segunda-feira, 13 de maio de 2013

Estudo do filme "Macunaíma"

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS – C.C.H.
CURSO: Letras/Português – 6º período
DISCIPLINA: Literatura Brasileira: do Simbolismo à semana da Arte Moderna.
PROFESSORAS: Dra. Maria Generosa Souto/ Damáris de Souza Ramos (estagiária)
DATA: 13/05/2013

Atividade do filme: Macunaíma (1969), baseado no livro homônimo de Mário de Andrade.
Ficha técnica:
Título original: Macunaíma
Gênero: Comédia
Duração: 1h 48min
Ano de lançamento: 1969
Direção: Joaquim Pedro de Andrade
Elenco: Grande Otelo, Paulo José, Milton Gonçalves, Jardel Filho, Hugo Carvana, Dina Sfat.

Para refletir e RESPONDER neste BLOG:

1) Aponte as diferenças fundamentais entre o livro e o filme Macunaíma o herói sem nenhum caráter: em relação a livre adaptação do texto e o contexto histórico.
2) Considerado uma rapsódia pelo próprio Mário de Andrade, o texto caracteriza-se pelo acolhimento e assimilação de elementos variados de nossa cultura, como as crendices, os provérbios e o folclore. Por esse caráter multifacetado, pode-se considerar Macunaíma como representação da identidade brasileira ou esse procedimento torna-se inviável?
3) Macunaíma é um “herói sem nenhum caráter”, tal afirmação pode ser justificada porque o herói lança mão de qualquer recurso para obter vantagens, ou porque não encontrou sua própria definição, sua identidade. Discuta.
4) A afirmação dos elementos locais, do Brasil, está presente em Macunaíma, de Mário de Andrade. Comente sobre as características da malandragem e a satírica que o livro apresenta com relação a certos padrões de comportamento que indicam o “caráter” brasileiro.
5) Discuta os elementos do filme e do livro (procedimentos estéticos) que dialogam com a proposta vanguardista.

9 comentários:

  1. É bastante interessante a abordagem que o filme faz do livro "Macunaíma". É do saber de todos que ao lançar um livro como filme é preciso que adaptações sejam feitas, o que faz com que existam certas diferenças entre o filme e o livro. No filme de Macunaíma não foi diferente, mas é ainda mais interessante, pois, o diretor busca a história do filme e o enquadra na época da ditadura dando a história um sentido diferente. Isso é ótimo, porque assim não substitui a leitura do livro, e , assim, é necessário, para que se perceba tal aspecto, que uma leitura prévia do livro tenha sido feita.

    É um ótimo filme para se discutir em sala de aula com os alunos, pois, além de abordar a literatura (Macunaíma) também aborda a história e abra portas para que se possa discutir outros horizontes.

    Abraço!

    ResponderExcluir
  2. 1. Partindo do pressuposto de que o filme é uma livre interpretação da obra prima Macunaíma, de Mário de Andrade se torna pertinente salientar que ambos embora tratem do mesmo assunto, possuem aspectos divergentes, dentre eles podemos citar:
    • A maneira como o Muiraquitã é abordado no livro é mais detalhista e trabalhada, enquanto que o filme se restringe apenas na briga com o gigante Piaimã;
    • O filho segundo o roteirista morre com a explosão de uma bomba, já no livro morre prematuramente depois de mamar no bico do peito de uma cobra envenenada;
    • O final, bastante sugestivodo filme se restringe apenas na morte de Macunaíma, dentro do rio enganado por Vei, no livro a morte vem apresentada por todo um contexto, uma paisagem descrita como uma beleza exuberante. Após ser morto por uma vingança de Vei, o mesmo mutilado vai bater na casa de Pai Mutum, que, com dó dele faz uma feitiçaria e transforma-o na constelação da Ursa Maior.
    2. Por esse caráter multifacetado, pode se considerar Macunaíma como representação da identidade brasileira, pois demostra uma tendência do autor para manifestar sua fidelidade ao dado histórico ou a verossimilhança, mas ainda reafirma sua postura de dar a ficção e a história o mesmo tratamento, numa mostra possível convivência, ou da sua necessária coexistência no universo da cultura brasileira.
    3. As questões 3 e 4 se fundiram na tentativa da resolução ,então diante disso, pode-se concluir que ao criar Macunaíma, percebe-se no herói de caráter zombeteiro, polêmico e às vezes pornográfico, há um quê de inocência romântica, pois Macunaíma nunca age levado pela logica calculista, mas pelo ímpeto, pelo instinto e pelo apaixonado arrebatamento. Criado através do mal gosto, do tosco e do mal acabado, Macunaíma resguarda o ingênuo comportamento de menino levado, que não mede consequências para ter um objeto desejado. Esse personagem transita no mundo da instabilidade e da indefinição: mentiroso, enganador, utiliza-se toda a sorte de artimanhas para se safar de situações externas.
    5. As vanguardas também são identificadas no livro, de modo surrealista, o dadaismo por meio de algumas canções do herói quando se sentia sozinho e abandonado, o futurismo quando inventa a história do nascimento dos carros que começou de uma onça e o expressionismo por meio das cores fortes do batom da esposa jiquê, das cores das aráras e a imagem que progeta dos irmãos abeira do poço encantado.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. No filme de Macunaíma foram feitas diversas adaptações em relação ao livro. O diretor faz uma alusão à época da Ditadura dando a história um sentido diferente. Tal analogia é salutar, já que, dessa forma, a leitura do livro não é desprezada.
      Logo, o filme, além de ótimo, é de suma importância, pois, através dele, aprimoramos o nosso conhecimento no que tange à literatura brasileira.

      Excluir
  4. 1-O filme Macunaíma sofreu adaptações em seu contexto, inclusive no histórico, principalmente no que diz respeito ao militarismo. A obra não aponta esses aspectos porque ela é de 1928 e o período militar ocorreu em 1964.
    2-Sim, há fortes traços que fazem parte da identidade do povo brasileiro, como as crendices, o candomblé, uma vez que em nosso país existem adeptos dessa cultura.
    3-Porque ele por si é astuto; é um gênio nas artimanhas, e sendo tão engenhoso lança mão de qualquer artifício para se dar bem e obter vantagem em tudo o que faz.
    4-O caráter do brasileiro está presente nas artimanhas, em conseguir as coisa por meio do ajeite, em querer tudo de maneira fácil, nos desejos sexuais.
    5-Há elementos vanguardistas que podem ser evidenciados tanto no filme como na obra. A exemplo disso, no filme temos o inusitado parto de Macunaíma que é surreal, e o Futurismo quando o herói volta da cidade e leva os equipamentos eletrônicos para um lugar sem ao menos energia elétrica.

    ResponderExcluir
  5. Ao lermos o livro “Macunaíma” e assistirmos ao filme referente ao mesmo livro, podemos perceber algumas diferenças. Dentre elas estão não mostrar os detalhes presentes no livro e alguns fatos presentes na obra no filme. No livro, Mário de Andrade critica profundamente a sociedade, sendo assim, “Macunaíma” pode ser considerado a representação de nossa identidade através da cultura, paisagens, dentre outras. Quanto ao personagem Macunaíma pode ser considerado um anti herói fugindo aos padrões considerados corretos. O personagem sempre quer levar vantagens sem medir as conseqüências. Com o personagem principal e o enredo do livro põe em evidências algumas características do povo brasileiro, mas em minhas concepções, o autor abordou tais características para mostrar as coisas negativas do povo brasileiro.
    Podemos perceber que as obras (livro e filme) apresentam propostas vannguardistas, como futurismo (criação das historias dos carros), dadaísmo (canções criadas pelo “herói).

    ResponderExcluir
  6. "Não vim no mundo para ser pedra". (Macunaíma, p. 208)
    O livro Macunaíma faz parte da primeira fase modernista – a fase heroica. A influência das vanguardas europeias é visível em várias técnicas inovadoras de linguagem que a obra apresenta. Por isso, Macunaíma pode oferecer algumas dificuldades ao leitor desavisado.
    acunaíma é, portanto, uma tentativa de construção do retrato do povo brasileiro. Essa tentativa não era nova. O autor romântico José de Alencar, por exemplo, tivera a mesma intenção ao criar, no romance O Guarani, o personagem Peri, índio de aspirações nobres, que se assemelhava, em relação a sua conduta ética, a um cavaleiro medieval lusitano. Não é exagero dizer, se compararmos Peri a Macunaíma, que esse é o oposto daquele. Enquanto o primeiro é valente, extremamente perseverante e encontram suas motivações nos valores da ética e da moral, Macunaíma, além de indolente, conduz a maioria de seus atos movida pelo prazer terreno, mundano. É “o herói sem nenhum caráter”.
    Macunaíma é uma obra genial, Mário de Andrade criou um personagem sui generis, único na sua espécie, impossível existir alguém como ele na vida real. O escritor construiu uma narrativa do gênero fantástico, surrealista, com elementos absurdos, sobrenaturais, resgatou lendas e superstições, e inventou muitas, tudo isso permeado com muito humor.

    Lara Santos. ;)

    ResponderExcluir
  7. Macunaíma cantava assim (p. 88):

    “Quando eu morrer não me chores,
    Deixo a vida sem sodade;
    - Mandu sarará,
    Tive por pai o desterro,
    Por mãe a infelicidade,
    - Mandu sarará,
    Papai chegou e me disse:
    Não hás de ter um amor!
    - Mandu sarará,
    Mamãe veio e me botou
    Um colar feito de dor,
    - Mandu sarará,
    Que o tatu prepare a cova
    Dos seus dentes desdentados
    - Mandu sarará,
    Para o mais desinfeliz
    De todos os desgraçados,
    - Mandu sarará…”

    ResponderExcluir

Alunos e Seguidores, postem, apenas, comentários relativos aos temas trabalhados: Literatura !
Agradecida,
Profa. Generosa Souto