontra traços do autor são Broqueis, Últimos Sonetos, Missa do Galoe Evocações, segundo o texto de Danilo Lobo, a mudança é claramente notável no modo de pensar do poeta no que concerne à sua vida. (p 54)
ResponderExcluirAlphonsus Guimarães, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarâes, nasceu em Ouro Preto, filho de Albino da Costa Guimarães comerciante português, e de Francisca de Paula Guimarães Alvim, sobrinho do poeta Bernado Guimarães. Estudou engenharia, direito, colaborou com a imprensa em São Paulo e frequentou a Vila Kyrial, de José de Freitas vale, onde se reuniam os jovens simbolistas.
ResponderExcluirCONTINUANDO
ResponderExcluirFoi um escritor brasileiro,amigo de Cruz e Souza, juiz, promotor, casou com Zenáide teve 15 filhos. Em 1899 estreou na literatura com Septenário das dores de Nossa Senhora, Câmara ardente e Dona Mística ambos de inspiração simbolista. Ele também foi conhecido como "O solitário de Mariana."
CONTINUANDO
ResponderExcluirSuas obras são marcadas e envolvidas com a religiosidade católica. Seus sonetos a apresentam uma estrutura clássica, são profundamente religioso e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo.
CONTINUAÇÃO de Pedro Kilkerry
ResponderExcluirNasceu em Santo Antônio de Jesus na Bahia, não chegou a publicar livros em sua vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas até ser recolhida na antologia do movimento simbolista.[...]Kilkerry, pode ser colocado entre aqueles simbolistas que anteciparam muitas das novas técnicas postas em prática pelos movimentos de vanguarda...
CONTINUANDO
ResponderExcluirdo início do século. No contexto brasileiro,o surto renovador do modernismo enclodiu com algum retardo já na década de 20.Segundo Augusto de Campos.
Extraído de: Dalila Machado.
os Tempos Fáusticos na lírica do Lugar
Salvador:EDUFBA,2010,267P.ISBN978-85232-0704-5
Referência da pesquisa de Alphonsus Guimarães: COUTINHO Afrânio;SOUZA, J.Galante de Enciclopédia de Literatura brasileira. São Paulo:Global.Acessado no dai 12/04/13.
ResponderExcluirPedro Kilkerry
ResponderExcluirPedro Militão Kilkerry foi um poeta simbolista brasileiro. Era descendente de ingleses por parte do pai, o engenheiro John Kilkerry, superintendente da Bahia Gás Company Limited, e da mestiça alforriada baiana Salustiana do Sacramento Lima. Nasceu em Santo Antonio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952), de Andrade Muricy. Considerado por Augusto de Campos como um dos precursores de nossa modernidade.
FLORESTA MORTA
Por que, á luz de um sol de primavera
Urna floresta morta? Um passarinho
Cruzou, fugindo-a, o seio que lhe dera
Abrigo e pouso e que lhe guarda o ninho.
Nem vale, agora, a mesma vida, que era
Como a doçura quente de um carinho,
E onde flores abriram, vai a fera
— Vidrado o olhar — lá vai pelo caminho.
Ah! quanto dói o vê-la, aqui, Setembro,
Inda banhada pela mesma vida!
Floresta morta a mesma cousa lembro;
Sob outro céu assim, que pouco importa,
Abrigo á fera, mas, da ave fugida,
Há no meu peito urna floresta morta.
Alma Ferida
ResponderExcluirAlma ferida pelas negra lanças
Da Desgraça, ferida do Destino,
Alma,[a] que as amarguras tecem o hino
Sombrio das cruéis desesperanças,
Não desças, Alma feita de heranças
a Dor, não desças do teu céu divino.
Cintila como o espelho cristalino
Das sagradas, serenas esperanças.
Mesmo na Dor espera com clemência
E sobe à sideral resplandecência,
Longe de um mundo que só tem peçonha.
Das ruínas de tudo ergue-te pura
E eternamente, na suprema Altura,
Suspira, sofre, cisma, sente, sonha!
Por volta de 1893 iniciou-se no Brasil o movimento Simbolista,e com a publicação das obras Missal e Broquéis, ambas de autoria de Cruz e Sousa, que é considerado o maior autor simbolista. Além de Cruz e Sousa, destacam-se Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry.
ResponderExcluirCruz e Sousa
Principais obras:
- Missal (prosa)
- Broquéis (poesia)
- Tropos e fantasias
- Faróis
- Últimos sonetos
Principais características:
- No plano temático: a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca;
- No plano formal: as sinestesias, as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos.
Alphonsus de Guimaraens
Principais obras:
- Setenário das dores de Nossa Senhora (1899)
- Dona Mística (1899)
- Kyriale (1902)
- Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923), entre outros.
Sua poesia desenvolve-se em torno de um misticismo marcado pela morte, que surge como uma inevitabilidade, e é praticamente transformada em objeto de adoração. Formalmente, o autor revela influências árcades e renascentistas, sem cair no formalismo parnasiano. O poeta chegou a explorar a redondilha maior, de longa tradição popular, medieval e romântica, sua obra é rica em recursos como aliterações e sinestesias.
DORMINDO...
ResponderExcluirPálida, bela, escultural, clorótica
Sobre o divã suavíssimo deitada,
Ela lembrava -- a pálpebra cerrada --
Uma ilusão esplendida de ótica.
A peregrina carnação das formas,
-- o sensual e límpido contorno,
Tinham esse quê de avérnico e de morno,
Davam a Zola as mais corretas normas!...
Ela dormia como a Vênus casta
E a negra coma aveludada e basta
Lhe resvalava sobre o doce flanco...
Enquanto o luar -- pela janela aberta --
-- como uma vaga exclamação -- incerta
Entrava a flux -- cascateado -- branco!!...
Cruz e Sousa
Veja um trecho do famoso poema “Ismália”...
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsos de Guimararães
Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis – Santa Catarina – em 1861 e morreu em Minas Gerais em 1898. Foi filho de escravos alforriados e criado pelos patrões de seus pais. É considerado um dos maiores escritores do Simbolismo brasileiro, sendo que seus textos falam sobre morte, Deus, mistério da vida e personagens marginalizados.
ResponderExcluirPedro Militão Kilkerry, nascido em 1885, em Salvador da Baía, e falecido na mesma cidade, em 1917, morreu sem ter visto ser publicada em vida nenhuma das suas obras, embora posteriormente tenha sido considerado um dos grandes nomes do simbolismo brasileiro.
Afonso Henrique da Costa Guimaraens nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870. Os versos de Alphonsus eram publicados em jornais da época e muitos deles constam em publicações posteriores, reunidos em livro.
SETE DAMAS
Sete Damas por mim passaram.
E todas sete me beijaram.
E quer eu queira quer não queira.
Elas vêm cada sexta-feira.
Sei que plantaram sete ciprestes.
Nas remotas solidões agrestes.
Deixaram-me como um mendigo…
Se elas vão acabar comigo!
Todas, rezando os Ste Salmos.
No chão cavaram sete palmos.
ABraço! :D
João da Cruz e Sousa, considerado o mestre do simbolismo brasileiro, nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis - SC, no dia 24 de novembro de 1861. Desde pequenino foi protegido pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa, que o acolheram como o filho que não conseguiram ter. O referido marechal havia alforriado os pais do escritor, negros escravos. Educado na melhor escola secundária da região, teve que abandonar os estudos e ir trabalhar, face ao falecimento de seus protetores. Vítima de perseguições raciais, foi duramente discriminado, inclusive quando foi proibido de assumir o cargo de promotor público em Laguna - SC. Em 1890 transferiu-se para o Rio de Janeiro, ocasião em que entrou em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Vivia de suas colaborações em jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de "Missal" e "Broquéis" (1893), só conseguiu se empregar na Estrada de Ferro Central do Brasil, no cargo de praticante de arquivista. Casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, em 09 de novembro de 1893. O poeta contraiu tuberculose e mudou-se para a cidade de Sítio - MG, a procura de bom clima para se tratar. Faleceu em 19 de março de 1898, aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão. Sua obra só foi reconhecida anos depois de sua partida. Gavita, que ficou viúva, grávida, e com três filhos para criar. Após o a morte do escritor perdeu dois filhos, vitimados também pela tuberculose. Com problemas mentais, passou vários períodos em hospitais psiquiátricos, vindo a falecer. O terceiro filho, com a mesma doença, faleceu logo em seguida. O único filho que sobreviveu, que tinha o nome do pai, também faleceu vitima dessa doença aos dezessete anos de idade.
ResponderExcluirEscárnio perfumado
Cruz e Sousa
Quando no enleio
De receber umas notícias tuas,
Vou-me ao correio,
Que é lá no fim da mais cruel das ruas,
Vendo tão fartas,
D'uma fartura que ninguém colige,
As mãos dos outros, de jornais e cartas
E as minhas, nuas - isso dói, me aflige...
E em tom de mofa,
Julgo que tudo me escarnece, apoda,
Ri, me apostrofa,
Pois fico só e cabisbaixo, inerme,
A noite andar-me na cabeça, em roda,
Mais humilhado que um mendigo, um verme...
POEMA QUE ADORO!!
Nasceu em Santo Antonio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952), de Andrade Muricy. Considerado por Augusto de Campos como um dos precursores de nossa modernidade, é reconhecido na Re-visão de Kilkerry (1970).
ResponderExcluir“Na verdade, mais do que o exotismo de uma personalidade invulgar, Kilkerry traz para o Simbolismo brasileiro um sentido de pesquisa que lhe era, até então, estranho, e uma concepção nova, moderníssima, da poesia como síntese, como condensação; poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo, de uma extraordinária funcionalidade verbal, numa época em que o ornamental predominava e os adjetivos vinham de cambulhada, num borbotão sonoro-sentimental que ameaçava deteriorar os melhores poemas.”
AUGUSTO DE CAMPOS [in Re-visão de Kilkerry. São Paulo: Fundo Estadual de Cultura, s.d., p. 11]
Poeta simbolista, nascido em Minas Gerais no ano de 1870, Alphonsus de Guimaraens dedicou-se a uma escrita que privilegiava temas como o amor, a morte e a religiosidade.
ResponderExcluirTrata-se de um dos poetas brasileiros mais místicos. Além dessa característica, encontramos em seus poemas a nostalgia de um tempo e de um espaço esfumaçados na memória, impondo-se para sobreviver no presente.
Mas há outros temas na obra de Alphonsus de Guimaraens: a solidão, por exemplo, agravada pela percepção da dualidade entre corpo e alma; o isolamento experimentado pelo homem ao entrar nas imensas catedrais (imagem do homem em contato com Deus); a loucura, como efeito da angústia para romper a distância entre o celestial e o terreno; e a desilusão, como se o belo e o perfeito tivessem sido subtraídos da condição humana.
Todos esses temas estão na lírica de Alphonsus, sedimentados pela elegância da métrica, pela rima e pela musicalidade tecida nos poemas.
Cruz e Souza, Pedro Kilkerry, Alphonsus de Guimaraens são os precussores do movimento simbolista no Brasil. Sendo Cruz e Souza o grande nome do movimento simbolista, pois o movimento se dá a partir do lançamento de duas de suas obras, Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), o autor vence o preconceito do qual fora vítima e torna-se um autor consagrado.
ResponderExcluirJoão da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.
Apesar disso, Cruz e Sousa teve que enfrentar o preconceito racial que era muito mais evidente na época do que é hoje em dia. No entanto, isso não foi pretexto para desmotivá-lo, uma vez que é conhecido como o mais importante escritor do Simbolismo.
Em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna.
Casou-se com Gavita Gonçalves, com quem teve quatro filhos, os quais morreram precocemente por tuberculose, o que deixou-a enlouquecida 1896. Foi o escritor quem cuidou da esposa, em casa mesmo. Essa é a temática de muitos poemas de Cruz e Sousa.
A linguagem de Cruz e Sousa, herdada do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos vocábulos.
Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em 19 de março de 1898, vítima do agravamento no quadro de tuberculose.
Veja um trecho do poema “Cristais”, no qual é claro o uso da sinestesia, recurso estilístico que associa dois sentidos ou mais (audição, visão, olfato, etc.):
Mais claro e fino do que as finas pratas
o som da tua voz deliciava…
Na dolência velada das sonatas
como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
em lânguida espiral que iluminava,
brancas sonoridades de cascatas…
Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas
de cantos volutuosos como rondas
de silfos leves, sensuais, lascivos…
Como que anseios invisíveis, mudos,
da brancura das sedas e veludos,
das virgindades, dos pudores vivos.
Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em 24 de julho de 1870, em Ouro Preto, Minas Gerais. Cursa a Escola de Minas de Ouro Preto quando perde sua noiva Constança, em 28 de dezembro de 1888, filha do romancista Bernardo Guimarães, o escritor de Escrava Isaura.
ResponderExcluirAlphonsus Guimaraens é considerado o autor místico do Simbolismo, pela evidência de um triângulo em sua obra: misticismo, amor e morte.
Seu primeiro livro publicado em 1899 é em forma de poemas, chamado Dona Mística. Neste mesmo ano, também foi a publicação de Setenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente. Um tempo depois, em 1902, escreve e publica Kyriale sob o pseudônimo consagrado de Alphonsus Guimaraens.
A vida do autor norteia sua obra através dos marcos da morte da noiva e da devoção à Maria, envoltos em um clima de misticismo exacerbado, no qual a morte é vista como o meio de aproximação do amor (Constança) e de Maria (figura religiosa).
O autor morreu em 15 de julho do ano de 1921, conhecido como “O solitário de Mariana”, por ter vivido isolado dos acontecimentos.
Veja um trecho do famoso poema “Ismália”, personagem de fim trágico:
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
PEDRO KILKERRY nasceu em Santo Antonio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952), de Andrade Muricy. Considerado por Augusto de Campos como um dos precursores de nossa modernidade, é reconhecido na Re-visão de Kilkerry (1970).
ResponderExcluir“O metro é livre, vivamo-lo” KILKERRY
Segundo Augusto de Campos
“Na verdade, mais do que o exotismo de uma personalidade invulgar, Kilkerry traz para o Simbolismo brasileiro um sentido de pesquisa que lhe era, até então, estranho, e uma concepção nova, moderníssima, da poesia como síntese, como condensação; poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo, de uma extraordinária funcionalidade verbal, numa época em que o ornamental predominava e os adjetivos vinham de cambulhada, num borbotão sonoro-sentimental que ameaçava deteriorar os melhores poemas.” AUGUSTO DE CAMPOS [in Re-visão de Kilkerry. São Paulo: Fundo Estadual de Cultura, s.d., p. 11]
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ResponderExcluirCRUZ E SOUSA
ResponderExcluirFoi filho de escravos alforriados e criado pelos patrões de seus pais.
Por ser negro, sofreu com o preconceito racial. Começou sua carreira jornalística e literária em Desterro, colaborando para jornais e escrevendo textos abolicionistas. Nessa época publicou “Tropos e Fantasias” em parceria com Vírgílio Várzea.
Apesar de tanto sofrimento, Cruz e Sousa é considerado o maior e melhor escritor simbolista brasileiro, suas obras “Missal” e “Broquéis” marcam o início deste período literário no Brasil, em 1893.
Os simbolistas procuravam obter em suas obras variados efeitos sonoros e rítmicos, além do gosto pela linguagem rebuscada.
Cruz e Sousa, é claro, não fugiu destas características, além delas, seus textos falam sobre morte, Deus, mistérios da vida e personagens marginalizados.
Sua linguagem é muito rica e seus poemas mais longos possuem grande musicalidade.
Obras: Vida Obscura, Triunfo Supremo, Sorriso Interior e Monja Negra.
Obras Póstumas: Evocações, Faróis, Últimos Sonetos e O Livro Derradeiro.
PEDRO KILKERRY
Poeta brasileiro, Pedro Militão Kilkerry, nascido em 1885, em Salvador da Baía, e falecido na mesma cidade, em 1917,morreu sem ter visto ser publicada em vida nenhuma das suas obras, embora posteriormente tenha sido considerado um dos grandes nomes do simbolismo brasileiro.
Em 1913, fez o bacharelato em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Bahia. Nesta época, colaborava nas revistas Nova Cruzada, Os Anais, Via Láctea e A Voz do Povo e em jornais como A Tarde, A Gazeta do Povo e Jornal Moderno.
Entretanto, tornou-se advogado e escriturário.
Em 1917, depois de levar uma vida boemia, morreu na miséria vítima de tuberculose. Apesar da sua obra poética ter integrado o volume Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro, uma recolha de Andrade Muricy, só em 1970, por iniciativa do poeta Augusto de Campos, o seu trabalho foi recuperado e publicado na obra Revisão de Kilkerry. Este livro era composto por 36 poemas recolhidos nas revistas e jornais onde colaborou e garantiu-lhe o reconhecimento público que nunca conheceu em vida.
ALPHONSUS DE GUIMARAENS
Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em 24 de julho de 1870, em Ouro Preto, Minas Gerais.
Cursa a Escola de Minas de Ouro Preto quando perde sua noiva Constança, em 28 de dezembro de 1888, filha do romancista Bernardo Guimarães, o escritor de Escrava Isaura.
Pouco tempo depois, transfere-se para São Paulo, onde cursa a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, na qual se forma em 1894. Logo após formar, o autor exerce sua profissão no cargo de promotor em Minas Gerais. Durante esse período já havia colaborado para os jornais Diário Mercantil, Comércio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S. Paulo e A Gazeta.
Casa-se com Zenaide de Oliveira em 1897 e em 1906 passa a ser juiz da cidade de Mariana, ainda em Minas, lugar de onde não saiu mais e criou 14 filhos!
Alphonsus Guimaraens é considerado o autor místico do Simbolismo, pela evidência de um triângulo em sua obra: misticismo, amor e morte.
Seu primeiro livro publicado em 1899 é em forma de poemas, chamado Dona Mística. Neste mesmo ano, também foi a publicação de Setenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente. Um tempo depois, em 1902, escreve e publica Kyriale sob o pseudônimo consagrado de Alphonsus Guimaraens.
A vida do autor norteia sua obra através dos marcos da morte da noiva e da devoção à Maria, envoltos em um clima de misticismo exacerbado, no qual a morte é vista como o meio de aproximação do amor (Constança) e de Maria (figura religiosa).
O autor morreu em 15 de julho do ano de 1921, conhecido como “O solitário de Mariana”, por ter vivido isolado dos acontecimentos.
O simbolismo brasileiro foi influenciado ideologicamente por Charles Baudelaire. No Brasil os principais pilares são: Cruz e Souza, Alphonsus Guimaraens e Pedro Kilkerry, que trazem na sua poética elementos originados do estilo francês, como: musicalidade, sinestesia, cores e simbologias.
ResponderExcluirCruz e Souza:
ResponderExcluirJoão da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.Em 1883 foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea.. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em fevereiro de 1893, publica Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura.
Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações), pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca. É certo que se encontram inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez, à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos.
Abaixo, temos um poema do autor em que ele lança mão da sinestesia:
Mais claro e fino do que as finas pratas
o som da tua voz deliciava…
Na dolência velada das sonatas
como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
em lânguida espiral que iluminava,
brancas sonoridades de cascatas…
Tanta harmonia melancolizava.
Filtros sutis de melodias, de ondas
de cantos volutuosos como rondas
de silfos leves, sensuais, lascivos…
Como que anseios invisíveis, mudos,
da brancura das sedas e veludos,
das virgindades, dos pudores vivos.
Obras: Poesia: Broquéis (1893); Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905).
Prosa poética: Tropos e fanfarras (1885) em conjunto com Virgílio Várzea, Missal (1893) e Evocações (1898).
Pedro Kilkerry :Nascido em Salvador, no dia 10 de Março de 1885, Pedro Kilkery, não chegou a publicar nenhum livro durante sua vida, somente um em 1971 com seus 36 poemas e ajudou em alguns periódicos (jornais) como: Os Anais e Cruzada.
ResponderExcluirAs principais características da poesia de Kilkery são: uma sintaxe bastante elaborada, fantasias humorísticas, musicalidade, ou seja, ele representou outro lado do simbolismo, aquele mais radical. As obras de Kilkery foram colocadas como críticas da vanguarda.
Alphonsus Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães,foi um escritor brasileiro. Considerado um dos grandes representantes do Simbolismo no Brasil. iniciou sua incursão no jornalismo em São Paulo, em companhia dos colegas padre Severiano de Rezende e Adolfo Araújo, fundador de “A Gazeta”. Seus versos eram publicados em jornais da época e muitos deles constam em publicações posteriores, reunidos em livro.
ResponderExcluirSua poesia é marcadamente mística e envolvida com a religião católica.Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo.Sua poesia expressa uma atitude melancólica sobre o tema morte. O sentimento resignado, o sofrimento e a desesperança estão presentes em seus versos. O seu espiritualismo é voltado para a religiosidade e o misticismo.
Afonso Henrique da Costa Guimarães (seu nome civil) morreu na cidade de Mariana, Minas Gerais, no dia 15 de julho de 1921.
Obras :
Setenário das Dores de Nossa Senhora, poesia 1899
Dona Mística, poesia, 1899
Câmara Ardente, poesia, 1899
Kiriale, poesia, 1902
Mendigos, prosa, 1920
Pauvre Lyre, poesia, 1921
Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, poesia, 1923
Poesias (Nova Primavera, Escada de Jacó, Pulvis, poesia, 1938
Nascido em Novembro de 1861, filho de escravos alforriados e criado pelos patrões de seus pais, Cruz e Souza,por ser negro, sofreu com o preconceito racial. Começou sua carreira jornalística e literária em Desterro, colaborando para jornais e escrevendo textos abolicionistas. Nessa época publicou “Tropos e Fantasias” em parceria com Vírgílio Várzea.
ResponderExcluirApesar de tanto sofrimento, Cruz e Sousa é considerado o maior e melhor escritor simbolista brasileiro, suas obras “Missal” e “Broquéis” marcam o início deste período literário no Brasil, em 1893.
Os simbolistas procuravam obter em suas obras variados efeitos sonoros e rítmicos, além do gosto pela linguagem rebuscada.
Cruz e Sousa, é claro, não fugiu destas características, além delas, seus textos falam sobre morte, Deus, mistérios da vida e personagens marginalizados.Sua linguagem é muito rica e seus poemas mais longos possuem grande musicalidade. No que Tange às suas principais obras destacam-se:
- Missal (prosa)
- Broquéis (poesia)
- Tropos e fantasias
- Faróis
- Últimos sonetos
Principais características:
- No plano temático: a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca;
- No plano formal: as sinestesias, as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirNo que diz respeito a PEDRO KILKERRY, este nasceu em Santo Antonio de Jesus, Bahia. Não chegou a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952), de Andrade Muricy. Considerado por Augusto de Campos como um dos precursores de nossa modernidade, é reconhecido na Re-visão de Kilkerry (1970).“O metro é livre, vivamo-lo” KILKERRY
ResponderExcluirSegundo Augusto de Campos“Na verdade, mais do que o exotismo de uma personalidade invulgar, Kilkerry traz para o Simbolismo brasileiro um sentido de pesquisa que lhe era, até então, estranho, e uma concepção nova, moderníssima, da poesia como síntese, como condensação; poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo, de uma extraordinária funcionalidade verbal, numa época em que o ornamental predominava e os adjetivos vinham de cambulhada, num borbotão sonoro-sentimental que ameaçava deteriorar os melhores poemas.” AUGUSTO DE CAMPOS [in Re-visão de Kilkerry. São Paulo: Fundo Estadual de Cultura, s.d., p. 11]
Referência da pesquisa de Alphonsus Guimarães: COUTINHO Afrânio;SOUZA, J.Galante de Enciclopédia de Literatura brasileira. São Paulo:Global.Acessado no dai 12/04/13.
Alphonsus de Guimaraens no que se refere às suas principais obras, destacam-se:
ResponderExcluir- Setenário das dores de Nossa Senhora (1899)
- Dona Mística (1899)
- Kyriale (1902)
- Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923), entre outros.
Sua poesia desenvolve-se em torno de um misticismo marcado pela morte, que surge como uma inevitabilidade, e é praticamente transformada em objeto de adoração. Formalmente, o autor revela influências árcades e renascentistas, sem cair no formalismo parnasiano. O poeta chegou a explorar a redondilha maior, de longa tradição popular, medieval e romântica, sua obra é rica em recursos como aliterações e sinestesias. Alphonsus Guimaraens é considerado o autor místico do Simbolismo, pela evidência de um triângulo em sua obra: misticismo, amor e morte.Seu primeiro livro publicado em 1899 é em forma de poemas, chamado Dona Mística. Neste mesmo ano, também foi a publicação de Setenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente. Um tempo depois, em 1902, escreve e publica Kyriale sob o pseudônimo consagrado de Alphonsus Guimaraens.A vida do autor norteia sua obra através dos marcos da morte da noiva e da devoção à Maria, envoltos em um clima de misticismo exacerbado, no qual a morte é vista como o meio de aproximação do amor (Constança) e de Maria (figura religiosa).O autor morreu em 15 de julho do ano de 1921, conhecido como “O solitário de Mariana”, por ter vivido isolado dos acontecimentos.
Referência da pesquisa de Alphonsus Guimarães: COUTINHO Afrânio;SOUZA, J.Galante de Enciclopédia de Literatura brasileira. São Paulo:Global.Acessado no dai 12/04/13.