NOVELAS DE CAVALARIA São narrativas literárias em capítulos que contam os grandes feitos de um herói (acompanhado de seus cavaleiros), entremeados de célebres histórias de amor.
Tais histórias de amor não são melancólicas e platônicas como o que aparece nas cantigas: o herói cultua a amada, mas não se contenta apenas em vê-la; ele quer e é correspondido pela amada, que por ser casada (ou religiosa: "casada com Cristo"), torna-se adúltera para concretizar o seu amor; os obstáculos incentivam o herói na fase de conquista (o que é proibido é mais gostoso), ao invés de torná-lo impotente como acontece nas cantigas; a esse amor físico, adúltero, presente nas novelas e xácaras medievais, dá-se o nome de AMOR CORTÊS, em que o casal central não tem final feliz e é severamente punido pelo pecado cometido.
Nesses episódios eróticos são revelados até relacionamentos homossexuais ( rei Artur e Lancelote, rei Ricardo Coração de Leão...)
Os heróis medievais não têm a força física exagerada dos heróis da Antigüidade, mas são sempre jovens, belos e elegantes. Suas amadas são sempre "as mais belas do reino". A maioria das novelas de cavalaria portuguesas são traduções ou adaptações de novelas francesas ou inglesas. Dependendo de quem é o herói principal da novela, ela faz parte de um dos seguintes CICLOS:
a) CICLO GRECO-ROMANO OU CLÁSSICO: conjunto de novelas de cavalaria que narram as façanhas de heróis da Antigüidade;
b) CICLO CAROLÍNGEO OU FRANCÊS: novelas cujo herói é Carlos Magno;
c) CICLO ARTURIANO OU BRETÃO: as novelas deste ciclo são as mais famosas, adaptadas e traduzidas; o herói dessas novelas é o Rei Artur , sempre acompanhado de seus célebres cavaleiros da távola redonda.
Essa "MATÉRIA DA BRETANHA" é uma das fontes que dão origem às novelas de cavalaria portuguesas: tanto que as novelas portuguesas mais importantes pertencem ao Ciclo Arturiano ou Bretão, como "José de Arimatéia", "História de Merlin", etc. As novelas mais marcantes porém são:
a)"A DEMANDA DO SANTO GRAAL" : narra a busca do cálice sagrado pelo rei Artur e os cavaleiros da távola redonda;
b)"AMADIS DE GAULA", de autoria de Vasco ou João da Lobeira.
As novelas de cavalaria portuguesas também são inspiradas nas CANÇÕES DE GESTA francesas (cantigas que homenageavam os heróis e seus feitos). A prosa medieval portuguesa, como se pode concluir, é predominantemente do GÊNERO ÉPICO.
A Literatura Medieval Portuguesa expressa a simplicidade, a ingenuidade e a passividade do homem medieval e contém marcas do contexto em que foi produzida. Completamente dominado pelo medo do pecado e com o objetivo de agradar sempre a Deus, o homem medieval ainda consegue fazer uma literatura que em determinados momentos rompe com esse domínio: é o caso das novelas de cavalaria, dos romances ou xácaras. O segundo período medieval vai mostrar que esse "rompimento" vai aumentando com o passar do tempo, até que o homem consegue sair das TREVAS MEDIEVAIS definitivamente.
Visite , no link abaixo,a Dissertação de Mestrado em Letras de Cristina Helena Carneiro
BRUXAS E FEITICEIRAS EM NOVELAS DE CAVALARIA DO CICLO ARTURIANO: O REVERSO DA FIGURA FEMININA?
http://www.ple.uem.br/defesas/pdf/chcarneiro.pdf
Visite e leia “ O imaginário cristão nas novelas de cavalaria e nas cantigas de amor, de Hilda Magalhães(Faça downlound)
http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2227063
NOVELAS: A Demanda do Santo Graal
http://auladeliteraturaportuguesa.blogspot.com/2009/05/demanda-do-santo-graal.html
Demanda do Santo Graal é a adaptação e a tradução das novelas francesas que tinham como tema as aventuras do Rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda. Entre esses cavaleiros, sobressaem Lançarote do Lago, Boors de Gaunes, Galvão, Perceval e Galaaz. Este último era filho de Lançarote e tinha por missão encontrar o Santo Graal, isto é, o vaso onde fora recolhido o sangue de Cristo na cruz e que estava escondido no castelo de Corbenic, na Britânia. O manuscrito português encontra-se na Biblioteca Nacional de Viena (catalogado com o número 2594) e contém várias redacções feitas entre os séculos XIII e XV. É considerado o mais fiel e o mais completo de todos os que contêm as novelas do chamado Ciclo Bretão.
Edições da obra: Augusto Magne, Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1944; Augusto Magne, Rio de Janeiro, 1955-1970, 2 vols.; Joseph Maria Piel, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1988; Irene Freire Nunes, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1995.
DEMANDA DO SANTO GRAAL
Véspera de Pinticoste foi grande gente assüada em Camaalot, assi que podera homem i veer mui gram gente, muitos cavaleiros e muitas donas mui bem guisadas. El-rei, que era ende mui ledo, honrou-os muito e feze-os mui bem servir; e toda rem que entendeo per que aquela corte seeria mais viçosa e mais leda, todo o fez fazer.
Aquel dia que vos eu digo, direitamente quando queriam poer as mesas – esto era ora de noa – aveeo que üa donzela chegou i, mui fremosa e mui bem vestida. E entrou no paaço a pee, como mandadeira. Ela começou a catar de üa parte e da outra, pelo paaço; e perguntavam-na que demandava.
– Eu demando – disse ela – por Dom Lançarot do Lago. É aqui?
– Si, donzela – disse üu cavaleiro. Veede-lo: stá aaquela freesta, falando com Dom Gualvam.
Ela foi logo pera el e salvô-o. Ele, tanto que a vio, recebeo-a mui bem e abraçou-a, ca aquela era üa das donzelas que moravam na Insoa da Lediça, que a filha Amida del-rei Peles amava mais que donzela da sua companha i.
– Ai, donzela! – disse Lançalot –que ventura vos adusse aqui, que bem sei que sem razom nom veestes vós?
– Senhor, verdade é; mais rogo-vos, se vos aprouguer, que vaades comigo aaquela foresta de Camaalot; e sabede que manhãa, ora de comer, seeredes aqui.
– Certas, donzela – disse el – muito me praz; ca teúdo e soom de vos fazer serviço em tôdalas cousas que eu poder.
Entam pedio suas armas. E quando el-rei vio que se fazia armar a tam gram coita, foi a el com a raïa e disse-lhe:
– Como leixar-nos queredes a atal festa, u cavaleiros de todo o mundo veem aa corte, e mui mais ainda por vos veerem ca por al – deles por vos veerem e deles por averem vossa companha?
– Senhor, – disse el – nom vou senam a esta foresta com esta donzela que me rogou; mais cras, ora de terça, seerei aqui.
Entom se saío Lançarot do Lago e sobio em seu cavalo, e a donzela em seu palafrem; e forom com a donzela dous cavaleiros e duas donzelas. E quando ela tornou a eles, disse-lhes:
– Sabede que adubei o por que viim: Dom Lançarot do Lago se irá comnosco.
Entam se filharom andar e entrarom na foresta; e nom andarom muito per ela que chegarom a casa do ermitam que soía a falar com Gualaz. E quando el vio Lançarot ir é a donzela, logo soube que ia pera fazer Gualaaz cavaleiro, e leixou sua irmida por ir ao mosteiro das donas, ca nom queria que se fosse Gualaaz ante que o el visse, ca bem sabia que, pois se el partia dali, que nom tornaria i, ca lhe convenria e, tanto que fosse cavaleiro, entrar aas venturas do reino de Logres. E por esto lhe semelhava que o avia perdudo e que o nom veeria a meude, e temia, ca avia em ele mui grande sabor, porque era santa cousa e santa creatura.
Quando eles cheguarom aa abadia, levarom Lançarot pera üa camara, e desarmarom-no. E vëo a ele a abadessa com quatro donas, e adusse consigo Gualaaz: tam fremosa cousa era, que maravilha era; e andava tam bem vesådo, que nom podia milhor. E a abadessa chorava muito com prazer. Tanto que vio Lançarot, disse-lhe:
– Senhor, por Deos, fazede vós nosso novel cavaleiro, ca nom queriamos que seja cavaleiro por mão doutro; ca milhor cavaleiro ca vós nom no pode fazer cavaleiro; ca bem crcemos que ainda seja tam bõo que vos acharedes ende bem, e que será vossa honra de o fazerdes; e se vos el ende nom rogasse, vó-lo devíades de fazer, ca bem sabedes que é vosso filho.
– Gualaaz – disse Lançalot – queredes vós seer cavaleiro?
El respondeo baldosamente:
– Senhor, se prouvesse a vós, bem no queria seer, ca nom há cousa no mundo que tanto deseje como honra de cavalaria, e seer da vossa mão, ca doutra nom. no: queria seer, que tanto vos auço louvar e preçar de cavalaria, que nenhüu, a meu cuidar, nom podia seer covardo nem mao que vós fezéssedes cavaleiro. E esto é üa das cousas do mundo que me dá maior esperança de seer homem bõo e bõo cavaleiro.
– Filho Gualaaz – disse Lançalot – stranhamente vos fez Deos fremosa creatura. Par Deos, se vós nom cuidades seer bõo homem ou bõo cavaleiro, assi Deos me conselhe, sobejo seria gram dapno e gram malaventura de nom seerdes bõo cavaleiro, ca sobejo sedes fremoso.
E ele disse:
– Se me Deos fez assi fremoso, dar-mi-á bondade, se lhe prouver; ca, em outra guisa, valeria pouco. E ele querrá que serei bõo e cousa que semelhe minha linhagem e aaqueles onde eu venho; e metuda ei minha sperança em Nosso Senhor. E por esto vos rogo que me façades cavaleiro.
E Lançalot respondeo:
– Filho, pois vos praz, eu vos farei cavaleiro. E Nosso Senhor, assi como a el aprouver e o poderá fazer, vos faça tam bõo cavaleiro como sodes fremoso.
E o irmitam respondeo a esto:
– Dom Lançalot, nom ajades dulda de Galaaz, ca eu vos digo que de bondade de cavalaria os milhores cavaleiros do mundo passará.
E Lançalot respondeo:
– Deos o faça assi como eu queria.
Entam começarom todos a chorar com prazer quantos no lugar stavam.
Demanda do Santo Graal, fl. I, ed. de Augusto Magne, 1955-1970.
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LEITURAS ACERCA D’A DEMANDA DO SANTO GRAAL
(READINGS OF A DEMANDA DO SANTO GRAAL)
Sandra Salviato TERRA (Unesp – Araraquara/ Fapesp)
0. Introdução
O presente trabalho tem por objetivo apresentar alguns postulados sócio-cristãos presentes na composição da novela de cavalaria A Demanda do Santo Graal (edição de Irene Freire Nunes, 1995). A Demanda do Santo Graal é uma composição do século XIII (1230 – 1240) e, embora sua autoria não possa ser determinada, acredita-se que ela tenha sido composta por algum membro de ordem eclesiástica. Essa idéia apoia-se na presença de inúmeros elementos textuais que implicam em processos de leitura com diversas apreensões de significado, em sua maioria, regidos pelo pensamento religioso. Pretende-se evidenciar, por meio da análise de um episódio da narrativa, a saber, “A morte da irmã de Persival” (Nunes, 1995:329), a relação ideológica/cristã e o movimento especular que se manifesta por meio de alegorias e símbolos. No caso d’A Demanda, as alegorias apontam para o mundo espiritual, devido ao enfoque da obra nos princípios regidos pela religião e pela interpretação que se faz dos escritos religiosos. Evidentemente, não se ignoram os elementos de origem celta presentes no texto, mas busca-se evidenciar, aqui, os elementos advindos do processo de assimilação do cristianismo.
A Demanda do Santo Graal é um texto de marcas reacionárias em relação ao propósito básico das novelas de cavalaria, uma vez que adota como modelo a existência de cavaleiros/sacerdotes, ou seja, cavaleiros mais preocupados com a vida espiritual e batalhas de valor alegórico do que com o tradicional enfoque nas damas e nas lutas. Dessa forma, o texto d’A Demanda, apropria-se de um modelo interpretativo aplicável, na Idade Média, aos textos sacros, em especial os textos bíblicos. Esse modelo poderia ser resumido da máxima de Rabão Mauro (apud Gurevitch, 1991:104) “ Littera gesta docet, quid credes allegoria, moralis quo agas, quo tendas anagogia”, que poderia ser compreendida da seguinte maneira: O sentido literal informa sobre aquilo que se passou, a alegoria sobre aquilo em que acreditas, a moral indica como agir e a anagogia para onde te encaminhas.
De acordo com a máxima, pode-se realizar a leitura de textos buscando seu sentido literal, ou seja, a leitura pautada no plano das ações dos personagens e pode-se, também, observar outro tipo de leitura – a alegórica. Nesse sentido, o texto torna-se um vasto universo de símbolos e ilustrações que remetem ao universo mítico cristão. Nessa leitura, inserem-se as repreensões morais e as relações anagógicas que implicam na interpretação de um mundo transcendente. Nesse estudo, observa-se como os procedimentos citados apresentam-se, por meio de diversas acepções de leitura do texto, bem como, a atuação desses procedimentos na construção de sentido da obra
1. 1. Perspectiva teórica e análise
O texto d’A Demanda propõe-se como um modelo não só de conduta carnal, mas espiritual. Assim, a leitura, em seu sentido literal, apresenta uma narrativa, uma história a ser desfrutada pelo leitor. A leitura alegórica, permite a interpretação diferente, que segundo Compagnon (1999:56), se dá pela tentativa de compreender a “intenção oculta de um texto pelo deciframento de suas figuras”. Sendo assim, tem-se na obra a alegoria como uma questão de intenção, vinda da parte de uma consciência criativa que assume uma concepção cristã de compreensão do mundo, e a alegoria como uma questão de estilo, matéria de composição da obra enquanto escritura.
Cumpre considerar, ainda, que o pensamento medieval é caracterizado pela alegoria e isso faz com que o mundo seja visualizado como um símbolo, regido e estruturado por Deus, uma vez que o pensamento religioso dominava a sociedade. Dessa forma, as realidades materiais e as realidades imaginárias confundiam-se, sendo passíveis de alegorização. O homem medieval concebia um dualismo de idéias, tais como o Bem e o Mal, que por sua vez relaciona-se ao alto e ao baixo, entre outras relações.
Esse dualismo típico do homem medieval é que fortalecia a concepção alegórica do mundo. Como a própria etimologia da palavra apresenta, a alegoria pauta-se na existência do outro. Benjamim (1961) concebe a alegoria como o discurso através do outro. Assim, sendo a alegoria mais que sua clássica definição de representação concreta de uma idéia abstrata, ela traduz-se como um discurso no qual se utiliza o outro como referência. Kothe (1986:6) afirma que a alegoria é o “cerne da obra de arte e de sua representação”.
A afirmação de Kothe traz uma reflexão acerca do processo artístico. Entretanto, há períodos, como é o caso do período medieval, no qual a alegoria constitui-se, também, como forma estilística, traduzindo-se como uma prioridade para a apresentação da arte. Na literatura e, especificamente, nas novelas de cavalaria, pode-se observar esse uso com bastante propriedade.
É importante observar que a alegoria presente nos textos estudados aqui não é apenas recurso estilístico, mas também um instrumento ideológico.
Assim, pode-se realizar uma leitura baseada no plano das aventuras, da história, e outra (revelada ou não textualmente) no plano das figuras empreendidas nas aventuras.
Segundo Todorov (1980: 64), A Demanda do Santo Graal é uma narrativa em que “ a importância do acontecimento é menor do que a percepção que temos dele, do grau de conhecimento que dele possuímos”. Todorov dá a esse tipo de narrativa o nome de gnoseológica ou epistêmica. Dessa forma, podemos considerar que, n’A Demanda, o desvelar da alegoria torna-se fator fundamental para a percepção do significado da obra. Com isso, não se quer diminuir o interessante enlaçar dos episódios em sua feitura literária, mas sim unir, a esse enlaçar, o componente fundamental da obra, seu significado que extrapola os limites dos acontecimentos.
N’A Demanda do Santo Graal a alegoria apresenta-se como meio de veiculação das ideologias textuais. O tempo e o espaço nas narrativas também transformam-se em alegorias, na medida em que interagem, harmonicamente, com outras alegorias do texto.
Tendo por base essas reflexões acerca da alegoria é que se pode realizar a leitura do episódio d’A Demanda do Santo Graal, escolhido para esse estudo.
O episódio relata a morte da irmã de Persival (Nunes, 1995: 329). É importante ressaltar que A Demanda apresenta as personagens femininas de forma bastante estereotipada. São ressaltados os elementos que apontam para a castidade e a pureza, sendo que os atributos físicos, dentre vários outros elementos, são considerados armadilhas do Mal. A irmã de Persival é um exemplo moral, primeiramente direcionado às mulheres e, em Segunda instância, na forma de alegoria, direcionado aos cristãos. Essa personagem é uma jovem pura e casta, irmã de Persival, um dos melhores e mais puros cavaleiros da narrativa. Durante um bom trecho do texto, a irmã de Persival acompanha os três protagonistas da narrativa (Boorz, Galaaz e Persival) em suas incursões até que eles chegam a um castelo e são aprisionados.
A dona do castelo onde são aprisionados os jovens era leprosa e o costume do lugar consistia no fato de que todas as jovens virgens que por ali passassem deveriam encher uma escudela de sangue, para que a dona do castelo nele se banhasse, na tentativa de curar-se; se isso não fosse feito, os cavaleiros seriam mortos. Por ser muito jovem e delicada, a irmã de Persival não resistiria à sangria, então os jovens cavaleiros decidiram lutar por ela, mesmo que isso pudesse implicar no fim da busca ao Graal. No entanto, a donzela decidiu realizar o sacrifício, de modo que os cavaleiros pudessem seguir seu caminho em busca do Graal. Assim, a jovem sacrifica-se em favor da dona do castelo e de seus amigos. Assim diz o texto d’A Demanda (1995:329):
Dês i ferirom-na no braço destro de ũũ ferro qual convém a aquel mester e o sangue começou a sair e ela se sinou e comendou-se a Nosso Senhor. E depois disse aa dona:
- Eu som morta por guarecerdes vós. Por Deus rogade por minha alma.
E depois que a escudela foi chea de sangue esmoreceu ela e os III cavaleiros forom-lhe ao braço e estancarom-lhe o sangue e çarraron-lhe a ferida. E depois jouve gram peça esmorecida e acordou e disse:
- Irmão Persival, eu moiro por saúde desta dona. (Nunes, 1995:329)
Vê-se que o auto-sacrifício aproxima a donzela da figura de Cristo. O sangue, símbolo da redenção cristã, é altamente explorado nesse episódio. A aproximação com o sacrifício de Cristo estende-se até a frase que evoca o perdão divino e exalta a piedade em relação aos opressores (retomando Cristo que, em sua morte, segundo os evangelhos, perdoou seus inimigos e opressores). O sacrifício da irmã de Persival e o derramamento de seu sangue curam a mulher leprosa e também permite que os três cavaleiros, presos no castelo, prossigam suas “aventuras” em busca do santo Graal. A aparente fragilidade da jovem em relação aos fortes cavaleiros também remete a Cristo, que como um cordeiro sacrificial admite em si o sacrifício em favor de outros.
Da mesma sorte, a concepção teológica cristã admite que o sacrifício de Cristo é a chave que permite o acesso a Deus, que redime o homem, e o faz livre para a busca divina, como consta no livro bíblico de João “ Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que Nele crê não pereça mas tenha a vida eterna” (João, cap.3, v.16). Da mesma forma, o sacrifício de Cristo serviu aos maus (alegoria da dona do castelo) e aos bons (alegoria dos cavaleiros)
Isso é reforçado pela simbologia existente na seqüência do texto, quando uma grande tempestade derruba os muros do castelo, aparentemente indestrutíveis (Nunes, 1995:330); tão fortes eram esses muros que os melhores cavaleiros não o puderam transpor. Vê-se, aqui, a água como símbolo de transformação. A quebra do muro indica a liberdade e o fim da prisão de tantos outros que poderiam por ali passar - tudo isso, motivado pelo sacrifício da donzela que representa o sacrifício de Cristo.
A irmã de Persival, durante vários episódios, tinha acompanhado os três cavaleiros, mostrando a mesma dignidade e honra que estes, bem como fé e vida compatíveis às deles (fato demonstrado pela presença dela, em episódios anteriores, na barca do rei Salomão, barca, esta, preparada por esse rei de Israel há séculos para o dia em que seria usada por Galaaz; a barca, que era sustentada pela fé (Nunes, 1995:318) e pela providência divina, conduziu pelos mares os heróis até Corberic, o castelo do Graal).
É importante notar que a figura da irmã de Persival é sublime, santa e, portanto, digna de admiração e respeito pelos três cavaleiros que fazem grande lamento pela morte dela. O fato dela figurar entre os dois castos e fiéis cavaleiros d’A Demanda, Galaaz e Persival, só pode ser visto como uma exaltação a essa personagem e, de certa forma, uma homenagem a um procedimento cristão efetivado por uma mulher. Note-se que essa personagem não era uma mulher comum, mas possuidora de uma aura de santidade que a eleva à condição de exemplo a ser seguido, em um texto no qual evidencia-se olhares apreensivos em relação ao feminino.
É interessante notar que, embora ativamente participante de boa parte das aventuras de Galaaz, Percival e Boorz, a irmã de Persival não possui um nome próprio (nomeação que individualiza e traz à existência as coisas), o que a torna uma personagem cuja existência é anulada em benefício de suas ações; ou seja, não importa seu nome ou quem ela seja ( só temos a referência “irmã de Persival” - logo, o referente é Persival); importam somente suas ações, e estas sim são dignas de serem lembradas e alegorizadas.
Pode-se concluir, nessa breve análise, que a narrativa d’A Demanda do Santo Graal procura estabelecer, pelo uso da alegoria e das representações de âmbito moral e religioso um movimento especular, por meio do qual o leitor pode, durante sua leitura, visualizar o universo cristão e as interpretações clericais dos escritos bíblicos, de modo que se veicule um processo ideológico proveniente do direcionamento didático de alegorias e figuras. Esse direcionamento instaura-se por todo o texto gerando ligações entre o tema geral da narrativa, que é a busca do Graal (alegoria do Espírito Santo, da comunhão com Deus), e os episódios internos, conferindo o desencadeamento necessário para a criação de uma unidade discursiva.
RESUMO: O presente trabalho busca realizar um estudo dos elementos ideológicos e alegóricos d’A Demanda do Santo Graal (edição de Irene Freire Nunes, 1995), usando para isto, o episódio da morte da irmã de Persival.
PALAVRAS-CHAVE: novela de cavalaria; elementos cristãos; alegoria.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENJAMIM, Walter. Sobre el problema de la filosofia futura y otros ensayos. Trad. Roberto J. Vernengo. Caracas: Monte Avila Editores, 1961.
CHEVALIER, Jean. e GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. 9.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1995.
GUREVITCH, Aron I. As categorias da Cultura Medieval. Trad. J. G. Monteiro. Lisboa: Caminho, 1991 (Coleção Universitária).
KOTHE, Flávio R. A alegoria. São Paulo: Ática, 1986. (Série Princípios)
NUNES, Irene F. A Demanda do Santo Graal. Lisboa: Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1995.
TODOROV, Tzvetan. A Demanda da Narrativa. In: _____. As Estruturas narrativas. São Paulo: Perspectiva, 1970. p.167-190.
THOMPSON, Frank, C. Bíblia de referência Thompson. Trad. João F. Almeida. São Paulo: Vida, 2000.
As novelas de Cavalaria são narrativas literárias muito interessantes, pois ,percebe-se que os heróis, sempre acompanhados de seus cavaleiros, não tem a força física exagerada dos heróis da antiguidade. Assim começamos a perceber uma aproximação com o homem do nosso tempo, que ainda luta por seus sonhos e ideais. O mesmo homem que ao se apaixonar, como nas novelas de cavalaria ,não contenta só em ver a amada, mas querem também possuí-la.
ResponderExcluirOutra questão interessante e até atual, é que entre as abordagens eróticas, percebemos também referências de relacionamento homossexual, percebida entre o Rei Artur e Lancelote, de uma maneira sutil mas evidente que mostra um homem medieval bem próximo de nós.
Embora muito preso aos princípios impostos por uma igreja dominadora, detentora do poder, esse homem medieval, mesmo dominado pelo medo , pelo respeito e temor a Deus, consegue fazer uma literatura rompendo alguns paradigmas da época.
Uma outra questão, que me chamou a atenção foi a respeito do Santo Graal, pois percebemos a questão religiosa de uma maneira muito forte, uma vez que o homem só seria completo se estivesse no centro da vontade de Deus. Sendo assim na passagem em que o Rei Artur, enterra a sua espada na terra, ele entra em uma profunda depressão, pois percebe o vazio da alma causado pelo afastamento dos propósitos de Deus. Porém, assim que o rei Artur bebe o sangue de Cristo derramado na cruz recolhido no Santo Graal, tem a força e alegria restauradas para cumprir sua missão na terra.
Analisando essa questão religiosa, pude perceber que nos dias de hoje muitas pessoas ainda estão apegadas a certos costumes e tradições ,chegando até mesmo a anular os seus desejos e sentimentos para fazer não a própria vontade, mas a vontade de Deus, encontrando assim o refrigério para a alma e a verdadeira alegria na terra.
Prosa Medieval - Novelas de Cavalaria
ResponderExcluirObras que retratam os grandes feitos heroicos tendo o amor como pano de fundo. Um amor "construído" pecaminosamente, a consumação de um amor adúltero, isto é, um pecado que traz consigo severas punições aos seus praticantes. É perceptível também a presença do homossexualismo dentro dessas obras.
Essas novelas fazem partes de ciclos, como por exemplo, o Grego- romano ou Clássico, Ciclo Carolíngio ou Francês, o Ciclo Arturiano ou Bretão.
Importa também, ressaltar que essas produções literárias medievais são expressas pela simplicidade , ingenuidade e passividade masculina.
Poliana Sandra - 4°período - UNIMONTES
Esse texto, juntamente com as interpretações dos filmes (Novelas de Cavalarias) em sala de aula foram de fundamental importância para mim. Principalmente porque pude definir e esclarecer o que realmente são as novelas de cavalarias, suas carcterísticas e função.Métodos diferentes, lúdicos, de explicar a matéria facilitaram bastante o entendimento, tanto com o filme quanto o próprio blog.
ResponderExcluirAprendi não só a ler o texto, mas as suas entrelinhas, expandir as minhas ideias e não ficar estagnada em apenas uma visão, sem é claro, ultrapssar os limites que o próprio texto permite.
Gostei muitos dos textos professora. Foram de grande ajuda!
O estudo feito sobre novelas de cavalaria foi de grande importância para a ampliação dos meus conhecimentos,uma vez que compreendi essas narrativas literárias construídas em capítulos, que contam grandes feitos de um herói"acompanhado de seus cavalheiros".
ResponderExcluirHistórias de amor,traição e heróis.Os heróis são sempre jovens,belos e elegantes e suas amadas são sempre as mais belas do reino.
percebe-se nos filmes que estudamos a presença da lealdade,do amor,da trição,do religioso,do questionamento sobre riso,da maldição,dentre outros fatores de grande importância nas novelas de cavalaria.
Esses estudos nos permite compreender a Literatura Medieval Portuguesa que expressa a simplicidade,a ingenuidade e a passividade do homen medieval.
Fabrícia Rodrigues de Souza
O material exposto acima pela professora foi de grande ajuda pois pude compreender melhor o que são novelas de cavalaria,inquisição, o poder da igreja naquela época...
ResponderExcluirPodemos ver que o amor está bem visível nas novelas de cavalaria.O homem não se contentava em apenas vê-la mas, queria possuí-la.Vemos o poder da igreja, que pregava em tudo:Assim é a vontade de Deus,Deus quis assim,Que seja feita a vontade Dele...
E vemos também a questão do homossexualismo nos personagens Arthur e Lancelot(filme O Rei Arthur) de forma mais sutil.
O texto exposto sobre as novelas de cavalaria,bem como o que foi discutido em sala de aula,proporcionou um entendimento maior sobre tal assunto.
ResponderExcluirPodemos conhecer os heróis e seus cavaleiros, assim como o amor cortês e suas proibições diante da sociedade. Foi possível,através dos filmes,observar a importância da igreja católica,do seu poder e dos seus objetivos em manter Deus sempre como centro de tudo.
Notamos também a forte presença do homossexualismo como no caso do rei Arthur e Lancelot. Além de vermos, também nos filmes, os costumes da época, o papel da mulher medieval e o cristianismo impregnado e sua relação com o medo do pecado e da não salvação.
Conhecemos a história do Santo Graal, da representação do cálice e da valorização da religiosidade, em que o mundo espiritual era tido como o objetivo maior de todos. Assim,o cálice traz a significação da paz,da capacidade que ele tem e carrega consigo de devolver o bem maior a todos do reino.
Portanto, conhecer as novelas de cavalaria ampliou o nosso conhecimento sobre a idade medieval, suas características e de como se portava o homem de tal tempo. Ressaltando que os métodos utilizados:os filmes e os textos postados no blog,foram de grande ajuda para facilitar nossa compreensão sobre o assunto.
Camila Polyane 4° período-Letras Português
Gostaria de destacar aqui, a importância das interpretações acerca das novelas de cavalaria, fiquei extremamente satisfeito com a metodologia aplicada, com os resultados obtidos através das aulas dadas e dessa publicação sobre o tema. Foi de grande proveito tudo o que foi aplicado. Pude aprofundar um pouco sobre as novelas de cavalaria, suas características e um pouco mais sobre o contexto histórico no qual elas se envolvem.
ResponderExcluirO sistema feudal começou a entrar em declínio e foi nessa época que começou a surgir a prosa. As que tiveram maior repercussão foram as Novelas de Cavalaria, que contavam os grandes feitos de um herói entrelaçados a envolventes histórias de amor.
ResponderExcluirNas novelas de cavalaria, diferentemente das cantigas, o herói é correspondido pela amada, que é comprometida. Esse amor concretizado no plano físico recebe o nome de amor cortês, o casal não tem final feliz e é punido pelo pecado cometido.
Partindo de quem é o herói principal da novela, ela faz parte de uma das seguintes fases: clássica, carolíngia e bretã.
As novelas que mais se destacaram são: “A demanda do Santo Graal” e “Amadis de Gaula”.
Tais textos juntamente com as interpretações feitas em sala de aula sobre os filmes expostos me permitiram vislumbrar horizontes antes confusos, uma vez que por mais que já tenhamos estudado as novelas de cavalaria anteriormente, estes estudos se mostraram insuficientes para compreender tamanha complexidade que envolve esta época. É possível retratar essa complexidade no filme “O Feitiço de Áquila”, em que o foco principal da narrativa se mantém na impossibilidade do casal se encontrar e o sofrimento que isto representa.
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ResponderExcluirA época do Trovadorismo se caracteriza pelo aparecimento das Novelas de Cavalaria,cujo caráter é tipicamente medieval. O novo rumo em que tomou as cantigas contribuiu para o surgimento das novelas de cavalaria, momento em que as cantigas deixaram de ser expressas por meio de versos para ser em prosa, e deixaram de ser cantadas para serem lidas. Diante disso, convencionou-se dividir a matéria cavaleiresca em três ciclos: Ciclo Bretão ou Arturiano, Ciclo Carolíngio e Ciclo Clássico. As novelas que mais se destacaram foram: "A demanda do Santo Graal" e "Amadis de Gaula".
ResponderExcluirNesse contexto, as Novelas de Cavalaria são de origem medieval,e constituem uma das manifestações literárias de ficção em prosa mais ricas da literatura peninsular.
Fazendo uma analogia entre as cantigas trovadorescas e as Novelas de Cavalaria, nota-se que naquelas o amor do herói(que é o principal represente das novelas)é um amor correspondido, que se concretiza no plano físico, diferentemente das cantigas.
Diante das discussões realizadas em sala de aula, dos conteúdos expostos e dos filmes analisados,clarificou a nossa visão limítrofe das novelas de cavalaria, reportando-nos,assim, a interpretações mais abrangentes e a uma compreensão mais vasta acerca desse assunto.
Através do texto e das abordagens em classe pude compreeder que as novelas de cavalaria apresentam um herói mais próximo da nossa realidade, que não possui aquela força absurda dos heróis da antiguidade.
ResponderExcluirAtrvés dos filmes estudados, pude notar a presença do amor, da leldade e, também, do poder da Igreja Católica, especialmente, no filme analisado pela minha equipe.
Dessa forma, esse conteúdo, trabalhado aqui no blog, na sala de aula através de filmes e discussões, ampliou ainda mais o nosso repertório cognitivo acerca do mesmo, pois , as diferentes metodologias utilizadas supriram as lacunas que, eventualmente, apareceram em uma determinada forma de abordagem.
As novelas de cavalaria constituem uma das manifestações literárias de ficção em prosa mais ricas da literatura peninsular.De carácter místico e simbólico, relatam aventuras penetradas de espiritualidade cristã e subordinam-se a um ideal místico, que sublima o amor profano.
ResponderExcluirSobre as narrativas literárias, chamadas de "Novelas de Cavalaria" vale ressaltar que estas tratavam de feitos heroícos de cavaleiros medievais, tais narrativas são permeadas de histórias de amor, porém este não é platônico nem melancólico.A religiosidade era fator marcante nessa época.Vale destacar também "A Demanda do santo Graal" e a "Amadis de Gaula" que foram as novelas de cavalaria de maior importância.Todo o conteúdo absorvido sobre essa matéria se deu de forma diferente, pois as novelas de cavalaria foram muito bem ilustradas nos filmes abordados em sala e explicados pelas equipes.O que nos possibilitou uma melhor compeensão acerca desse assunto.
ResponderExcluirNOVELAS DE CAVALARIA: narrativas literárias em capítulos que contam os grandes feitos de um herói (acompanhado de seus cavaleiros), entremeados de célebres histórias de amor. Tais histórias de amor não são melancólicas e platônicas como o que aparece nas cantigas: o herói cultua a amada, mas não se contenta apenas em vê-la; ele quer é ser correspondido pela amada.
ResponderExcluirAs narrativas das Novelas de Cavalarias são muito interessante e prende a atenção do leitor, pois as narrativas são permeadas de grandes feitos heróicos em nome do amor e da lealdade. Também é possível percebermos a marcante presença do pensamento religioso. Na narrativa da Demanda do Santo Graal é possível notarmos os propósitos básicos das Novelas de Cavalarias, pois temos nas narrativas características como existência de cavaleiros e sacerdotes. Relevante destacar que os cavaleiros se preocupam muito com a vida espiritual e batalhas, dessa forma, a Demanda do Santo Graal se torna um vasto universo de símbolos e ilustrações remetendo ao universo místico cristão. Por fim, é importante ressaltar a intertextualidade com os textos bíblicos, sendo que, o texto do Santo Graal nos permite uma análise da conduta carnal e também espiritual.
ResponderExcluirChristian-Les Vieira 4ºp. Letras UNIMONTES
As novelas de cavalaria nos revelam uma literatura pautada nas ações dos personagens que são reis, cavaleiros (titulados como heróis) e donzelas. Observa-se nos textos o cosmo mítico. Os símbolos não são apenas imagens, são forma estilística, tornando-se um meio ideológico.
ResponderExcluirNas novelas de cavalaria o pensamento medieval está centrado no teocentrismo, na vida espiritual e o catolicismo cuida para que este ideal seja disseminado.
O ciclo de novelas mais famosas é o ciclo arturiano ou bretão. O herói das histórias é o rei Artur e seus cavaleiros que constituíam a távola redonda. As histórias do rei Artur são carregadas de misticismo. Os símbolos que estão presentes nas histórias são a espada Excalibur, uma espada de grande poder; e a busca pelo Santo Graal, cálice que contém o sangue de Jesus Cristo, recolhido no momento da crucificação. Há outros temas que envolvem esta narração, como o amor e as guerras. O amor não é concebido como um amor platônico, mas como amor carnal; desejo de possuir o outro que não lhe pertence. As guerras tinham o objetivo de adquirir territórios e conquistar poder.
Portanto, as histórias medievais contadas pelas novelas de cavalaria viraram “lendas”, chegando aos dias atuais com êxito.
"Tudo vale a pena se a alma não é pequena" disse...
ResponderExcluirOs romances ou novelas de cavalaria são de origem medieval, e constituem uma das manifestações literárias de ficção em prosa mais ricas da literatura peninsular.Elas tratavam de feitos heroícos de cavaleiros medievais, tais narrativas são permeadas de histórias de amor, porém este não é platônico nem melancólico. Ainda vale ressaltar o pensamento medieval estava centrado no teocentrismo, ou seja, na vida espiritual e o catolicismo era disseminado trazendo contigo toda ideogia dominação entre os povos . Podemos utilizar como exemplo : Excalibur (sinopse):
O mago Merlin (Nicol Williamson) dá ao rei Uther Pendragon (Gabriel Byrne) a mística Excalibur, a espada do poder. Durante uma emboscada Uther é ferido mortalmente e, pouco antes de morrer, enterra a espada em uma pedra. Fica então decidido que o cavaleiro que puder retirá-la da pedra será o novo rei, mas ninguém consegue. Anos depois o país estava divido em guerra entre os senhores feudais e Arthur (Nigel Terry), um jovem escudeiro, retira facilmente a espada da pedra. Alguns nobres juram fidelidade ao novo rei e Merlin relata que Arthur é um filho bastardo de Uther, mas alguns nobres não aceitam sua autoridade. No entanto o tempo faz todos se curvarem ao sábio rei, mas o tempo vai mostrar que o fator de desagregação do reino está na atração que Lancelot (Nicholas Clay), o campeão do rei, sente por Guinevere (Cherie Lunghi), a rainha. E, somando-se a isto, Morgana (Helen Mirren), a meia-irmã de Arthur, decide que Mordred (Robert Addie), o filho que ela teve com Arthur, deve ocupar o trono.
http://www.interfilmes.com/filme_13305_Excalibur-(Excalibur).html
Os textos expostos juntamente com as discursões em sala de aula, foi de fundamental importância para o nosso conhecimento acerca das novelas de cavalaria. Nessas histórias fictícias exitem um heroi que luta pelo reino.Percebe-se nessas novelas a presença do amor, da lealdade e do grande poder que a igreja católica exercia.
ResponderExcluirA literatura medieval portuguesa além de retratar um homem simples, singelo e ingênuo tomado pelo medo do pecado e submisso a Deus. Vem mostrar o rompimento desse domínio presentes na literatura, como exemplo as novelas de cavalaria que narram às aventuras de um herói e seus cavaleiros e os seus romances. Diferentes das cantigas, o herói cultua a amada, procura a qualquer custo ser correspondido mesmo que ela seja comprometida ou religiosa (casada com Cristo), os obstáculos são visto como incentivos. Por ser um amor adúltero o casal é severamente punido. Os heróis da Antiguidade são sempre jovens, belos e elegantes; sua amada é a mais bela de todo o reino. As novelas seguem um ciclo de acordo com o herói. O ciclo grego-romano narra sobre os heróis da Antiguidade; o ciclo Carolíngeo conta as historias de Carlos Magno; o ciclo Arturiano é considerado o mais importante das novelas de cavalaria descreve os feitos do Rei Artur e seus companheiros. A Demanda do Santo Graal é uma novela de cavalaria marcante desse ciclo, trata da busca do cálice sagrado pelo Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda.
ResponderExcluirA prosa medieval é composta de narrativas de quatro tipos:
ResponderExcluir-Crônicas: Narrativa de fatos históricos de importantes em ordem cronológica.
-Hagiografias: Narrativas sobre a vida dos santos (biografia)
-Nobiliários: Relatório sobre a vida de um nobre.
-Novelas de cavalaria: Narrativas em capítulos que cantam os grandes jeitos de um herói.
As novelas de cavalaria contam os feitos de um herói,entremeados de histórias de amor.O herói cultua sua amada que,por sua vez,é casada.Ao invés de tomar este amor impotente,como nas cantigas,o herói vivencia este amor físico e adúltero.
A Demanda do Santo Graal:
A novela de cavalaria cujo título "A Demanda do Santo Graal" é a tradução das novelas francesas que tinham como tema as aventuras do Rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda. A Demanda do Santo Graal gira em torno da busca que três cavaleiros fazem pelo vaso em que foi colocado o sangue de Cristo. Essa novela enfoca a vida espiritual, direcionada ao universo Mítico cristão.
Acerca das novelas de cavalaria, dadas na época do medievo aprendemos com as discussões em aula, trabalhos expositivos, filmes, e os textos do próprio blogue a traçar as características mais relevantes das personagens principais destas novelas, que são logicamente, os cavaleiros em suas desventuras, sempre em busca de ideais nobres. A nobreza de tais ideais eram entendidos por um respeito e temor quase patológicos por Deus (aqui, vê-se o inquisitivo poder da igreja católica como instrumento de controle mental sob os homens) e uma exaltação e cristalização da figura feminina na nobreza.
ResponderExcluirAs novelas de cavalarias são narrativas literárias que versam a respeito do heroísmo, do amor como forma de pecado, ou seja, o adultério é presente nesse tipo de narrativa. Vale ressaltar também, que a questão da religião e da disputa também é muito marcante.
ResponderExcluirOlá, amiga. Meu nome é Adriano Izhar sou jornalista.Adorei sau blog, informativo e crítico.
ResponderExcluirGosto tanto dos mitos arturianos que fiz minha versão da saga do rei Arthur neste blog: http://umahistoriadoreiarthur.blogspot.com/ Você pode dar uma olhada e me dizer o que achou?
Abraço.
não entendo nada disso!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluiresse dite nao tem nada que me interressead se idiota em se editota imbghhhhhhhhh
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